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Em meio à Lava Jato, Itaú ficou mais conservador, diz Setubal

Na esteira das investigações, que atingiram grandes empresas do país, o banco achou por bem reforçar o seu time de compliance

Roberto Setubal: "a gente está cautelosamente otimista como o ano de 2017" (Paulo Fridman/Bloomberg)

Roberto Setubal: "a gente está cautelosamente otimista como o ano de 2017" (Paulo Fridman/Bloomberg)

Luísa Melo

Luísa Melo

Publicado em 7 de fevereiro de 2017 às 17h51.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2017 às 18h07.

São Paulo - Na esteira da Operação Lava Jato, que culminou na prisão dos comandantes de algumas das maiores empresas do país – e em perdas reconhecidas pelos bancos em seus balanços, por conta da inadimplência dessas mesmas companhias – o Itaú achou por bem ampliar o seu time de compliance.

A área, dedicada a identificar e investigar possíveis condutas irregulares, foi a única que cresceu dentro do banco em 2016.

"O que aconteceu com isso tudo é que a gente ficou ainda mais rigoroso (na concessão de crédito)", disse Roberto Setubal, presidente do Itaú-Unibanco, em entrevista a jornalistas nesta terça-feira em São Paulo.

De acordo com ele, o objetivo é prevenir que a instituição acabe sendo usada para lavagem de dinheiro, apesar de nenhum problema desse tipo ter sido identificado internamente. O executivo creditou o reforço não apenas à Lava Jato, mas "ao ambiente mais complexo que a gente está vivendo".

Lucro em queda e retomada

O Itaú teve um lucro líquido de 21,6 bilhões de reais no ano passado, queda de 7,4% ante 2015. No último trimestre, os ganhos líquidos foram de 5,5 bilhões, recuo de 2,7% na comparação anual.

Porém, o resultado líquido recorrente, que exclui eventos extraordinários, chegou a 5,81 bilhões, número 1,7% maior do que o registrado 12 meses antes.

O lucro anual do Itaú não encolhia desde 2012. A retração já era esperada e foi atribuída, principalmente, ao aumento das despesas de provisão para devedores duvidosos (PDDs).

As reservas para cobrir calotes somaram 26,15 bilhões de reais em 2016, um aumento de 9,7% frente a 2015.

Ao longo de 2017, essas provisões devem ser reduzidas, de acordo com Setubal, já que a inadimplência está em queda.

O índice de atrasos para dívidas vencidas acima de 90 dias fechou em 3,4% em dezembro, ante 3,9% em setembro. Os calotes diminuíram em todos os segmentos, tanto para pessoas físicas quanto para grandes e pequenas empresas.

"A notícia boa é exatamente essa", frisou o executivo.

A tendência é que os números continuem a melhorar, no embalo do ambiente macroeconômico. O Itaú prevê um crescimento de 1% no PIB neste ano, ante uma expectativa de retração de 3,4% em 2016.

"A gente está cautelosamente otimista como o ano de 2017", disse Setubal. Ele aposta num cenário externo favorável, vê os cortes na taxa Selic com bons olhos e acredita que as pessoas e empresas vão reduzir suas dívidas durante este ano.

Também diz que o banco "com certeza" vai acompanhar a queda taxa básica e reduzir os juros cobrados dos clientes.

Conservador

Os empréstimos concedidos pelo Itaú (incluindo avais, fianças e títulos privados como debêntures) chegaram a 598,4 bilhões de reais em 2016, um recuo de 11% frente ao ano anterior. É o resultado mais conservador dentre os apresentados até agora.

No Santander, a carteira de crédito expandida encolheu 2,5% em 12 meses, atingindo 322,78 bilhões de reais. No Bradesco, os financiamentos aumentaram 8,6%, para 515,0 bilhões, considerando a consolidação do recém-adquirido HSBC.

Nas projeções oficiais, o Itaú considera a possibilidade de que sua carteira diminua ou cresça 2% em 2017, mas Setubal disse que espera que os empréstimos comecem a se expandir em função do provável aumento da demanda.

A rentabilidade sobre o patrimônio líquido do Itaú, indicador que mede como um banco remunera seus acionistas, foi de 19,8% em 2016. No Santander, o retorno ficou em 17,6% e, no Bradesco, em 13,3%.

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