Daslu: dinheiro do caixa usado para compra do jornal A Tarde não teria entrado, segundo a DSL (MARIO RODRIGUES)
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de dezembro de 2016 às 09h23.
Última atualização em 5 de dezembro de 2016 às 09h24.
São Paulo - A Daslu foi símbolo do comércio de luxo de São Paulo, alvo de investigações de sonegação fiscal e enfrenta uma grave crise financeira.
Agora, a empresa está diante de um novo problema: uma disputa em torno de um suposto desvio de R$ 1,5 milhão. O empresário baiano Crezo Suerdieck é acusado de ter usado o dinheiro do caixa para comprar o jornal A Tarde, na Bahia.
Ele também teria pagado com recursos da Daslu uma feijoada e um camarote no carnaval de Salvador. Seu sócio, o advogado Felício Valarelli, ainda teria assinado pela empresas dois contratos de prestação de serviços de advocacia de R$ 430 mil com ele mesmo.
Segundo as acusações, Crezo e Valarelli teriam se comprometido a aportar R$ 16 milhões na companhia, quando compraram parte da sociedade no ano passado.
O dinheiro não entrou, segundo acusa a DSL, atual nome comercial da Daslu. Crezo diz que foi dado um terreno em Mato Grosso como garantia do aporte, mas que por falta de assembleia de acionistas, impedida pela Justiça, não foi possível concretizar a transferência. A DSL diz que o terreno sequer existe.
Sobre o carnaval, Crezo diz que foi uma decisão da diretoria de marketing. Sobre a compra da Tarde que foi um mútuo, autorizado pela diretoria, quanto ao contrato com Valarelli, era para resolver dívidas fiscais da empresa, e que também seria com aprovação da diretoria.
O atual representante da marca e diretor da empresa desde 2011, Eduardo Duarte, - que entrou na companhia pelas mãos do outro sócio, Marcus Elias, - diz que não havia como saber o que estava acontecendo nos três meses em que Crezo passou no comando da empresa.
Ele teria demitido a equipe que comandava a marca e nomeado os próprios diretores. Em fevereiro, uma liminar da Justiça impediu a assembleia que ratificaria os nomes. Com isso, Crezo foi afastado da administração.
A troca de acusações em torno do desvio do caixa da empresa será resolvida por uma perícia, determinada pela Justiça de São Paulo. A partir daí será possível saber quem tem razão.
Se Crezo, que ascendeu nos negócios em São Paulo comprando empresas em dificuldades como a MobiSystem. Ou se é Marcus Elias, também conhecido pela experiência com empresas em dificuldades. Elias responde a processo por crimes financeiros na compra da Parmalat.
Esse processo foi responsável pelo bloqueio do dinheiro do empresário, o que teria impedido novos investimentos na Daslu e a consequente venda de parte do capital. Agora, ele espera recuperar o dinheiro, vendendo franquias.
R$ 16 mi é quanto os sócios da empresa Crezo e Valarelli teriam se comprometido a investir na companhia quando compraram parte da sociedade no ano passado