O World Trade Center sob ataque: comentários do CEO da Delta enfureceram autoridades e empresas árabes (Michael Foran / Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2015 às 16h09.
DUBAI/NOVA YORK - Uma batalha comercial cada vez mais acirrada entre empresas aéreas dos Estados Unidos e do Golfo Pérsico se aprofundou nesta quinta-feira, quando a Emirates Airlines rejeitou uma desculpa da Delta Air Lines por comentários que parecem insinuar que a empresa dos Emirados Árabes Unidos teve ligação com os atentados de 11 de setembro de 2001.
As relações se deterioraram desde que um grupo de companhias aéreas dos EUA compilou um dossiê afirmando que grandes empresas de transporte aéreo do Golfo Pérsico receberam 40 bilhões de dólares em subsídios e exortou o governo norte-americano a renegociar ou anular o pacto comercial Open Skies.
As companhias aéreas do Golfo Pérsico negam ter recebido os subsídios e afirmam que as aéreas sediadas nos EUA é que foram beneficiadas pelos 5 bilhões de dólares em ajuda do governo após os ataques em solo norte-americano.
Questionado sobre as réplicas na rede de televisão CNN nesta semana, o presidente-executivo da Delta, Richard Anderson, declarou: "É uma grande ironia que os Emirados Árabes Unidos, da Península Arábica, falem sobre isso, dado que nossa indústria foi realmente abalada com o terrorismo do 11 de setembro, que veio de terroristas da Península Arábica."
Os comentários enfureceram autoridades dos Emirados Árabes Unidos e do Catar, dois aliados dos EUA que ofereceram apoio militar e logístico para as operações internacionais após os atentados de 2001.
A Delta afirmou que Anderson respondia a alegações de que os pagamentos pós-11 de setembro a empresas aéreas dos EUA equivaleram a subsídios.
"Ele não quis insinuar que as aéreas do Golfo Pérsico ou seus governos estão ligados aos terroristas do 11 de setembro. Pedimos desculpas se alguém se ofendeu", disse a empresa em comunicado por e-mail.
Mas a Emirates, a maior das três principais empresas de transporte aéreo do Golfo Pérsico, que incluem ainda Qatar Airways e Etihad, de Abu Dhabi, repudiou a explicação.
"Acreditamos que as declarações feitas nesta semana pelo senhor Anderson foram concebidas e comunicadas deliberadamente para causar um efeito específico", afirmou a companhia em comunicado.
No dossiê, visto parcialmente pela Reuters, as empresas aéreas dos EUA afirmaram ter perdido uma quantidade significativa de agendamentos desde 2008 por causa da competição do Golfo Pérsico e citaram documentos que afirmam demonstrar a ajuda alegada, incluindo taxas de embarque baratas.
Autoridades do Golfo Pérsico disseram que as aéreas norte-americanas não servem as mesmas rotas e que estão perdendo mercado por causa de seu serviço inferior. Elas ainda sustentam que as taxas nos aeroportos são as mesmas para empresas estrangeiras.