Avião da Embraer: empresa brasileira assinou memorando de entendimento com a Boeing para formação de joint-venture (Paulo Fridman/Bloomberg)
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de julho de 2018 às 11h56.
Última atualização em 5 de julho de 2018 às 12h07.
São Paulo - A joint venture entre Embraer e Boeing, anunciada na manhã desta quinta-feira, 5, como um acordo não-vinculante, deve ser fechada até o final de 2019. Essa é a expectativa das companhias, em comunicado em conjunto, frisando que se as aprovações ocorrerem no tempo previsto, a conclusão se dará entre 12 a 18 meses após a execução dos acordos definitivos.
Conforme o acordo não-vinculante anunciado hoje, a Boeing deterá 80% e a Embraer, 20%, em uma operação avaliada em US$ 4,75 bilhões - dos quais a Boeing pagará US$ 3,8 bilhões. A informação de que a combinação de negócios seria anunciada hoje foi antecipada pela coluna Direto da Fonte de Sonia Racy. Após os acordos definitivos, a parceria estará, então, sujeita a aprovações regulatórias e de acionistas, incluindo o governo brasileiro que detém uma ação especial (Golden share).
A Boeing terá o controle operacional e de gestão da nova empresa formada com a Embraer no segmento de aviação comercial. "Ao formarmos essa parceria estratégica, estaremos muito bem preparados para gerar valor significativo para os clientes, empregados e acionistas de ambas as empresas - e para o Brasil e os Estados Unidos", afirma o presidente, chairman e CEO da Boeing Dennis Muilenburg. Uma vez consumada a transação, será formada a equipe de gestão, sediada no Brasil, incluindo um presidente e CEO, com reporte diretamente a Muilenburg.
A parceria deve ser contabilizada nos resultados por ação da Boeing no início de 2020, e a expectativa é de que gere sinergia anual de custos de cerca de US$ 150 milhões (antes de impostos) até o terceiro ano.
Ainda conforme o comunicado, a transação não terá impacto nas projeções financeiras da Boeing e da Embraer para 2018, "bem como na estratégia de implantação de capital e no compromisso da Boeing de retornar cerca de 100% do fluxo de caixa livre para os acionistas."
A Boeing considera que a nova sociedade se tornará um dos centros de excelência para o desenvolvimento de projetos, fabricação e manutenção de aeronaves comerciais de passageiros, e que ambas estarão aptas a oferecer uma linha "abrangente e complementar" de aeronaves de passageiros de 70 a mais de 450 assentos, além de aviões de carga. O comunicado lembra que são mais de 20 anos de colaboração entre Boeing e Embraer.
"Esse acordo com a Boeing criará a mais importante parceria estratégica da indústria aeroespacial, fortalecendo ambas as empresas e sua posição de liderança do mercado mundial", declarou o presidente e CEO da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva na mesma nota. "A combinação de negócios com a Boeing deverá gerar um novo ciclo virtuoso para a indústria aeroespacial brasileira, com maior potencial de vendas, aumento de produção, geração de emprego e renda, investimentos e exportações, agregando maior valor para clientes, acionistas e empregados".