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Em recuperação judicial, The Body Shop sai dos EUA e fecha dezenas de lojas no Canadá

No final de janeiro, a Aurelius vendeu as operações da empresa de beleza na França e Alemanha; agora, fecha 33 lojas no Canadá e sai dos Estados Unidos

The Body Shop: Natura vendeu marca para Aurelius, de private equity, no final do ano passado (Leandro Fonseca/Exame)

The Body Shop: Natura vendeu marca para Aurelius, de private equity, no final do ano passado (Leandro Fonseca/Exame)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 11 de março de 2024 às 10h32.

Última atualização em 11 de março de 2024 às 16h38.

Com uma recuperação judicial em andamento no Reino Unido, a marca de beleza britânica The Body Shop encerrou todas as suas operações nos Estados Unidos e anunciou o fechamento de 33 de suas 105 lojas no Canadá. As vendas online da marca também foram encerradas no país americano.

"Após o início do processo de reestruturação no Reino Unido, a The Body Shop no Canadá também iniciará um processo de reestruturação para obter suspensão de execuções e ganhar um respiro adicional enquanto avalia suas estratégias e implementa iniciativa de reestruturação de suas operações", disse a empresa em nota à imprensa.

A avaliação do mercado é que a elevada inflação dos últimos anos no Canadá (e no mundo) prejudicou varejistas como a The Body Shop, que operavam predominantemente em centros comerciais e se destinam à classe média.

Leia também: Sob nova direção, The Body Shop tem futuro incerto

Quais são as dificuldades da The Body Shop

Fundada em 1976 por Anita Roddick e seu marido Gordon, a empresa ficou famosa por advogar uma forma de capitalismo ético em que os negócios poderiam ganhar dinheiro e fazer o bem ao mesmo tempo. Foi comprada pelo gigante francês de cosméticos L'Oréal em 2006 e posteriormente adquirida por R$ 5,5 bilhões pela Natura em 2017. No ano passado, a empresa brasileira anunciou que iria vender a The Body Shop, admitindo mais tarde que não tinha a "expertise varejista" para explorar a marca em todo o mundo.

Quem comprou a operação foi a europeia de private equity Aurelius.

Segundo uma pessoa ouvida pelo Financial Times envolvida no negócio, "os problemas ficaram evidentes logo no começo, com um desempenho comercial muito pior do que o esperado em plena época de festas de fim de ano", quando a Natura ainda estava no controle da operação.

Parte do problema era que a cadeia, que possuía 2,5 mil lojas em mais de 70 países quando a Aurelius concordou com o acordo, estava presente em mercados demais, alguns dos quais não eram lucrativos.

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O negócio no Reino Unido — juntamente com as operações no Canadá e na Austrália — era o mais atraente, segundo pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pelo FT. Mesmo assim, perdeu R$ 444 milhões em 2022, em comparação com um lucro de R$ 62 milhões no ano anterior.

Já com a Aurelius, a The Body Shop pegou uma série de empréstimos que comprometeram alguns dos ativos mais valiosos, incluindo uma grande quantidade de sua propriedade intelectual e imóveis valiosos. Isso significa que, em caso de colapso da marca, a Aurelius poderia ficar com esses bens.

No final de janeiro, a empresa concordou em vender uma parte de seu negócio, incluindo as operações na França e Alemanha. A mudança foi vista como "mais um passo decisivo rumo à implementação de uma forte estratégia de recuperação para a The Body Shop", segundo relato obtido pelo FT.

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