Eduard Haegel: "ficou claro que possuíamos vantagens competitivas" (Carla Gottgens/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2017 às 17h01.
Melbourne - As observações de Elon Musk, da Tesla, a respeito do importante papel desempenhado pelo boom dos veículos elétricos ajudaram a inspirar a maior mineradora do mundo, a BHP Billiton, a investir em nova capacidade para atender a demanda crescente.
Em meio aos esforços para melhorar o desempenho de suas operações de níquel na Austrália, Eduard Haegel, presidente de ativos da unidade Nickel West da BHP, disse que “se deparou” com um vídeo com comentários de Musk, em 2016, ressaltando que as baterias dos veículos elétricos normalmente contêm quantidades maiores do metal do que de lítio.
“Quando nos debruçamos para entender melhor o mercado de baterias de íon de lítio, ficou claro que a demanda gerada pelos veículos elétricos estava acelerando”, disse Haegel, em entrevista nesta quarta-feira. “Também ficou claro que possuíamos vantagens competitivas.”
Como resultado, a BHP aprovou um projeto de US$ 43 milhões para iniciar a produção em sua refinaria, a partir de abril de 2019, de sulfato de níquel, um produto necessário para a fabricação de baterias de íon de lítio. A mudança transformará a BHP na principal exportadora do material, disse Haegel, em Kalgoorlie, na Austrália Ocidental.
A demanda global por níquel poderia mais do que dobrar até 2050, impulsionada em parte pela venda crescente de veículos elétricos, escreveu Eily Ong, analista da Bloomberg Intelligence, em relatório em junho. A demanda por níquel gerada pelas baterias de íon de lítio pode aumentar para mais de 190.000 toneladas por ano até 2030, contra cerca de 5.200 toneladas em 2016, projetou Julia Attwood, analista da Bloomberg New Energy Finance, em abril.
A BHP, com sede em Melbourne, está negociando com possíveis clientes em toda a Ásia e busca iniciar discussões com fabricantes de baterias. A produtora visitará o Japão, a Coreia do Sul e a China para discutir seus planos no mês que vem, disse Haegel na entrevista.
“Nós visitamos vários fabricantes diferentes”, disse Haegel. “Da próxima vez conversaremos com as empresas fabricantes de baterias. À medida que as pessoas se conscientizarem mais sobre as limitações da oferta, aqueles que estão no topo e na base da cadeia de abastecimento vão querer garantir a segurança da oferta.”
O foco no crescimento do mercado de baterias poderá mudar a perspectiva para a Nickel West. A empresa, que abarca de minas de níquel a instalações de processamento, foi excluída da segmentação dos ativos menores na South32 e uma tentativa de venda foi interrompida em 2014 por não conseguir atrair uma oferta adequada. A empresa assumiu US$ 2,6 bilhões em baixas contábeis antes de impostos com a operação desde 2012, segundo declarações.
O uso de níquel em baterias automotivas poderia quadruplicar se a participação dos veículos elétricos no mercado global atingir 10 por cento, disse o CEO da Glencore, Ivan Glasenberg, em dezembro. A demanda crescente do setor de baterias “terá um impacto disruptivo” nos próximos 10 anos sobre os mercados de níquel, cobre e cobalto, disse o CEO da Independence Group NL, Peter Bradford, na terça-feira, em entrevista à Bloomberg Television.