Liquigás: Itaúsa, holding de investimentos do Itaú Unibanco, e o grupo Ultra, estariam avaliando, separadamente, a formação um consórcio para fazer uma oferta pela companhia (Liquigás/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de abril de 2019 às 07h33.
São Paulo — Empresas e investidores financeiros estão se estruturando para fazer propostas para comprar a Liquigás, divisão de gás de cozinha da Petrobras. A distribuidora de botijões de gás faz parte dos ativos que a petroleira pretende vender, por considerá-lo não estratégico.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que a Itaúsa, holding de investimentos do Itaú Unibanco, e o grupo Ultra, estariam avaliando, separadamente, a formação um consórcio para fazer uma oferta pela companhia.
O Itaúsa, que tem em seu portfólio de investimentos a Alpargatas (dona da Havaianas) e é acionista do gasoduto NTS com a gestora canadense Brookfield, tem avaliado nos últimos meses negócios de gás por considerar o setor resiliente e menos suscetível a crises. A holding do Itaú Unibanco estava entre as interessadas no gasoduto da TAG, que foi colocado à venda pela Petrobrás - a francesa Engie levou o negócio por US$ 8,6 bilhões (R$ 33 bilhões).
Fontes a par do assunto afirmaram ao jornal O Estado de S. Paulo que a Itaúsa poderia se unir à Copagaz, quarta maior companhia do setor, para fazer uma proposta conjunta pela Liquigás. A Copagaz participou do primeiro processo de venda da empresa, anunciado em 2016, e está interessada no negócio, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.
O grupo Ultra também avalia, mas ainda de forma preliminar, sua participação na operação em parceria com outros investidores - estratégicos ou financeiros, apurou o jornal O Estado de S. Paulo com duas fontes. Se for levada adiante, a proposta envolveria a formação de um consórcio para que cada participante fique com um pedaço da Liquigás.
Dono da Ultragaz, o grupo Ultra fez uma proposta de R$ 2,8 bilhões pela Liquigás, no fim de 2016, para comprar 100% da companhia. A operação, contudo, foi barrada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O órgão antitruste alegou concentração de mercado. Em pelo menos quatro Estados, a união entre as duas empresas ultrapassa 50% de participação: Bahia (61%), Santa Catarina (51%), São Paulo (57%) e Rio Grande do Sul (57%).
O Ultra ofereceu diversas alternativas - como venda de ativos em Estados com sobreposição de mercado, mas o Cade não aceitou os "remédios" propostos. Nesta nova rodada, ainda discutida de forma embrionária e que depende do edital da venda da operação, o conglomerado ficaria apenas com fatias da Liquigás em regiões nas quais não há forte concentração de mercado com a Ultragaz, empresa de botijão de gás da companhia, que é líder de mercado no País.
Em março, a Petrobrás contratou o Santander para colocar a Liquigás novamente à venda, conforme antecipou o jornal O Estado de S. Paulo.
As empresas Supergasbras, controlada pela holandesa SHV, e a Nacional Gás, do grupo cearense Edson Queiroz, também estão avaliando o negócio. O fundo de private equity (que compra participação em empresas) Advent também interesse na companhia.
Fontes de mercado afirmaram, porém, que uma nova oferta pela Liquigás não deverá ultrapassar os R$ 2,8 bilhões oferecidos pelo Ultra, em 2016. Isso porque, na proposta da Ultragaz, estavam embutidos ganhos com sinergias relativos à união das duas distribuidoras.
Procurados, Itaúsa, Advent, Santander e Copagaz não comentaram. Em nota, o grupo Ultra informou que "não emitirá comentários". "Como companhia aberta, a Ultrapar comunica ao mercado a existência de eventuais fatos relevantes exclusivamente pelas vias formais, se e quando necessário", disse. A Petrobrás, a Nacional Gás e a Supergasbras não retornaram os pedidos de entrevista.