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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h45.
São Paulo - O apagão de mão de obra qualificada no Brasil fez as grandes empresas nacionais se mexerem para tentar preencher vagas e evitar, num futuro próximo, um blecaute generalizado. A maior aposta é na formação, por conta própria, de profissionais especializados, por meio de universidades corporativas ou em parceria com instituições de ensino.
Quem não tem tempo para criar esse funcionário está à caça de mão de obra pronta no mercado brasileiro e lá fora - numa movimentação considerada inédita, e que guarda apenas semelhanças com o que se viu na época da abertura econômica. Um estudo divulgado recentemente pelo Instituto de Pesquisa Aplicada (Ipea) estima que quatro setores, entre eles o de construção civil, terão dificuldades para preencher 320 mil vagas destinadas a profissionais com qualificação e experiência em 2010.
Na Vale, a procura principalmente por engenheiros fez a companhia retomar e intensificar programas de recrutamento, que estavam suspensos havia dois anos. "Em alguns casos, temos vagas, precisamos deles, mas não encontramos os profissionais", disse a gerente de atração para seleção de pessoas da mineradora, Hanna Meirelles.
Na semana passada, a Vale anunciou um processo seletivo para contratação de 51 engenheiros. Eles serão treinados para gerir novos projetos. É a primeira vez que a empresa oferece um curso de pós-graduação desse tipo para novos funcionários - o que explica a novidade é a cifra de US$ 13 bilhões reservada a novos projetos nos próximos cinco anos.
Com 7 mil funcionários no Brasil e 574 vagas abertas no mercado, a Accenture, consultoria multinacional em serviços de tecnologia e gestão, já estuda a possibilidade de trazer profissionais de sua unidade espanhola para atuarem no País.
O principal executivo da área de gestão de talentos da companhia, Rodolfo Eschenbach Júnior, começou a separar nos últimos três meses currículos de brasileiros que estão fora do Brasil, dispostos a voltar. "Fomos pegos de surpresa. Não chegamos a sofrer tanto com a crise, mas também ninguém esperava essa aceleração", disse.
A necessidade de profissionais prontos fez o Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Pernambuco, buscar soldadores no Japão. Desde dezembro, a empresa tenta contratar 200 dekasseguis para poder atender a tempo as encomendas da Transpetro e da Petrobras.