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Empresa pró-presidente turco quer comprar maior grupo de imprensa

A indústria dos meios de comunicação da Turquia passa a estar sob o controle político direto do presidente Erdogan, afirmou jornalista turco

As negociações consideram o valor da operação de quase 1,1 bilhão de dólares (Wolfgang Rattay/Reuters)

As negociações consideram o valor da operação de quase 1,1 bilhão de dólares (Wolfgang Rattay/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de março de 2018 às 10h02.

Última atualização em 22 de março de 2018 às 10h17.

O maior grupo de imprensa da Turquia, que inclui o jornal Hürriyet, anunciou nesta quinta-feira que iniciou negociações para a venda a uma empresa ligada ao presidente turco, Tayyip Erdogan.

O grupo Dogan afirmou em um comunicado que está em negociações com o conglomerado Demiroren Holding, que já possui dois jornais pró-Erdogan.

As negociações consideram o valor da operação de quase 1,1 bilhão de dólares e um valor na Bolsa de 890 milhões de dólares, levando em consideração as dívidas do grupo Dogan, segundo o texto.

O grupo de comunicação Dogan Holding tem como principal ativo o jornal Hürriyet, considerado o diário de referência na Turquia, a agência de notícias Dogan, a rede de televisão Kanal D e a emissora de notícias CNN-Türk.

A versão em inglês do Hürriyet, Hurriyet Daily News, é muito lida pelos expatriados e os diplomatas na Turquia.

Se for concretizada, a negociação aumentará a preocupação dos defensores da liberdade de imprensa, que denunciam a pressão crescente contra os meios de comunicação durante a presidência de Erdogan, sobretudo depois do golpe de Estado frustrado de julho de 2016.

"Com esta aquisição de envergadura, incluindo o Hürriyet, a indústria dos meios de comunicação na Turquia passa a estar sob o controle político direto do presidente Erdogan", comentou no Twitter Kadri Gürsel, nome importante da imprensa na Turquia.

Considerado durante muito tempo o representante do poder turco, o grupo Dogan mantém uma relação delicada com Erdogan, marcada por anos de oposição ao homem forte da Turquia, antes de adotar uma linha mais pró-governo.

Quase todos os meios de comunicação seguem a linha governista, com algumas exceções, como o jornal Cumhuriyet. O proprietário, o diretor de redação e vários jornalistas do Cumhuriyet estão sendo julgados por atividades "terroristas".

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