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Empresas britânicas pagam espiões para obter dados, diz jornal

Em artigo exclusivo, o jornal "The Guardian" detalha os trabalhos de espionagem feitos por encomenda de cinco grandes empresas do país

British Airways: entre as empresas também aparecem a montadora Porsche, a manufatureira Caterpillar e a energética RWE npower (Adrian Dennis/AFP)

British Airways: entre as empresas também aparecem a montadora Porsche, a manufatureira Caterpillar e a energética RWE npower (Adrian Dennis/AFP)

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EFE

Publicado em 12 de dezembro de 2017 às 14h30.

Londres - Grandes empresas do Reino Unido como a companhia aérea British Airways (BA) e o banco Royal Bank of Scotland (RBS) pagaram espiões corporativos para que obtivessem dados confidenciais de grupos de ativistas contra os quais mantinham algum tipo de litígio, revelou nesta terça-feira o jornal "The Guardian".

Em artigo exclusivo, o jornal britânico detalha os trabalhos de espionagem feitos por encomenda de cinco grandes empresas deste país, entre as quais também aparece a montadora Porsche, a manufatureira Caterpillar e a energética RWE npower.

Todas elas supostamente contrataram espiões para solicitar informação secreta de grupos políticos ou ativistas contrários aos seus interesses.

A contratação por parte de empresas de serviços de companhias de segurança corporativa para espionar ativistas políticos é uma prática bastante estendida, segundo centenas de documentos vazados aos quais o jornal teve acesso.

A polícia britânica já manifestou anteriormente sua "enorme preocupação" perante o fato de que as tarefas desempenhadas por essas empresas secretas de espionagem estejam apenas reguladas e não se ajustem a nenhum tipo de controle.

As revelações do "The Guardian" se apoiam nos documentos confidenciais extraídos de duas firmas corporativas de serviços de inteligência.

Uma dessas empresas, a C2i International, empregou dois espiões para obter avisos antecipados sobre futuras manifestações que estavam sendo organizadas em protesto contra empresas com o fim de ceder os dados obtidos às companhias afetadas.

Essas pessoas infiltradas fingiram ser ativistas ligados às causas promovidas pelos grupos nos quais se introduziam e inclusive chegaram a ajudar a organizar manifestações, das quais também participavam.

Ambos solicitaram documentos internos secretos, entre os quais figuram e-mails ou atas de reuniões.

A Caterpillar, uma das maiores empresas manufatureiras do mundo, contratou os serviços da C2i International, para que obtivesse informação confidencial sobre a família de uma ativista que morreu durante uma manifestação, que estava adotando medidas legais contra a empresa.

Rachel Corrie, de 23 anos, foi esmagada em 2003 por um rolo compressor militar israelense quando participava em uma manifestação contra a demolição de lares palestinos.

Segundo o "Guardian", a família da ativista entrou com uma ação contra a Caterpillar, alegando que a empresa era cúmplice de crimes de guerra ao exportar rolos compressores aos israelenses, sabendo que estes podiam ser empregados para demolir lares palestinos.

Em 2007, juízes de um tribunal americano rejeitaram o caso, por concluir que não contavam com jurisdição para decidir sobre ele.

Nove dias depois, a mãe da jovem falecida falou em uma conferência telefônica com 70 ativistas de uma campanha em apoio à ação apresentada pela sua família, e a C2i obteve as notas referentes a essa conversa por meio de espiões infiltrados.

A mãe da ativista, Cindy Corrie, disse ao "The Guardian" que considerou "realmente de muito mau gosto" o trabalho dos espiões corporativos, quando ela pensava que falava para um grupo de simpatizantes.

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