Solteiro sim (talvez não sozinho) (Joe Raedle/Getty Images/Getty Images)
Karin Salomão
Publicado em 17 de dezembro de 2017 às 08h00.
Última atualização em 17 de dezembro de 2017 às 08h00.
São Paulo – Em um escritório na Bela Vista, em São Paulo, seis sommeliers passam o dia degustando vinhos. Elas não avaliam os rótulos para algum supermercado ou restaurante, mas sim para um comércio eletrônico de vinhos.
A Evino, criada há 4 anos e meio, tem a premissa de vender vinhos mais acessíveis em um país amante da cerveja.
A ideia deu certo. O faturamento da empresa cresceu 155% em 2017, de 104 milhões de reais no ano passado para uma expectativa de 265 milhões de reais este ano.
A principal estratégia da empresa é se diferenciar da imagem que o mercado de vinhos tem hoje no Brasil, tanto na imagem quanto nos rótulos.
“Não queremos ser um enochato, que apresenta o vinho de um jeito mais antiquado e cheio de superioridade”, afirmou Olivier Raussin, um dos três co-CEOs da empresa, em entrevista ao site EXAME.
Ainda é preciso quebrar certos tabus que ainda rondam o hábito de tomar vinho, diz. Segundo ele, não há problema em harmonizar uma carne vermelha com vinho branco, tomar champanhe em uma balada ao invés de cerveja ou mesmo tomar uma taça ao assistir o futebol de domingo.
“O objetivo não é transformar 230 milhões de brasileiros em sommeliers profissionais, mas sim incentivar uma nova paixão por vinhos", diz.
Há vinhos de 24 a 400 reais à venda, para todos os gostos e bolsos, e os consumidores costumam comprar cerca de 200 reais em cada compra.
Todos os vinhos são importados, principalmente da Europa. França é o país campeão de vendas. Apenas em 2017, foram mais de mil containers importados do velho mundo.
O centro de distribuição fica em Espírito Santo. Em um galpão de 6 mil metros quadrados, trabalham cerca de 150 funcionários para receber, embalar e despachar as garrafas para os clientes.
Já na sede da empresa em São Paulo, são 150 colaboradores – 50 deles trabalham no atendimento ao consumidor.
Ao entrar no comércio eletrônico do Evino, a primeira impressão é de que o site está em eterna promoção. Todas as garrafas aparecem com descontos.
O valor mostrado não é exatamente uma redução, mas sim uma simulação do valor que o rótulo teria caso a Evino não tivesse negociado com os fornecedores.
Para conseguir descontos e valores baixos, a empresa tem um relacionamento intenso com os fabricantes de vinho. Ela não compra de importadoras, mas diretamente dos pequenos produtores e vinícolas. Assim, consegue cortar custos com os intermediários.
Para isso, a equipe comercial faz cerca de uma viagem à Europa a cada dois meses, para se reunir e conhecer novos parceiros. Todos os fornecedores da Evino são exclusivos. Ou seja, os vinhos à venda no site não podem ser encontrados em nenhuma outra loja do país, diz Raussin.
Outra razão para os preços serem mais acessíveis é a quantidade de rótulos disponíveis no site. São cerca de 200 a 250 itens, enquanto importadoras têm de 500 a 5.000, de acordo com o CEO.
Assim, com a adega mais concentrada, a Evino importa quantidades maiores de um mesmo produtor, o que barateia o custo.
O número reduzido de rótulos à venda não tem uma razão puramente financeira. Também é uma maneira de renovar constantemente o estoque. Uma garrafa não fica à venda por mais de uma semana na plataforma.
“Em um supermercado, a seleção é praticamente a mesma durante todo o ano. Aqui, adaptamos as ofertas para o verão e inverno e para as ocasiões especiais, como festas de fim de ano”, afirmou Raussin.
Segundo ele, o mundo de pequenos produtores de vinho é muito vasto. Além disso, a cultura enóloga incentiva a descoberta e experimentação.
A experiência da Evino, por enquanto, tem rendido bons brindes aos fundadores da empresa.