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Empresa de minimercados agora vende para a concorrência e deve ganhar R$ 3 milhões com um só produto

Com o sistema de pagamento QPay, a Minha Quitandinha não apenas atendeu às necessidades de suas lojas, mas também criou um produto que pode ser licenciado para outros varejistas

Guilherme Mauri (CEO) e Douglas Pena (CRO), da Minha Quitandinha: "Acreditamos que esse modelo veio para ficar e só tende a crescer" (Pietro Pozzebon)

Guilherme Mauri (CEO) e Douglas Pena (CRO), da Minha Quitandinha: "Acreditamos que esse modelo veio para ficar e só tende a crescer" (Pietro Pozzebon)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 15 de outubro de 2024 às 08h10.

Última atualização em 15 de outubro de 2024 às 16h29.

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O mercado de minimercados autônomos no Brasil ainda é relativamente inexplorado. Com um universo estimado de 15 mil lojas em mais de um milhão de condomínios no país, a Minha Quitandinha vê espaço para crescer mais — e não quer se restringir ao varejo físico. A empresa investiu R$ 5 milhões para lançar o QPay, um software projetado especificamente para minimercados que é mais rápida para o cliente final e mais ágil para o franqueado.

Ao desenvolver um software de compra e venda próprio, a Minha Quitandinha não apenas atendeu às necessidades de suas lojas, mas também criou um produto que pode ser licenciado para outros varejistas, transformando-a em uma provedora de tecnologia. Fundada em 2020, a startup de Balneário Camboriú, no litoral catarinense, projeta R$ 3 milhões em receita este ano somente com a venda para outras empresas de lojas autônomas.

"Identificamos uma lacuna no mercado e criamos uma solução sob medida para simplificar a jornada de compra, garantindo facilidade ao empreendedor", diz o cofundador Guilherme Mauri. Para o franqueado, o QPay facilita a gestão do inventário e da reposição dos produtos. "Muitos hoje anotam tudo no papel e depois preenchem o que falta [no inventório] pelo computador", diz.

O que é o QPay?

Disponível via aplicativo, o QPay também oferece precificação automatizada e criação de cupons de desconto. Em breve, novas atualizações com IA devem tornar o produto ainda mais intuitivo, auxiliando na recomendação de produtos para reabastecimento, por exemplo. “Temos maior controle dos dados e podemos ajudar nossos franqueados a otimizar o mix de produtos e a gestão das lojas”, afirma Mauri​.

O novo sistema, projetado para ser mais intuitivo, também garante um cliente satisfeito. "Nossa tela é maior e mais atrativa, com design gamificado e colorido, o que incentiva a comprar mais", diz. Além disso, a simplicidade do fluxo de compra permite que qualquer pessoa finalize a transação em até 19 segundos, sem burocracias como digitar o CPF ou passar por múltiplas telas​​. Hoje em dia, muitos minimercados utilizam da mesma tecnologia que máquinas de venda, o que significa telas menores e um processamento mais lento.

QPay, da Minha Quitandinha, tem tela maior e pode fechar uma compra em até 19 segundos (Wilson Ohata)

A combinação de inovação tecnológica e modelo escalável tem sido essencial para o crescimento da empresa. A Minha Quitandinha fechou 2023 com um faturamento de R$ 2,6 milhões, um aumento expressivo de 72,13% em relação aos R$ 1,5 milhão registrados em 2022. O resultado foi impulsionado pela expansão da rede de franquias, que se consolidou em 300 lojas espalhadas por condomínios. A pandemia desempenhou um papel importante no crescimento inicial do setor, mas Mauri destaca que a conveniência e proximidade oferecida ao consumidor mantém o modelo ativo.

O resultado colocou a Minha Quitandinha no ranking EXAME Negócios em Expansão, o maior anuário do empreendedorismo do Brasil. Na edição de 2024, a empresa ficou na posição 24 entre 61 negócios selecionados na categoria entre 2 a 5 milhões de reais de faturamento.

Quanto custa para ser franqueado?

A taxa de franquia da Minha Quitandinha é de R$ 18 mil, e o franqueado pode abrir quantas lojas quiser sem precisar pagar novamente essa taxa. Além disso, os custos operacionais envolvem R$ 20 mil em equipamentos e R$ 7 mil em estoque inicial, totalizando um investimento de aproximadamente R$ 45 mil.

Segundo Mauri, o franqueado pode recuperar o valor investido em até 12 meses, com um lucro médio mensal de R$ 3 mil por loja. A estrutura enxuta e a gestão facilitada pelo sistema QPay permitem que os franqueados administrem as lojas de forma remota, o que reduz custos operacionais e amplia as margens de lucro​​.

Como nasceu a startup?

À frente da operação estão o presidente Guilherme Mauri e o diretor de receita Douglas Pena. Formado em administração, Mauri acumula mais de 18 anos de experiência em consultoria corporativa e já passou por empresas como a KPMG. Antes de fundar a Minha Quitandinha, se aventurou como empreendedor em diferentes setores, incluindo restaurantes e construção civil. Já Pena, também formado em administração, conta com mais de dez anos de experiência como empresário no setor de franquias.

Em 2020, logo antes da pandemia, Mauri mudou-se de São Paulo para Balneário Camboriú e teve a ideia do Minha Quitandinha com Pena. A dupla observou a ascensão dos minimercados autônomos e viu nela uma oportunidade para empreender.

A proposta era criar um modelo de negócios com cara e nome brasileiros. Enquanto a concorrência da época priorizava uma decoração sóbria, como se quisessem parecer uma geladeira gigante, as lojinhas da Minha Quitanda tinham caixas de madeira para trazer a sensação das quitandas tradicionais.

Hoje em dia, os caixotes foram deixados de lado e a loja, modernizou, para garantir a escalabilidade das franquias. Foi nesse processo de crescimento que surgiu a necessidade de desenvolver uma tecnologia própria, culminando no lançamento do QPay​​.

Minha Quitandinha: empresa de minimercados teve que "modernizar" para acompanhar escalabilidade (Wilson Ohata)

Para 2024, a empresa projeta R$ 3 milhões em receita somente com o QPay e R$ 6 milhões no segundo ano de operação. A expansão para espaços comerciais deve ser o próximo passo importante para a empresa, que vê grande potencial nas lojas instaladas em empresas, com fluxo contínuo de clientes e maior ticket médio por compra.

"A comodidade que oferecemos não tem volta. Estamos mais próximos do cliente do que qualquer outra solução, mais rápidos que um delivery e mais convenientes que lojas tradicionais. Acreditamos que esse modelo veio para ficar e só tende a crescer"​.

O que é o ranking EXAME Negócios em Expansão

O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME).

O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses.

Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas brasileiras que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023.

A análise considerou os negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais. Após uma análise detalhada das demonstrações contábeis das empresas inscritas, a edição de 2024 do ranking foi lançada no dia 24 de julho.

São 371 empresas de 23 estados brasileiros que criam produtos e soluções inovadoras, conquistam mercados e empregam milhares de brasileiros.

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