Fábrica da Embraer: fabricante brasileira de aviões luta para se reestruturar e sobreviver à crise (Alexandre Battibugli/Exame)
Denyse Godoy
Publicado em 3 de setembro de 2020 às 09h07.
Última atualização em 3 de setembro de 2020 às 12h26.
A fabricante de aeronaves Embraer anunciou nesta quinta-feira, 3, a demissão de 900 funcionários no Brasil por causa dos impactos negativos da pandemia do novo coronavírus na economia global e do cancelamento da parceria com a americana Boeing. Esses 900 vão se somar aos 1.600 colaboradores que aderiram a três planos de demissão voluntária – o último foi encerrado ontem. A Embraer tem 20.000 empregados no país.
"O objetivo é assegurar a sustentabilidade da empresa e sua capacidade de engenharia", disse a empresa em comunicado publicado em seu site. "A pandemia afetou particularmente a aviação comercial da Embraer, que no primeiro semestre de 2020 apresentou redução de 75% das entregas de aeronaves, em comparação com o mesmo período do ano passado. Além disso, a situação se agravou com a duplicação de estruturas para atender a separação da aviação comercial, em preparação à parceria não concretizada por iniciativa da Boeing, e pela falta de expectativa de recuperação do setor de transporte aéreo no curto e médio prazo."
A receita do segmento de aviação comercial da fabricante brasileira, geralmente a maior e mais rentável, caiu 77% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2019, para 563,9 milhões de reais. A Embraer teve prejuízo líquido de 1,683 bilhão de reais no período de abril a junho; em igual intervalo do ano passado, havia registrado lucro de 26,1 milhões.
O setor aéreo foi o primeiro a sofrer as consequências econômicas danosas da covid-19 e deve ser o último a se recuperar. No começo do ano, mais de 90% dos voos chegaram a ser cancelados em todo o mundo. Agora, as viagens começam a ser retomadas, mas a volta aos patamares anteriores à pandemia deve levar anos.
No meio da maior crise mundial desde a Segunda Guerra, a Embraer sofreu um duríssimo golpe: o cancelamento da venda de sua unidade de aviões comerciais para a Boeing – que também vive a sua tragédia particular depois de o modelo 737 MAX, sua grande aposta de crescimento, ser proibido de voar devido a dois acidentes entre 2018 e 2019 que mataram cerca de 350 passageiros. Pelo acordo, a Boeing pagaria 4,2 bilhões à Embraer no fechamento do negócio, em abril.