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Empresa de Warren Buffett se diz enganada por ex-executivo David Sokol

Em comunicado, comitê da Berkshire Hathaway acusa Sokol de ter sido antiético no caso da compra da fabricante de lubrificantes Lubrizol

David Sokol e Warren Buffet trabalharam juntos por 11 anos (David Yellen/EXAME.com)

David Sokol e Warren Buffet trabalharam juntos por 11 anos (David Yellen/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2011 às 12h16.

São Paulo - De executivo mais cotado para suceder o megainvestidor Warren Buffett na Berkshire Hathaway, David Sokol passou ao papel de vilão da história. Em um comunicado divulgado ontem (27/4) pela empresa, um comitê de auditoria responsabiliza o ex-presidente do conselho de administração da NetJets e da MidAmerican Energy pela manobra controversa que envolveu a compra da fabricante de lubrificantes Lubrizol.

Quando Sokol pediu demissão, em 30 de março deste ano, Buffett negou que a saída do executivo estivesse ligada a qualquer problema ético e ainda disse que sua renúncia era uma surpresa para ele. Quase um mês depois, a situação se reverteu. No documento de 19 páginas divulgado pela Berkshire, os auditores afirmam que o executivo era representante da companhia quando cogitou a compra da Lubrizol. No entanto, antes de sugerir a aquisição ao megainvestidor, Sokol comprou ações da empresa por um preço menor do que a Berkshire pagou na aquisição.

Apesar de Sokol alegar que, antes de comprar a Lubrizol, Buffett sabia que o executivo tinha ações da fabricante de lubrificantes, o comitê da Berkshire considera processar o ex-diretor sob a alegação de que ele não foi transparente ao não contar os detalhes sobre as ações que possuía na companhia, como quando havia adquirido os papéis, quantos tinha e qual valor pagou por eles. De acordo com o relatório, a participação de Sokol na Lubrizol cresceu de 10 milhões de dólares para cerca de 13 milhões, desde que foi comprada pela Berkshire, em março, por 9 bilhões de dólares.

O comitê não culpa em momento algum o megainvestidor e CEO da Berkshire, Warren Buffett, pelo ocorrido. Segundo os auditores, ele é amplamente conhecido por seus padrões éticos e por exigir o mesmo de seus funcionários. No próximo sábado (30/4), durante a reunião anual com os acionistas da companhia, em Omaha, Estados Unidos, Buffett vai sanar todas as dúvidas sobre o caso. Depois, a empresa vai divulgar a transcrição completa das perguntas e respostas aos acionistas.

Resposta de Sokol

Diante do relatório acusatório, o advogado de David Sokol, Barry Wm. Levine, não deixou por menos e também divulgou uma nota em resposta às declarações do comitê. No documento, ele se diz decepcionado com a empresa. “Estou profundamente desapontado com o fato de que o comitê de auditoria da Berkshire Hathaway autorizou a publicação desse relatório sem a preocupação e a decência de fazer uma única pergunta a Sokol”, disse.


Revoltado, Levine afirmou que, depois de 11 anos prestados à Berkshire e por seus esforços para gerar “um valor enorme” para a empresa, o executivo merecia mais. Em seguida, o advogado lista três pontos em defesa de Sokol que, segundo ele, “teriam sido a resposta, caso a empresa tivesse perguntado”. Levine argumentou que o executivo estava avaliando a Lubrizol desde o meio de 2010 e que esses investimentos são permitidos por seu contrato de emprego. Além disso, ele afirmou que Buffett foi avisado duas vezes de que Sokol possuía ações na empresa, antes mesmo de cogitar a aquisição.

O advogado também justificou os preços menores pelos quais comprou os papéis da companhia de lubrificantes. “As ações de Sokol na Lubrizol não foram adquiridas por força de uma ‘ordem limite de 100.000’. Ao contrário, elas foram adquiridas como resultado de ordens com limites diversos, num período de dias, a preços determinados, para o mesmo dia, a fim de adquirir as ações a preços baixos. Naquela época, Sokol não tinha nenhuma razão para antecipar que Buffett teria qualquer interesse na Lubrizol”, afirmou.

Ao lado de Sokol desde o meio dos anos 80, o advogado terminou o comunicado reafirmando a “retidão e a integridade” do executivo. “Ele não faria e não fez uma negociação de maneira imprópria, nem violou qualquer leitura justa das políticas da Berkshire Hathaway”.

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