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Em dois anos, a Coca-Cola investiu R$ 11 bilhões no Brasil. E tem sede por (muito) mais

Com 33 fábricas e mais de 570 mil empregos na cadeia, o sistema Coca-Cola movimenta R$ 87,5 bilhões por ano na economia brasileira, mostra novo levantamento

Luciana Staciarini Batista, CEO da Coca-Cola Brasil e Cone Sul: “O Brasil segue sendo prioridade. Vamos continuar investindo”. (Divulgação/Divulgação)

Luciana Staciarini Batista, CEO da Coca-Cola Brasil e Cone Sul: “O Brasil segue sendo prioridade. Vamos continuar investindo”. (Divulgação/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 7 de outubro de 2025 às 09h33.

A Coca-Cola está há mais de 80 anos no Brasil, é líder absoluta em refrigerantes e está presente em mais de 1 milhão de pontos de venda. Ainda assim, decidiu investir 11 bilhões de reais nos últimos dois anos para expandir sua operação no país.

A movimentação não é isolada.

O Brasil se tornou o quarto maior mercado global da Coca-Cola, atrás apenas de Estados Unidos, México e China.

O modelo local, baseado em sete fabricantes e 33 fábricas, forma uma rede de produção e distribuição que vai do campo ao varejo, com mais de 570.000 empregos na cadeia produtiva.

Agora, pela primeira vez, a Coca-Cola usou uma metodologia padronizada internacionalmente para medir o impacto socioeconômico do sistema no Brasil, com a ajuda da consultoria Steward Redqueen. O resultado: 87,5 bilhões de reais gerados por ano — o equivalente a 0,7% do PIB nacional.

“É a consequência de um sistema muito distribuído, com forte presença local. Essa é parte da nossa fórmula secreta”, afirma Luciana Staciarini Batista, CEO da Coca-Cola Brasil e Cone Sul.

Com 7 bilhões de reais investidos só em 2025 e 4 bilhões no ano anterior, a companhia vê o Brasil como uma das principais alavancas de crescimento global. E aposta em novas categorias, embalagens retornáveis e uma logística mais eficiente para manter esse ritmo.

O impacto da Coca-Cola no Brasil em números

O estudo divulgado neste mês mostrou que a Coca-Cola é responsável por movimentar 87,5 bilhões de reais por ano na economia brasileira.

O número representa 0,7% do Produto Interno Bruto do país, com impacto em toda a cadeia — da produção agrícola ao varejo.

São 574.000 empregos gerados no total, sendo 50.000 diretos e mais de 520.000 indiretos.

Segundo o levantamento, 25,9 bilhões de reais foram movimentos com pagamentos de salários, e 28,2 bilhões de reais correspondem ao impacto direto no comércio.

O sistema também investiu 14,6 bilhões de reais  na compra de bens e serviços de empresas brasileiras.

Um ponto destacado pela pesquisa é o efeito multiplicador do consumo: a cada dólar gasto pelos consumidores em bebidas da Coca-Cola, são gerados 94 centavos de dólar em valor para a economia, de acordo com o levantamento.

Isso ocorre porque a operação está conectada a uma rede de parceiros que inclui agricultores, fábricas, centros de distribuição e varejistas de todos os portes.

“Não se trata apenas de produzir bebidas que fazem parte do dia a dia das pessoas. Nosso modelo de negócios nos permite operar como um motor econômico robusto, promovendo emprego, renda e impacto direto na vida de milhares de famílias”, diz Luciana.

Por que investir mais em um mercado já consolidado?

Apesar da liderança no setor de bebidas, a Coca-Cola ainda vê espaço para crescer no Brasil — e esse é o principal motivo dos investimentos recentes.

Em 2025, a companhia inaugurou 14 novas linhas de produção, ampliando a capacidade de fábricas existentes e diversificando categorias.

Parte dessas novas linhas são voltadas para embalagens retornáveis, que tornam o produto mais acessível e sustentável. Outras atendem categorias em crescimento, como sucos, isotônicos e água mineral.

Segundo a executiva, o Brasil apresenta oportunidades que já se esgotaram em mercados mais maduros.

“Inclusive quando a gente compara com outros países em termos de consumo, vemos espaço relevante para seguir crescendo. E isso vem acontecendo, tanto que o Brasil tem sido citado nos relatórios corporativos como uma das alavancas de crescimento da companhia.”

Esse crescimento também exige reforço logístico. A Coca-Cola investiu em novos centros de distribuição, ampliação de frotas e equipamentos para exposição refrigerada nos pontos de venda — parte essencial da estratégia.

“Para o consumidor, o produto precisa estar acessível e gelado. Isso também faz parte do investimento”, diz a CEO, que observa também uma nova tendência: o de bebidas zero.

"A categoria zero está crescendo bastante no Brasil. Nosso papel é oferecer boas opções para todos os perfis de consumo, com o melhor sabor possível.”

Segundo ela, o consumidor brasileiro tem demonstrado apetite por produtos com menos açúcar e menor valor calórico, sem abrir mão da experiência da marca.

Apesar disso, o produto tradicional ainda é o carro-chefe da empresa. “Coca-Cola Original segue sendo o líder, mas vemos crescimento acelerado das opções zero”, diz.

Esse comportamento também reflete mudanças culturais e maior atenção à saúde no consumo diário. Para sustentar essa transição, a empresa tem investido em tecnologia para garantir que os produtos zero mantenham sabor similar às versões tradicionais — um ponto que exigiu anos de pesquisa e desenvolvimento. O resultado, segundo a CEO, é uma adaptação que equilibra preferências regionais com tendências globais.

Regionalização e o poder do sistema engarrafador

A Coca-Cola opera com um sistema distribuído que permite adaptações regionais — uma das grandes forças da marca no Brasil.

São sete grupos fabricantes, cada um com atuação específica em determinadas regiões. Isso permite, por exemplo, que a empresa desenvolva produtos como Fanta Caju para o Nordeste e invista na produção de mate no Sul.

“Essa conexão local é o que torna nosso modelo único. Somos um sistema 100% integrado com o Brasil, movido por brasileiros em todas as etapas da cadeia de valor — do campo à indústria, da logística ao comércio”, afirma Luciana. “O Brasil segue sendo prioridade. Vamos continuar investindo”.

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