Negócios

Em 11 anos, essa empresa do Sul saiu do zero para receitas de R$ 660 milhões com comércio exterior

Grupo 3S Corp, fundado pelos gaúchos Gabriel Spohr e Lucas Vogt Schommer, resolve a burocracia para importar ou exportar bens do Brasil. Em 2023, empresa quer chegar ao primeiro bilhão com expansão por franquias

Gabriel Spohr e Lucas Vogt Schommer, do Grupo 3S Corp: meta de faturamento de R$ 1 bilhão em 2023 com franquias de comércio exterior (Divulgação/Divulgação)

Gabriel Spohr e Lucas Vogt Schommer, do Grupo 3S Corp: meta de faturamento de R$ 1 bilhão em 2023 com franquias de comércio exterior (Divulgação/Divulgação)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 27 de abril de 2023 às 15h46.

Última atualização em 27 de abril de 2023 às 16h12.

A guerra na Ucrânia, a tensão entre Estados Unidos e China, e os rescaldos do desabastecimento de fábricas ao redor do mundo em razão das quarentenas na pandemia, colocaram muitas dúvidas sobre o fluxo do comércio exterior em 2023. 

Virou tendência falar de "slowbalisation", o apelido para uma globalização com mais protecionismo. Ou, então, de "nearshoring", que é a prática de realocar cadeias logísticas para perto das matrizes das empresas, ou dos principais mercados consumidores ou, ainda, para longe de fornecedores em solo chinês.

Tudo isso faz parte do dia a dia do administrador gaúcho Lucas Vogt Schommer, de 36 anos, e do sócio dele, o conterrâneo e também administrador Gabriel Spohr, de 37. 

Quem são os empreendedores

Ambos são fundadores da 3S Corp, uma empresa criada em Novo Hamburgo, na Grande Porto Alegre, em 2011, para dar assessoria de comércio exterior a empresas gaúchas interessadas em entrar em cadeias globais de produção — seja importando insumos e produtos acabados, seja exportando tudo isso.

Ambos são um exemplo de empreendedores hábeis em buscar oportunidades de negócios num Brasil que, apesar dos desafios e das incertezas, vem conseguindo avançar em algumas frentes.

A frente aproveitada pelo Grupo 3S Corp, a do comércio exterior, é uma das fortalezas da economia brasileira nos dias de hoje.

Mesmo com as ameaças externas já citadas, e com a burocracia do ambiente de negócios por aqui, a abertura comercial está aumentando

No ano passado, a balança registrou US$ 607 bilhões, uma expansão anual de 21,5%, um recorde, e um superávit de US$ 62 bilhões, outro recorde. 

Muito disso é puxado por um bom preço de matérias-primas exportadas pelo Brasil e por mais importações de bens e serviços feitas por empresas brasileiras.

O negócio de Vogt Schommer e Spohr aproveitou justamente o bom momento do comércio exterior para colocar de pé uma estratégia de expansão acelerada, sobretudo atendendo empresas interessadas em importar componentes fabricados em países asiáticos para o Brasil.

"O ano de 2022 foi muito positivo. O Brasil avançou consideravelmente na inserção internacional, bateu recordes de superávit, impulsionado por medidas que o governo facilitou para importação e exportação e abriu novos mercados para o setor produtivo nacional", diz Vogt Schommer. 

"O importador não é vilão, mas sim um importante gatilho para trazer novos insumos, tecnologia, potencializar produtos nacionais e fortalecer um macroambiente para a indústria nacional."

O que faz a 3S Corp

A 3S Corp define a função dela como um one-stop-shop para uma empresa resolver obrigações alfandegárias nas trocas com o exterior.

A lista de serviços oferecidos inclui:

  • Consultoria sobre benefícios fiscais estaduais, como o ICMS
  • Apoio em pedidos de drawback (suspensão de tributos incidentes sobre insumos importados para uso em produto exportado)
  • Assessoria cambial
  • Regularização de pendências junto à Receita Federal
  • Planejamento para redução de custos no comércio exterior

Em 2022, a empresa faturou R$ 660 milhões, praticamente o dobro do que havia faturado no ano anterior. 

De 2019 para cá, o número de clientes multiplicou por cinco — atualmente são 500.

Por que a empresa cresceu tanto

Por trás dos números superlativos está a estratégia de verticalizar boa parte da operação, diz Schommer. 

De cinco anos para cá, ele mudou-se para Itajaí, cidade portuária no litoral catarinense com uma das melhores logísticas do país.

A mudança foi para gerenciar a operação da 3S Corp na cidade, que inclui a gestão de galpões logísticos para o armazenamento de cargas dos clientes. 

Na conta da mudança estão ainda benefícios fiscais concedidos pelo estado de Santa Catarina aos negócios dispostos a fazer comércio exterior através dos cinco portos do estado — Itajaí sendo o maior deles. 

Quem opta pela região consegue abatimentos de até 90% na alíquota do ICMS devida numa operação desse tipo.

Para onde vai o negócio

Para este ano, a meta é chegar ao primeiro bilhão de reais em faturamento.

Para isso, aposta numa expansão por meio de franquias. No início do ano, a empresa lançou a Upsell Comex, um spin-off que serve como uma espécie de posto avançado dos serviços da 3S Corp.

"A Upsell é um canal de aquisição importante para expansão da entrega de soluções em comércio exterior da empresa", diz Larissa Anselmo, CEO da Upsell Comex. 

A meta é abrir 75 franquias neste primeiro ano de atuação.

"O comércio exterior é uma área bastante técnica, é necessário muito conhecimento, certificações, acompanhamento de mercado, acompanhamento operacional, lidar com riscos, por isso é tão difícil expandir a área operacional", diz Anselmo. 

"Com uma franquia de comércio exterior, o franqueado foca na venda e nós executamos a parte operacional, transferindo know-how ao franqueado, para que ele se torne referência no mercado e também perante o seu cliente."

Larissa-upsell

Larissa Anselmo, CEO da Upsell Comex: promessa de transferência de know-how de comércio exterior ao franqueado (Divulgação/Divulgação)

Acompanhe tudo sobre:Comércio exteriorFranquiasEmpreendedorismo

Mais de Negócios

Imposto a pagar? Campanha da Osesp mostra como usar o dinheiro para apoiar a cultura

Uma pizzaria de SP cresce quase 300% ao ano mesmo atuando num dos mercados mais concorridos do mundo

Startup cria "programa de fidelidade" para criadores de conteúdo e times de futebol

Sem antenas, mas com wi-fi: esta startup chilena quer ser a "Netflix" da TV aberta