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JBS já cogitou deixar Inalca, diz Batista

São Paulo - A JBS, empresa brasileira de carnes marcada pelas várias aquisições que realizou no exterior, enfrenta um problema sui generis com os sócios da italiana Inalca que parece estar distante de uma solução, afirmou o presidente da companhia, Joesley Mendonça Batista, que inutilmente até tentou obter o seu dinheiro de volta no negócio […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h41.

São Paulo - A JBS, empresa brasileira de carnes marcada pelas várias aquisições que realizou no exterior, enfrenta um problema sui generis com os sócios da italiana Inalca que parece estar distante de uma solução, afirmou o presidente da companhia, Joesley Mendonça Batista, que inutilmente até tentou obter o seu dinheiro de volta no negócio realizado ao final de 2007.

Segundo Batista, o grupo Cremonini, que detém os outros 50 por cento da Inalca --a outra metade foi comprada pelo JBS por 600 milhões de euros-- não permite que os brasileiros exerçam o seu direito contratual de indicar o diretor financeiro e de ter acesso às finanças da empresa.

A família Batista, que a partir de um pequeno negócio de carnes no interior do Brasil tornou-se a dona da maior empresa de cortes bovinos do mundo, já entrou na Justiça italiana para ter garantidos os seus direitos e também fez um pedido de arbitragem do assuntos pendentes à Câmara de Comércio Internacional, em Paris.

"Temos interesse em resolver o assunto, já ofereci: 'me devolve o dinheiro e vamos embora'", contou o presidente do JBS a jornalistas, acrescentando que os Cremonini não aceitaram.

"Queremos desfazer essa novela, nunca passamos por isso, é um negócio maluco, você fica sócio do sujeito e ele não deixa você entrar na empresa", afirmou o presidente, que discorreu cerca de 30 minutos sobre o assunto em entrevista para comentar os resultados trimestrais do JBS.

E Batista acrescentou: "desde que entramos lá eles (Cremonini) se acham soberanos, acima de qualquer coisa, e acham que somos um bando de brasileiros idiotas".

O presidente do JBS afirmou que desde os primeiros momentos notou problemas no acordo, entre eles valores na dívida da companhia, de 300 milhões de euros, levada em conta na negociação.

A Inalca também tem um problema de hierarquia. "Em 2009, indicamos o CFO, ele ficou oito meses e não conseguiu fazer absolutamente nada, porque lá já tem um CFO fantasiado de CEO, ele cuida de contabilidade", declarou, lembrando que vários diretores financeiros indicados pelo JBS não tiveram sucesso na obtenção dos dados financeiros e alguns deles até foram demitidos.

"Não deixam fazer auditoria interna, reunião com bancos... Fizeram investimento de 18 milhões de euros comprando terras na África e nunca nos comprovaram até hoje que terreno é esse...", exemplificou.

De acordo com Batista, os italianos argumentam que o JBS está praticando concorrência desleal em mercados cativos da Inalca para evitar que ela atinja objetivos operacionais que poderiam alterar o valor da outra metade da empresa numa eventual operação de compra pelo grupo brasileiro.

Batista negou tal estratégia.

A direção da Inalca informou em seu site no último sábado que entrou com uma reclamação na Justiça italiana contra o JBS alegando difamação e manipulação de preços no mercado.

Em função das dúvidas em torno dos números da Inalca, o JBS decidiu não incorporar no balanço do segundo trimestre os resultados da empresa.

As ações do JBS fecharam com baixa de 5,7 por cento nesta segunda-feira, em meio à forte queda de seu lucro no trimestre, enquanto o Ibovespa encerrou com alta de 0,5 por cento.

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