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Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h25.
As empresas brasileiras precisam encarar de um modo diferente os processos de internacionalização, ou correm o risco de fracassarem em sua inserção no mercado mundial. Para Sherban Leonardo, gerente de Projetos Internacionais e professor da Fundação Dom Cabral, o ponto principal é que não adianta apenas reproduzir, no exterior, um modelo de gestão criado no Brasil. A cada dia, as grandes companhias mundiais adotam uma gestão global, desprendida de seu país de origem.
"As empresas precisam ir além de um modelo de gestão nacional aplicado aos negócios no exterior. Elas precisam ser metanacionais", diz. Segundo Leonardo, esse termo designa as organizações que incorporaram a diversidade cultural em seu modelo de gestão e conseguem enxergar o mundo de vários pontos.
Essa mudança de postura tem implicações bastante práticas. A crescente tendência de customização dos produtos (adaptação para os padrões dos consumidores locais) só é bem-sucedida, de acordo com Leonardo, se a empresa possui o leque de conhecimentos de hábito, preferências e valores do público-alvo que só um representante dessa cultura pode ter. "Essa diversidade cultural é um bem intangível que oferece cada vez mais vantagens competitivas", afirma.
Inovação global
No modelo tradicional de gestão, as empresas tendem a encarar a internacionalização como um processo sustentado em dois princípios: a exportação, a partir da matriz, ou a compra de empresas no exterior. Nesse último caso, as matrizes implantam, em suas subsidiárias, o mesmo modelo de gestão e desenvolvimento de produtos que é adotado na matriz.
Para Leonardo, essa visão limita a capacidade de atuação da empresa no mercado mundial, porque impede que ela enxergue diferenças culturais e oportunidades de negócios. A crescente importância da inovação tecnológica e da customização de produtos para as empresas requer uma mudança de mentalidade das empresas brasileiras, se quiserem se manter no jogo global.
A sugestão de Leonardo é a busca de parcerias nos mercados em que se pretende entrar, a montagem de uma estrutura de captação de novos conhecimentos em todos os pontos do planeta e a aceitação de que cada país tem um jeito próprio de produzir e consumir.
Um exemplo brasileiro bem-sucedido de internacionalização, de acordo com o professor, é a Embraer. Disputando a liderança do mercado mundial de jatos regionais, a ex-estatal não apenas produz aviões no exterior, mas também mantém centros de pesquisa e desenvolvimento nos Estados Unidos, a fim de absorver tecnologias e conhecimentos inacessíveis aos seus pesquisadores instalados no Brasil.