EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.
São Paulo - A crise já é passado para a maioria das companhias brasileiras com ações negociadas em Bolsa. Levantamento da Fundação de Desenvolvimento Administrativo (Fundap) aponta recuperação significativa da margem de lucro das empresas. Analistas acreditam que os balanços do primeiro trimestre, que começam a ser divulgados em breve, vão mostrar a superação da crise.
Vinculada à Secretaria de Gestão Pública do governo do Estado de São Paulo, a Fundap avaliou os resultados de 222 empresas de capital aberto: 139 da indústria, 13 do comércio e 70 de serviços. Na média, a margem de lucro das empresas (relação entre lucro líquido e receita líquida) subiu de 5,6% no quarto trimestre de 2008 para 10,8% no último trimestre de 2009.
Entre 2005 e 2007, a margem de lucro média foi de 12%. Segundo Geraldo Biasoto Junior, diretor executivo da Fundap, esse padrão de ganho do período pré-crise está em vias de ser alcançado, e isso pode ter ocorrido já no primeiro trimestre. Um sinal é o bom desempenho da produção industrial e do varejo.
Até o fim de 2009, a recuperação dos ganhos das empresas podia ser atribuída ao desempenho financeiro. No ápice da crise, no quarto trimestre de 2008, o peso da despesa financeira na receita líquida chegou a impressionantes 10,7%. No quarto trimestre de 2009, esse indicador retrocedeu a 2,5%, praticamente igual à média de 2,6% de 2005 a 2007.
"As empresas sofreram um baque financeiro forte com a crise", comenta o professor da Unicamp, Júlio Sérgio Gomes de Almeida. A desvalorização abrupta do real elevou as dívidas em dólar. Além disso, muitas companhias tiveram prejuízos com os derivativos cambiais. O processo foi neutralizado nos últimos meses, porque o real voltou a ganhar valor. Além disso, o governo reduziu a taxa Selic e elevou o volume de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esse pacote contribuiu para reduzir os juros pagos pelas empresas. "As dívidas das companhias mudaram qualitativamente", diz Biasoto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.