Negócios

Em CPI, Eike defende Lava Jato mas atribui sua prisão a um "erro"

Eike foi preso em janeiro após dois doleiros dizerem que ele pagou US$ 16,5 milhões a Sérgio Cabral, ex-governador do Rio, em propina

Eike Batista: Eike foi evasivo ao abordar questões relacionadas às acusações que responde (Ueslei Marcelino/Reuters)

Eike Batista: Eike foi evasivo ao abordar questões relacionadas às acusações que responde (Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 29 de novembro de 2017 às 18h51.

Brasília - Convocado pela CPI do BNDES do Senado para explicar seus negócios com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o empresário Eike Batista, dono do grupo EBX, voltou a defender a Operação Lava Jato, mas atribuiu a um "erro" a sua prisão.

"Muitas vezes países passam por processos. Acho que isso é excelente. Acho que o trabalho que está sendo feito é excelente, mas revoluções cometem alguns erros", disse o empresário ao ser questionado sobre o motivo da sua prisão na Lava Jato.

Eike foi preso em janeiro após dois doleiros dizerem que ele pagou US$ 16,5 milhões a Sérgio Cabral, ex-governador do Rio, em propina.

Ele foi denunciado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O empresário responde ao processo em liberdade após o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), conceder habeas corpus, em abril deste ano.

Respaldado por um decisão do ministro Luís Roberto Barroso, também do STF, que lhe deu o direito de não responder perguntas que pudessem produzir provas contra si próprio, Eike foi evasivo ao abordar questões relacionadas às acusações que responde. O resultado foi uma sessão esvaziada, em tom cordial e com troca de cortesias na maior parte do tempo.

Investimentos

Como se falasse a investidores, o empresário citou números de empreendimentos lançados pelo grupo EBX, hoje na mão de outros grupos empresariais, e negou irregularidades nos repasses recebidos do BNDES, que somaram cerca de R$ 15 bilhões entre 2005 e 2014, segundo ele.

Logo no início de sua apresentação, exibiu um vídeo de cinco minutos sobre o Porto de Açu, no Rio de Janeiro.

"Esses portos, principalmente o Açu, ele serve a todo o Brasil, serve a todos os empresários", disse Eike, ao justificar o aporte de mais de R$ 3 bilhões do BNDES no projeto. "Acho que a função do BNDES foi cumprida."

"Sou brasileiro, sempre fui um soldado do Brasil. Meus recursos sempre foram investidos aqui", disse ele ao ser questionado sobre aportes do banco no exterior.

Alerta

Em janeiro deste ano, ao ser preso, Eike deu declarações nas quais indicava saber de irregularidades em concessões de empréstimos do BNDES)."Vocês que estão passando o Brasil a limpo, por favor, essa é uma área crítica", disse na ocasião.

Segundo ele, a crítica se referia a estratégias que julgou erradas do banco, como investir em estaleiros em diversos locais do País. "Talvez eu devesse vir mais vezes a Brasília. Não sou um rato político. Talvez eu devesse vir aqui (no Congresso), em algumas comissões, e dizer que talvez fosse melhor se fazer uma Embraer dos mares", afirmou.

O empresário também negou ter sido favorecido pelas gestões petistas. "Me ressinto do fato de a mídia me colocar como filhote de determinados partidos", disse. "Comecei a me encontrar com o presidente Lula em meados de 2012. Só ali comecei a vir a Brasília, e só porque o grupo não tinha recebido áreas do pré-sal. E nossa relação com a Petrobras sempre foi catastrófica", afirmou Eike.

Ele, no entanto, confirmou ter repassado cerca de R$ 2 milhões ao PT após pedido do então ministro da Fazenda, Guido Mantega, em 2012. A declaração, feita inicialmente ao Ministério Público, motivou pedido de prisão de ex-ministro no ano passado, depois revogada.

Acompanhe tudo sobre:BNDESCPIEike BatistaOperação Lava Jato

Mais de Negócios

De food truck a 130 restaurantes: como dois catarinenses vão fazer R$ 40 milhões com comida mexicana

Peugeot: dinastia centenária de automóveis escolhe sucessor; saiba quem é

Imigrante polonês vai de 'quebrado' a bilionário nos EUA em 23 anos

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira