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Empregados se revoltam com postura do Facebook diante de Trump

Funcionários estão insatisfeitos com a forma com que Zuckerberg lidou com as publicações de Trump após protestos antirracismo nos Estados Unidos

Mark Zuckerberg: fundador e presidente da rede social disse que não iria ocultar publicações do presidente Trump sobre os protestos antirracismo (Charles Platiau/Reuters)

Mark Zuckerberg: fundador e presidente da rede social disse que não iria ocultar publicações do presidente Trump sobre os protestos antirracismo (Charles Platiau/Reuters)

CI

Carolina Ingizza

Publicado em 1 de junho de 2020 às 15h48.

Última atualização em 1 de junho de 2020 às 16h47.

Mark Zuckerberg, presidente e fundador do Facebook, está enfrentando críticas de vários funcionários da companhia após sua decisão de manter publicações feitas por Donald Trump sobre os protestos antirracismo que acontecem nos Estados Unidos desde a semana passada.  

No dia 29 de maio, quando as primeiras pessoas foram às ruas da cidade de Minneapolis protestar pela morte de George Floyd por um policial branco, o presidente americano escreveu no Twitter e no Facebook que iria responder aos protestos violentos com força militar: "quando os saqueamentos começam, o tiroteio começa”. 

Enquanto o Twitter bloqueou a publicação do presidente afirmando que ela violava as regras da plataforma por “glorificar a violência”, o Facebook decidiu mantê-la. Zuckerberg defendeu a decisão no dia 30, dizendo que sabia que muitas pessoas estavam chateadas por a plataforma ter permitido as publicações do presidente, mas que sua posição era a de que a companhia deveria permitir o máximo de expressão possível, ainda que ele não concordasse com Trump.

Protestos online

Durante o final de semana, alguns funcionários da empresa foram ao Twitter dizer que não concordavam com a postura do chefe. Jason Toff, que é diretor de produtos há um ano na empresa, tuitou que não tinha orgulho de como a empresa estava se portando neste momento. "A maioria dos colegas de trabalho com quem falei se sente da mesma maneira. Estamos fazendo nossa voz ser ouvida”, escreveu Toff. 

O diretor de design do portal de vídeo do Facebook, Andrew Crow, também usou o Twitter para expressar sua indignação com a postura de Zuckerberg. "É inaceitável fornecer uma plataforma para incitar a violência e espalhar a desinformação, independentemente de quem você é ou se é digno de notícia. Eu discordo da posição de Mark”, escreveu. 

Nesta segunda-feira, 1º, outros empregados estão fazendo um protesto virtual, segundo o jornal americano The New York Times. Eles usaram o sistema online do Facebook para marcar folgas para esta segunda-feira, em apoio aos manifestantes de todo o país. Seus e-mails foram configurados para responder automaticamente que eles estavam fora do trabalho em um ato de protesto.

O New York Times afirma que funcionários antigos e atuais da empresa dizem que este é o maior desafio à liderança de Zuckerberg que o Facebook já enfrentou em seus 15 anos de história.

Reação de Zuckerberg

Os protestos dos empregados forçaram Zuckerberg a fazer duas publicações durante o final de semana. Além do texto em que explicou porque decidiu manter os posts de Trump, o presidente da rede social também se manifestou dizendo que a empresa iria doar 10 milhões de dólares a grupos antirracismo dos Estados Unidos.

“A dor da semana passada nos lembra de quão longe nosso país ainda precisa ir para dar a cada pessoa a liberdade de viver com dignidade e paz. Nos lembra mais uma vez que a violência que os negros americanos vivem hoje faz parte de uma longa história de racismo e injustiça. Todos nós temos a responsabilidade de criar mudanças”, escreveu o empresário.

Zuckerberg também afirmou que o Facebook precisa fazer mais para manter as pessoas seguras e garantir que os sistemas não aumentam o preconceito existente. O presidente também decidiu adiantar sua reunião semanal com os funcionários para amanhã em vez de quinta-feira.

Outras empresas do Vale do Silício, como Apple, Microsoft, Google, Amazon e Netflix apoiaram os protestos antirracismo. Netflix publicou que “estar em silêncio era ser cúmplice” e Amazon afirmou que o “tratamento desigual e brutal do povo negro” deve parar.

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