Negócios

Em novo projeto, Amazon coloca funcionários contra seus chefes

Em programa de recuperação para funcionários com risco de demissão, empresa faz julgamento perante o RH e o chefe, com um júri de colegas

Amazon: o programa não deixou os funcionários mais tranquilos e amparados, pelo contrário (Paulo Whitaker/Reuters)

Amazon: o programa não deixou os funcionários mais tranquilos e amparados, pelo contrário (Paulo Whitaker/Reuters)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 1 de julho de 2018 às 08h00.

Última atualização em 1 de julho de 2018 às 08h00.

São Paulo - A Amazon não é um lugar fácil de trabalhar. Se a companhia é um rolo compressor que passa por cima dos concorrentes e transforma o mercado, os funcionários sentem a pressão de fazer a máquina funcionar.

Eles relatam metas extremamente exigentes - por vezes impossíveis - e um clima de trabalho sufocante. Funcionários doentes ou com problemas pessoais continuam a ser cobrados pelo desempenho, sem a empatia de seus chefes, relata uma matéria de 2015 do New York Times.

Com esse ambiente de trabalho, não é uma surpresa que nem todos consigam acompanhar o ritmo. Sem nenhum tipo de acompanhamento ou tentativa de resgatar o funcionário, ele era rapidamente demitido.

A Amazon tentou mudar esse cenário, mas só piorou sua situação, de acordo com uma reportagem da Bloomberg. "Os executivos reconheceram que os papéis mal definidos, as equipes disfuncionais e os gerentes peremptórios estavam entre os fatores que muitas vezes não eram examinados, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto", escreveu o veículo.

Depois de críticas sobre a maneira com que lidava com sua força de trabalho, a Amazon criou um programa para recuperar aqueles "sob observação", ou com risco de demissão. O projeto, chamado Pivot, foi colocado em prática em janeiro de 2017.

Esses funcionários seriam pareados com um especialista na área, que os ajudaria durante um período de tempo. No entanto, o programa não os deixou mais tranquilos e amparados - pelo contrário.

Cada funcionário no programa deve participar de um julgamento perante o RH e com um júri formado por colegas, em que o chefe apresenta os seus indicadores de desempenho e falhas do funcionário, enquanto ele se defende.

Três pessoas, normalmente desconhecidas dos envolvidos no caso, são chamadas para presidir o júri. O funcionário pode vetar alguns nomes, se considerar que eles podem ser tendenciosos, mas é a própria companhia que dá a última palavra.

As conversas são todas feitas por vídeo-conferência e o funcionário não pode assistir a apresentação de seu chefe, ainda que o contrário seja verdadeiro. O sistema é considerado pelos colaboradores ouvidos pela Bloomberg como injusto e motivo de tensão entre funcionário e coordenador.

Apenas 30% dos que passam pelo júri vencem o caso, de acordo com a publicação. Mesmo os que são aprovados passam a ter uma relação ainda mais difícil com seus superiores depois de terem discordado deles tão publicamente. Se a relação de trabalho já estava tensa, tende apenas a piorar.

Acompanhe tudo sobre:AmazonGestão de pessoasgestao-de-negocios

Mais de Negócios

De lavador de pratos a CEO da empresa mais valiosa do mundo: como Jensen Huang virou ícone na China

Como a Nestlé usa IA para 'rastrear' 700 mil cápsulas de café por dia no Brasil 

Veja os dois erros que podem afundar sua ideia de negócio, segundo professora de Harvard

Herdeira do Walmart e mulher mais rica do mundo inaugura faculdade de medicina nos EUA