App "Oi Livre": por meio do serviço lançado nesta semana, clientes podem fazer recargas e gerenciar consumo de dados (Divulgação/Oi)
Luísa Melo
Publicado em 4 de agosto de 2016 às 13h41.
São Paulo - Com 65,4 bilhões de reais em dívidas e em processo de recuperação judicial, a Oi enxerga nos serviços conectados uma saída para tentar se reerguer.
"O digital não é só mais uma aposta. É uma das principais alavancas para transformar a empresa", disse Maurício Vergani, diretor de estratégia e transformação do negócio da operadora, em entrevista a jornalistas nesta quarta-feira.
De acordo com ele, as inciativas nessa frente reduzem as despesas com vendas, o que deve contribuir para um melhor desempenho financeiro.
O executivo não disse quanto a companhia deve economizar, mas afirmou que as vendas online custam 20% do valor das feitas em canais tradicionais, como lojas e telefone.
A meta da Oi é que 20% das receitas venham do comércio pela web e aplicativos até 2020. Hoje, essa fatia está em 4%.
Para alcançar o objetivo, ela acaba de lançar o app do plano pré-pago Oi Livre, por meio do qual os clientes poderão fazer recargas e gerenciar o consumo de internet e minutos de ligação.
Por enquanto, o serviço só está disponível para o estado do Rio de Janeiro e, até o fim do ano, deve ser estendido ao restante do país.
Outra aposta da Oi para cortar gastos é a digitalização de faturas. Ela gasta cerca de 300 milhões de reais por ano com a postagem de contas.
"Podemos ter uma redução importante de custo nessa linha, mas dependemos da adesão do cliente, por isso não dá para fazer estimativas", disse Vergani.
Segundo ele, uma pesquisa feita pela empresa descobriu que o índice máximo de digitalização de faturas no mercado de telecomunicação é de 4%.
Mais apostas
Ainda sob o guarda-chuva da digitalização, a Oi tem um aplicativo para o plano Oi Mais Empresas.
Por meio dele, as pequenas e médias empresas que assinam o pacote podem pedir serviços e reparos para suas linhas telefônicas.
As solicitações feitas através do app são resolvidas em um terço do tempo que levariam no call center, segundo a operadora.
Cerca de 150.000 empresas já usam o serviço, aproximadamente 13% do total de PMEs clientes.
A ideia é lançar soluções do tipo para outros planos controle e pós-pago da empresa até o fim deste ano.
Está sendo desenvolvido ainda um aplicativo para banda larga que funcionará como um "técnico virtual" e corrigirá problemas de rede. Ele deve diminuir os atendimentos em 40%.
Também entrará no portfólio um outro app para auxiliar os profissionais na instalação de roteadores. A configuração do aparelho que hoje leva cerca de duas horas poderá ser feita em menos de cinco minutos, de acordo com a companhia.
Vergani não abriu o valor dos investimentos em digital, mas disse que "eles são prioritários para a Oi".
A empresa divulga os resultados do último trimestre na próxima semana.
De janeiro a março, suas receitas somaram 6,48 bilhões de reais, queda de 2,4% ante igual intervalo de 2015. O prejuízo acumulado no período foi de 1,64 bilhão de reais.
Recuperação
Para os executivos da operadora, o processo de recuperação judicial não compromete as iniciativas de digitalização nem o atendimento aos clientes.
"Continuamos com foco total na operação. A negociação com os credores está sendo feita por outro grupo exatamente por isso", disse o diretor de varejo da companhia, Bernardo Winik.
De acordo com ele, as vendas seguem em ritmo "absolutamente normal" e o volume de recargas registrado em julho superou o do mês passado, quando o pedido de ajuda foi feito à Justiça.
"[A recuperação judicial] é um processo que não tem nada a ver com os clientes e que serve exatamente para permitir a continuidade da operação", completou.
A Oi disse que realizou pesquisas para levantar as dúvidas que os consumidores têm sobre essa situação e que elas estão sendo esclarecidas por e-mail e telefone.