EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 8 de dezembro de 2010 às 05h00.
São Paulo - Os setores hoteleiro e de agências de viagens acreditam que a recente onda de violência no Rio de Janeiro não vai prejudicar a procura por hotéis e pacotes de viagem para o Réveillon desse ano, tampouco para o Carnaval de 2011 da cidade.
Segundo a ABIH-RJ (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro), os episódios de violência não afetaram as reservas para a data. O efeito sentido foi o contrário, e a procura está maior a cada dia. A hotelaria carioca aponta 90% de ocupação para o Réveillon - isso representa 5 pontos percentuais acima da pesquisa de outubro. A expectativa da ABIH-RJ é ultrapassar os 95%.
No ano passado, a taxa de ocupação média anual nos hotéis da cidade foi de 68,8% - a maior taxa desde 2000, segundo dados da Riotur, a secretaria de turismo do Rio. A rede hoteleira deve receber 621.000 turistas no Réveillon dispostos a pagar uma diária média de 317,9 reais no mês de dezembro. E 621.000 turistas, por sua vez, pode ser compreendido como uma geração de renda de 449 milhões de dólares. No Carnaval, foram 730.000 turistas e 528 milhões de dólares, segundo a Riotur.
As empresas que abocanham esse mercado dizem em coro que os acontecimentos são muito recentes, e que até agora não foram observados cancelamentos por causa da ocupação do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, há cerca de uma semana e meia. "O mercado internacional fez suas reservas com antecedência e provavelmente não teremos cancelamentos imediatos. Já o turista nacional está começando agora a decidir seu destino, e a situação tende a ser normalizada com a ação enérgica da polícia" , disse o presidente da ABIH-RJ, Alfredo Lopes, em nota.
Na semana do episódio no Complexo do Alemão, houve uma retração momentânea de reservas de 10% a 15% nos hotéis no Rio de Janeiro, segundo o diretor de assuntos internacionais da ABAV (Associação Brasileira de Agências de Viagens), Leonel Rossi Jr. A essa situação já se resolveu e não ocorreram cancelamentos. "Psicologicamente, está até mais positivo por causa da ação da polícia", diz o diretor.
Reservas
Os hotéis e agência de viagens procurados por EXAME.com não registraram mudanças significativas. "O prejuízo maior não é com a segurança pública, mas quando há problemas econômicos e nos aeroportos, como greves. Historicamente a violência não afeta", diz Rossi, da Abav.
A Accor - dona das redes Ibis, Formule 1, Sofitel e Mercure, entre outras - informou que as reservas dos hotéis da sua rede para o Natal e Ano Novo não sofreram alteração. "O Sofitel reforçou ainda mais a segurança em suas dependências e tem contatado hóspedes e grupos de eventos que possuem reservas nesta unidade, informando das medidas adotadas e tranquilizando os clientes que chegam", afirma Alban Dutemple, gerente do Sofitel Rio de Janeiro Copacabana.
Na rede de hotéis Marina, muitos futuros hóspedes telefonaram na última semana para obter informações sobre a situação na cidade. Dos 150 quartos da unidade Marina Palace, cinco reservas foram canceladas. Na outra unidade da rede na cidade, não ocorreu nenhum cancelamento, segundo a empresa. A CVC também informou que não observou em suas reservas nenhum reflexo dos últimos episódios de violência do Rio de Janeiro, apesar de os acontecimentos serem recentes, e não ser possível mensurar em tão pouco tempo.
As ações da polícia no Complexo do Alemão não devem prejudicar o turismo na cidade, especialmente pela ação conjunta dos governos federal e estadual que mostram que existe predisposição dos poderes em defender o cidadão, segundo Francisco Barone, professor da FGV-Rio. "O impacto negativo inicial é muito grande, machuca a cidade, mas o tecido social se recupera", diz o professor.
A Riotur não apenas acredita que a onda de violência não vai afetar o turismo no Réveillon e no Carnaval na cidade, como espera um número de turistas recorde para o verão. "O importante é que o turista saiba que há uma intensa e bem-planejada política de segurança, alcançando resultados positivos para o Rio", diz o presidente da Riotur, Antonio Pedro Figueira de Mello, em nota.