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Em meio ao terremoto no venture capital, Jungle capta R$ 32 milhões com aposta em games para a web3

Nesta segunda-feira, 13, a publisher brasileira de jogos online anuncia a chegada oficial ao mercado após levantar 6 milhões de dólares com fundos globais. Conheça o modelo de negócio da startup

João Beraldo, Giulio Ferraro e Lucas Kertzman, fundadores da Jungle: o apoio na expansão de jogos online criados por pequenos publishers virou negócio (Divulgação/Divulgação)

João Beraldo, Giulio Ferraro e Lucas Kertzman, fundadores da Jungle: o apoio na expansão de jogos online criados por pequenos publishers virou negócio (Divulgação/Divulgação)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 13 de março de 2023 às 12h00.

Última atualização em 13 de março de 2023 às 12h04.

Em meio à ressaca no venture capital (VC) global, agravada pela falência do Silicon Valley Bank (SVB), o setor de jogos online segue captando recursos de investidores.

Nesta segunda-feira, 13, a publisher brasileira de jogos online Jungle anuncia a chegada oficial ao mercado após uma captação de 6 milhões de dólares — algo como 32 milhões de reais na cotação atual.

Liderada pela Bitkraft e pela Framework Ventures, a rodada contou também com envolvimento de fundos ativos em VC no Brasil e América Latina:

  • Norte Ventures
  • Delphi Digital
  • Karatage
  • Fourth Revolution Capital
  • Monoceros
  • 32bit Ventures
  • Snackclub

O que faz a Jungle

Aberta em setembro do ano passado, em São Paulo, a Jungle tem como missão ajudar criadores de jogos online a colocarem as ideias, desenhos e enredos desses games também na web3, a parte da internet desenvolvida ao redor da tecnologia blockchain.

O negócio chega ao mercado pelas mãos dos empreendedores João Beraldo, Giulio Ferraro e Lucas Kertzman, que acumulam experiência em venture capital e em outros provedores de serviços e tecnologia para startups.

Os três entendem haver espaço para atuar na assessoria para publishers de pequeno porte — um negócio normalmente formado por programadores trabalhando em rede e cada um na sua casa. A missão: ajudar essa turma a vender suas criações a grandes estúdios de games, onde a conversa costuma ser coisa séria.

Por isso, a Jungle aposta na compra de propriedades intelectuais subutilizadas de empresas de jogos estabelecidas, para então desenvolver a visão do produto e a estratégia de mercado.

Como a web3 influencia o negócio

"Criamos um modelo que nos permite ser mais rápidos, mais eficientes financeiramente no mercado e, ao mesmo tempo, proporcionando uma qualidade de entretenimento maior", diz o CEO João Beraldo.

"Ao adquirir jogos já desenvolvidos, conseguimos sair anos à frente de qualquer competidor que está produzindo um jogo do zero."

A web3 é o pano de fundo da tese de negócio ao permitir ativos tokenizáveis e, de quebra, o comércio entre jogadores de produtos e serviços comprados por eles dentro de um jogo — armas, munições, determinados cenários de jogos e por aí vai.

"Isso tudo ampliou demais o mercado de games, cujos clientes já eram muito engajados", diz Beraldo.

Quais são os jogos previstos

Com lançamento previsto para 2023, o primeiro título da Jungle será um FPS (first person shooter) mobile.

Projetado para um público amplo, o jogo está sendo desenvolvido sobretudo para o público brasileiro.

Além disso, permitirá que os jogadores sejam donos dos ativos coletados durante as partidas, trazendo o poder da propriedade digital e economias de mercado livre para o mobile.

“Criaremos jogos que priorizam a diversão, otimizados para mobile e habilitados para blockchain”, diz Beraldo.

“Para que os jogos da web3 atinjam todo o seu potencial, os desenvolvedores devem criar jogos nos quais os jogadores venham pela experiência do produto e fiquem pela economia. O modelo inverso, que é o estado atual da indústria, não nos levará à adoção em massa. Para alcançar novos públicos e expandir o mercado, precisaremos melhorar como indústria, e é isso que a Jungle chega para fazer.”

Por que a Jungle chamou a atenção de investidores

Para os investidores, a Jungle traz a promessa de ganhos rápidos numa indústria promissora como a de games.

"A Jungle está inovando o modelo atual de criação de jogos web3, adquirindo propriedade intelectual de empresas de jogos estabelecidas e publicando de maneira rápida", disse Carlos Pereira, sócio da Bitkraft.

"A equipe tem experiência anterior trabalhando para uma das maiores empresas de jogos da América Latina e estou confiante de que eles podem elevar o protagonismo da região em web3 Gaming ao fazer o lançamento do primeiro jogo."

"Muitos jogos bem financiados e equipes experientes tiveram lançamentos sem sucesso devido a um timing difícil, marketing mal ajustado ou cronogramas de lançamento irrealisticamente ambiciosos”, disse Brandon Potts, diretor da Framework Ventures.

"Achamos a abordagem da Jungle muito inteligente ao adquirir e otimizar jogos preexistentes. Aproveitando propriedades intelectuais subutilizadas, achamos que a Jungle poderia evitar a necessidade de reinventar a roda quando se trata de desenvolvimento de jogos web3, permitindo que eles implantem e se adaptem rapidamente nesse novo ecossistema em rápido crescimento. É uma abordagem realmente inovadora."

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