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Empresas vencem defensores da saúde em luta sobre dieta

A batalha para definir o que os americanos deveriam comer coloca nutricionistas contra grupos que gastam milhões fazendo lobby nos EUA


	Coca-Cola: a Coca, o setor alimentar e grupos de agricultores preocupados com a recomendação de reduzir o consumo de açúcar e carne são 85% das entidades que interviram no assunto
 (Remy Gabalda/AFP)

Coca-Cola: a Coca, o setor alimentar e grupos de agricultores preocupados com a recomendação de reduzir o consumo de açúcar e carne são 85% das entidades que interviram no assunto (Remy Gabalda/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de julho de 2015 às 20h11.

A batalha para definir o que os americanos deveriam comer coloca nutricionistas contra grupos endinheirados que estão gastando quase catorze vezes mais para fazer lobby em Washington.

A Coca Cola Co., o setor alimentar e grupos de agricultores preocupados com a recomendação de reduzir o consumo de açúcar e carne, feita por um painel do governo, equivaleram a 85 por cento das entidades que interviram no assunto de abril até junho, e as organizações ambientalistas e de saúde representaram o restante, mostram registros federais.

As organizações corporativas gastaram US$ 15,3 milhões em lobby para influir sobre as diretrizes e outras questões durante o trimestre, em comparação com US$ 1,1 milhão dos grupos que apoiam as propostas, entre eles a Academia Americana de Pediatria.

O gasto específico não é acompanhado no caso do trabalho sobre as diretrizes, que foram propostas cinco meses atrás por um painel de cientistas.

“As organizações sem fins lucrativos dependem dos dólares dos doadores, e não temos os recursos que outros têm”, disse Kristy Anderson, gerente de relações com o governo da Associação Americana do Coração, em Nova York. “Quando fazemos campanha, tudo se resume à ciência e à nossa reputação”.

Caso sejam adotadas pelo governo Obama, as recomendações aproximariam a política nutricional da meta de reduzir o consumo excessivo, considerado responsável pelo fato de que as taxas de obesidade nos EUA tenham quase triplicado desde a década de 1960 até 2010.

As diretrizes são empregadas para criar os cardápios dos almoços escolares e para o programa Women, Infants and Children, de US$ 6 bilhões por ano, que ajuda mais de oito milhões de americanos a comprar alimentos.

Os departamentos de Saúde e Serviços Humanos e Agricultura planejam publicar suas recomendações, feitas duas vezes por década, por volta do final deste ano.

Açúcar agregado

O Dietary Guidelines Advisory Committee, um painel não partidário de cientistas que está assessorando a agência, propôs explicitamente colocar na mira o “açúcar agregado” do processamento de alimentos pela primeira vez.

O painel recomendou que os adultos americanos não consumam mais de 10 por cento de todas as calorias, frente à atual média de 13 por cento. O consumo de “carne magra”, favorecido nas diretrizes de 2010, justificou apenas uma nota de rodapé em 2015, com o encorajamento a reduzir o consumo de carne em geral.

A American Beverage Association, entre cujos membros estão a Coca Cola, a PepsiCo Inc. e a Dr Pepper Snapple Group Inc., está defendendo o açúcar agregado, dizendo que essas calorias não causam a obesidade mais do quaisquer outras calorias.

O grupo contratou lobistas de três empresas e está empregando seu pessoal para “falar com o congresso e várias burocratas de Washington que intervêm sobre esse conselho a fim de garantir que as recomendações de dietas se baseiem em argumentos científicos sólidos”, disse o porta-voz William Dermody por e-mail.

Carne

A associação também está utilizando as redes sociais para encorajar o envio de e-mails para os legisladores, pedindo para “manter o governo fora dos nossos carrinhos de compras”, disse ele. “A resposta tem sido impressionante”, disse ele, sem fornecer dados específicos.

As recomendações sobre a carne, por sua vez, são contrapostas pelos grupos de criadores de gado.

Os legisladores também tentaram limitar o escopo do trabalho do painel, acrescentando termos aos projetos de lei para a alocação de fundos.

Um projeto de lei do Comitê de Alocação de Verbas do Senado aprovado em 16 de julho contém termos acrescentados pelo presidente do subcomitê, Jerry Moran, republicano do Kansas, segundo os quais as diretrizes podem utilizar apenas “evidência nutricional e científica” para fazer suas recomendações.

No entanto, Tom Brenna, professor de Nutrição e Química da Universidade Cornell em Ithaca, Nova York, e membro do painel assessor, disse que ele continua esperançoso de que o governo não se afaste demais devido ao aumento do interesse da população.

“Acreditamos que estamos gerando um impacto, seja qual for a versão final das diretrizes”, disse Brenna. “Se tivermos que repetir, falaremos isso de novo, de novo e de novo”.

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