Lucas Mota: CEO da ME Energia (ME ENERGIA SOLAR/Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 18 de setembro de 2023 às 09h00.
Última atualização em 10 de outubro de 2023 às 16h42.
O ano de 2023 se encaminha para ser o melhor da história para a energia solar no Brasil. Apenas na primeira metade do ano, o setor conseguiu atrair R$ 33 bilhões em investimentos, bem mais da metade (66%) da meta anual projetada pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Já em janeiro, a energia vinda do sol superou a eólica e se tornou a segunda maior fonte do país.
Em tempos de transição verde, é um desempenho louvável, que reforça a posição do Brasil como o país com a matriz energética mais renovável do mundo. Mas para além de contribuir para a redução das emissões de carbono, o setor de energia solar tem se mostrado um importante vetor de desenvolvimento econômico. Tanto a fabricação de sistemas fotovoltaicos quanto a instalação deles em telhados, fachadas e pequenos terrenos demanda mão de obra em diversos níveis de especialização, de engenheiros a instaladores de painéis e mestres de obras.
Ainda segundo a Absolar, só em 2023 o setor já gerou mais de 240 mil novos postos de trabalho no país — 80% da meta anual da associação. “Para colocar um sistema fotovoltaico de pé, ao contrário do que se pensa, nem tudo vem de fora do país ou de um grande fornecedor. Muitos pequenos suprimentos vêm de fornecedores locais e, para as obras civis, a mão de obra, obviamente, tem de ser local”, explica Lucas Mota, sócio da ME Energia, a maior empresa de energia solar do Espírito Santo e uma das maiores do país. “Tudo isso movimenta muito a economia local.”
O próprio empreendimento de Mota é um exemplo de como a energia solar leva ao crescimento econômico de maneira descentralizada. O negócio surgiu em 1991 como uma revenda de material elétrico e prestadora de serviços de automação em São Mateus (ES). Em 2015, incentivada pela parceria de longa data com a WEG, gigante do setor de energia, a empresa entrou no mercado de sistemas fotovoltaicos, o que levou a uma expansão inédita em sua história.
Em pouco tempo, a energia solar se tornou o negócio principal da ME Energia, que ajuda produtores rurais de todo o Espírito Santo e do sul da Bahia a usarem energia limpa para irrigar suas lavouras. Pelas contas da empresa, que se tornou um dos maiores integradores WEG do país, os mais de 100 mil painéis solares vendidos desde 2015 levaram seus clientes a economizarem cerca de R$ 60 milhões por ano com energia.
Para Mota, todo esse crescimento — de sua empresa e do setor como um todo — pode ser explicado por dois fatores principais. Primeiro, o alto custo da energia elétrica, que em sete anos (2015-2021) acumulou alta de 114%, mais que o dobro da inflação no período. Depois, a criação de linhas de crédito verdes, mesmo com as taxas de juro em patamares elevados, facilitou o acesso à tecnologia — que também foi ficando mais barata ao longo dos anos.
“A alta do preço da energia deixou todo mundo incomodado, e então se percebeu que havia uma possibilidade de gerar energia a um custo que, no médio prazo, coisa de três ou quatro anos, se pagava”, lembra Mota, destacando que os painéis da WEG instalados pela ME Energia têm 30 anos de garantia, o que traz mais segurança para o investimento. “Aí não teve como ser diferente: a demanda subiu porque todo mundo quer ter esse alívio na conta de energia.”