Elvis Tinti, CEO da NIKY: O obvjetivo é fornecer benefícios que "aumentem a felicidade do funcionário" (Eduardo Frazão /Divulgação)
EXAME Solutions
Publicado em 24 de julho de 2024 às 18h00.
Última atualização em 25 de julho de 2024 às 11h13.
Profissionais que foram contratados ou desligados remotamente. Colaboradores que nunca pisaram na sede da empresa. Empregados que moram a milhares de quilômetros de distância do gestor imediato. Até pouco tempo atrás, não se ouvia falar de nada disso. Com o advento do trabalho remoto e das jornadas híbridas, nos quais inúmeras empresas passaram a apostar por motivos óbvios, o relacionamento dos funcionários com suas companhias mudou radicalmente. Mas, até aí, nenhuma novidade.
O que ainda chama a atenção — e muito — é um dos reflexos desse fenômeno: a explosão das HRTechs. Falamos das startups que estão ajudando a revolucio- nar a forma como as empresas contratam, treinam, retêm e desenvolvem seus colaboradores. Pelas contas da plataforma Statista, as HRTechs deverão faturar 5,7 bilhões de dólares neste ano, um salto de 28% em relação a 2022. Já o valor movimentado pelas empresas incumbentes desse meio, que também se veem obrigadas a oferecer soluções inovadoras em razão das novas dinâmicas de trabalho, deverá crescer 10,5% — de 67,5 bilhões de dólares, em 2023, para 74,6 bilhões de dólares neste ano.
Com sede em São Paulo, a Niky é uma das HRTechs mais bem-sucedidas. Em resumo, ela aposta em benefícios flexíveis. Ou seja, permite que os colaboradores tenham liberdade na hora de gastar as quantias depositadas pelos empregadores a título, por exemplo, de vale-refeição ou vale-alimentação. Mas ela não para por aí. Com a ajuda de com- panhias parceiras, também facilita o acesso a planos de saúde e ao Gympass ou ao TotalPass, entre outros benefícios do tipo. No total, a HRTech firmou parcerias com mais de 400 empresas, que oferecem descontos para quem tem um cartão da Niky.
“Nosso objetivo é fornecer benefícios que aumentem a felicidade dos funcionários”, resume Elvis Tinti, CEO e um dos sócios da Niky. Em agosto, a startup pretende agregar mais um serviço à plataforma: a concessão de crédito para os colaboradores. “Ajudá-los a acabar com eventuais dívidas e a realizar sonhos é um grande benefício”, acrescenta o executivo. Atualmente, a startup presta serviço para 128 empresas, como Nestlé, Conta Black, Proteste e Ame. Sua carteira já abarca mais de 40.000 funcionários. Com os novos contratos que ainda estão em fase de implantação, a expectativa é chegar a 100.000 até o fim deste ano.
A Niky foi fundada em 2015 com outro nome. Inicialmente, atuava no segmento de banking as a service (baas). Com a chegada de Tinti, em 2021, adotou o nome atual e se converteu em uma HRTech. O CEO não revela quanto ela fatura, mas informa que as receitas cresceram 67% no ano passado, em relação a 2022, e que para este ano está previsto um salto de 62%. “A flexibilização e o aprimoramento dos benefícios destinados aos funcionários tendem a reduzir as taxas de turnover em cerca de 34%, o que faz todo o sentido”, afirma Tinti. “O risco de alguém dar adeus a uma empresa que preza pela qualidade de vida dele é muito pequeno.”
Um dos grandes desafios que muitos gestores enfrentam, atualmente, é o da alta rotatividade de funcionários. De acordo com a Gartner, as companhias eram obrigadas, em média, a repor cerca de 20% do quadro de colaboradores por ano — isso até a pandemia. Em 2022, a taxa de rotatividade subiu para 24%. Significa que uma empresa com 25.000 em- pregados, por exemplo, pode ser obrigada a repor 6.000 vagas em um único ano. De acor- do com o Human Capital Insti- tute, companhias que investem em desenvolvimento pessoal costumam aumentar o engajamento dos colaboradores em 56% e melhorar a taxa de retenção de talentos em 36% — quase o mesmo percentual registrado pela Niky.
Nascido em São Paulo há 44 anos, Tinti trabalha desde os 13. Debutou na tecelagem da mãe dele, de quem diz ter herdado a veia empreendedora. Aos 14 anos, passou a trabalhar como office-boy de uma empresa de cobrança — de onde saiu, aos 18, como faturista, ofício do qual ninguém mais ouve falar. Depois foi trabalhar em uma empresa de autopeças para, em seguida, prestar concurso público para a Nossa Caixa — no extinto banco, incorporado pelo Banco do Brasil em 2009, atuou por quatro anos. O CEO da Niky trabalhou ainda em outras empresas que dispensam apresentações, como GetNet e PicPay, onde exerceu cargos de liderança. Experiência no mundo corporativo, portanto, e nas mais diversas posições, ele tem de sobra.