Henrique Lima, fundador do Grupo Roma: "as semijoais da Roma já representam 80% das vendas das revendedoras" (Grupo Roma/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 20 de março de 2024 às 16h02.
A trajetória do cearense Henrique Lima não foge muito à curva quando o assunto é vendas. O exemplo veio de casa. Filho de uma sacoleira e um entregador de leite, Lima cresceu acompanhando os pais em visitas a clientes e vendas de porta em porta em Fortaleza. "Minha mãe não tinha com quem deixar os filhos. Desde pequeno, eu e meus cinco irmãos íamos junto com ela fazer a venda direta", diz.
Aos 17 anos, ele começou a trabalhar como representante de fábricas de joias de ouro. Viajou boa parte do país oferecendo peças para lojas multimarcas quando decidiu abrir seu próprio negócio. A primeira loja multimarcas Roma foi inaugurada no centro da capital cearense em 1993, quando o empreendedor tinha 20 anos.
A segunda loja foi inaugurada após dois anos, também em Fortaleza. Para atrair mais revendedoras, Lima oferecia treinamentos aos finais de semana. Com duas lojas, a Roma já contava com 100 revendedoras. "Eu ensinava como fazer a gestão da certeira de clientes, como cobrar as vendas e com isso conquistei mais revendedoras", diz.
Trinta anos depois, Henrique Lima se orgulha do império de semijoiais que construiu. Com 10 lojas e forte atuação no Ceará e em Goiás, o Grupo Roma conta com 6.000 revendedoras. Em 2023, o faturamento foi de R$ 80 milhões.
O mercado de venda direta emprega atualmente mais 3,5 milhões de empreendedores independentes, segundo a Associação Brasileira de Venda Direta (ABDV) e se popularizou no imaginário brasileiro com revendedoras de grandes marcas como Natura, Boticário e Avon.
"Sempre busquei as peças com maior qualidade no mercado por respeito e responsabilidade com as revendedoras. Sei que a venda direta é o sustento de muitas famílias", diz o empreendedor.
Em 2024, as lojas Roma e seu exército de revendedoras vão deixar oficialmente de trabalhar com marcas parceiras para vender apenas peças de sua própria marca. Com investimento de R$ 15 milhões, as semijoais da Roma chegam ao mercado com um portfólio de 800 modelos e uma fábrica em Limeira, no interior de São Paulo, com capacidade de produzir 200 mil peças por mês.
"A capacidade de produção vai aumentar para 800 mil peças e 1200 modelos no segundo semestre. Hoje as semijoais da Roma já representam 80% das vendas das revendedoras", diz Henrique Lima.
Com o aumento da produção, Lima tem a meta ambiciosa de abrir neste ano 50 lojas em todo o Brasil -- e por consequência aumentar sua base de revendedoras, hoje concentrada no Ceará e em Goiás.
A decisão de criar a marca própria e vender semijoias em caixas azul tiffany surgiu no ano passado, quando o empresário percebeu que havia um nicho de mercado a ser ocupado, com peças folheadas a ouro de qualidade e custo acessível.
De acordo com o empreendedor, as peças da Roma tem 15 milésimos de ouro, acima da média do mercado que é de 5 milésimos, e um custo até 30% menor. "O diferencial competitivo só pode ser alcançado graças ao investimento em equipamentos de ponta importados da Alemanha e da Itália. Reduzimos as margens e ganhamos volume", explica.
Com o incremento de lojas e aumento do portfólio, Lima espera crescer 15% e terminar próximo aos R$ 100 milhões.