Negócios

Empresa brasileira investe mais que finlandesa em aposentadoria de funcionário

Pesquisa mostra que 75% das grandes companhias que atuam no país oferecem alguma forma de previdência complementar aos empregados

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 19h10.

O Brasil é um dos países onde as grandes empresas mais oferecem planos de previdência privada como benefício a seus funcionários. De acordo com pesquisa da consultoria de recursos humanos Mercer, 75% das maiores empresas brasileiras e das multinacionais que operam no país apresentam algum tipo de previdência complementar. Entre os 47 países analisados no estudo, a média fica em 60%. Com isso, o Brasil ocupa a 18ª posição no ranking, ao lado de Luxemburgo.

O levantamento coloca o país à frente de nações-símbolo do Estado de Bem-Estar Social, como a Finlândia, que aparece em 32ª, e a França, em 35ª. Apenas 45% das multinacionais e grandes companhias finlandesas investem na aposentadoria de seus empregados. Já entre os franceses, a taxa cai para 40%. O Brasil também está melhor colocado que outros emergentes, como os famosos Bric. A Rússia ocupa a 37ª colocação, com 33%; a Índia surge em 27ª, com 50%; e a China vem em 36ª, com 35%.

Posição País % de empresas*
1 Reino Unido 100
  Estados Unidos 100
  Suécia 100
  Noruega 100
  Israel 100
  Irlanda 100
7 Suíça 98
  África do Sul 98
  Dinamarca 98
10 Japão 95
  Bélgica 95
12 Alemanha 90
  Filipinas 90
  Coréia do Sul 90
15 Holanda 86
16 Canadá 80
  Hong Kong 80
18 Brasil 75
  Luxemburgo 75
20 Malásia 70
  México 70
22 Indonésia 68
23 República Checa 60
  Grécia 60
25 Espanha 57
26 Tailândia 55
27 Índia 50
  Nova Zelândia 50
  Taiwan 50
  Turquia 50
31 Eslováquia 47
32 Finlândia 45
  Portugal 45
34 Hungria 42
35 França 40
36 China 35
37 Rússia 33
38 Argentina 29
  Polônia 29
40 Itália 25
41 Áustria 17
42 Chile 13
43 Austrália 10
44 Colômbia Menos de 10%
45 Venezuela 7%
46 Singapura Menos de 5%
47 Vietnã Menos de 1%

*percentual de multinacionais e empresas locais líderes em seus setores que oferecem algum plano complementar de previdência

Fonte: Mercer

Em um mundo cada vez mais competitivo, onde atrair e reter talentos é fundamental para o sucesso do negócio, os números mostram que o Brasil está numa posição razoável em relação a seus concorrentes diretos, como outros emergentes ou países latino-americanos. Ao investir em pacotes de previdência complementar, as grandes companhias que atuam por aqui conseguem se diferenciar no mercado de trabalho. "Oferecer previdência complementar é uma prática quase obrigatória para as boas empresas brasileiras", afirma Eduardo Correia, diretor de Previdência da Mercer do Brasil. "É cada vez mais comum os candidatos à contratação perguntarem como é o plano complementar, e não se existe um", diz.

Mais equilibrados

Embora seja uma importante ferramenta de atração de bons profissionais, a aposentadoria complementar é um assunto que vem causando arrepios nas maiores empresas do mundo. Pacotes generosos de benefícios estão no epicentro de prejuízos bilionários. A General Motors, um dos exemplos mais conhecidos, acumula desde 2005 um rombo de 12 bilhões de dólares. Boa parte do problema é causada pela pressão dos benefícios pagos a ex-funcionários, como planos de saúde e previdência complementar. Os gastos com esse item representam cerca de 1.500 dólares por veículo vendido pela montadora. Estima-se que haja 2,5 funcionários aposentados da GM para cada um na ativa.

Para contornar esses problemas, as empresas brasileiras optaram por um modelo mais equilibrado de benefícios, conhecido como plano de contribuição definida. Nele, é responsabilidade do funcionário acumular os fundos que serão revertidos em sua aposentadoria. Esses recursos são descontados de seu salário (geralmente 3% a 6% do vencimento) e aplicados em uma conta individual. Cabe ao empregador depositar uma contrapartida para engordar a conta - que pode chegar a até duas vezes o valor aportado pelo empregado. Essa categoria representa 85% dos planos ofertados pelas companhias pesquisadas pela Mercer no país. "Esse modelo reduz o risco das empresas", explica Correia. Na prática, os PGBLs e os VGBLs tão difundidos por aqui são os principais exemplos de planos com contribuição definida.

O outro modelo - o de benefícios definidos - é oferecido por apenas 4% das empresas pesquisadas. Os demais 11% optam por um modelo híbrido. Segundo Correia, o risco de definir os benefícios, em vez da contribuição, é que, ao final da carreira do funcionário, a companhia não sabe se terá recursos para arcar com tudo o que prometeu. Se não tiver, corre o risco de entrar numa espiral nociva de prejuízos e aportes de recursos, como a GM.

Não por acaso, o percentual de empresas que oferecem planos de benefícios definidos, nos Estados Unidos, é bem maior que o brasileiro. Por lá, 30% das empresas tomaram esse caminho.

Espaço para crescer

Presente na maior parcela das grandes empresas brasileiras, a previdência complementar ainda tem muito espaço para avançar nas companhias de menor porte, segundo a Mercer. O problema, segundo a consultoria, é que a legislação brasileira é muito rígida, especialmente para fundos fechados, a ponto de inibir a formatação de planos menores.

Os fundos privados também contam com poucas opções de títulos de longo prazo para investir e, assim, manter uma reserva atuarial para equilibrar receitas e despesas. As aplicações em títulos estrangeiros também são restritas, por lei, a 0,6% do valor do fundo.

A captação dos planos corporativos - aqueles ofertados pelas empresas - cresceu 16,24% nos nove primeiros meses do ano, e atingiu 2,810 bilhões de reais, de acordo com a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Negócios

Superlógica Next 2024: parceria com OpenAI traça o futuro do mercado condominial e imobiliário

A Black Friday 2024 vai bombar? E-commerce fatura R$ 1,3 bilhão em quarta-feira recorde

Com novas soluções para maior produtividade de hortaliças e frutas, BASF comemora resultados de 2024

Café de açaí? Essa empreendedora criou uma marca da bebida e hoje exporta para EUA e Alemanha