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Elogios aumentam especulação sobre sucessor de Buffett

O vice-presidente da Berkshire Hathaway alimentou a especulação sobre quem irá suceder Warren Buffett na presidência da companhia, ao elogiar dois executivos

O CEO da Berkshire Hathaway, Warren Buffett: o bilionário já disse que o conselho da empresa tem a “pessoa certa” para o cargo (Jeff Kowalsky/Bloomberg)

O CEO da Berkshire Hathaway, Warren Buffett: o bilionário já disse que o conselho da empresa tem a “pessoa certa” para o cargo (Jeff Kowalsky/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 2 de março de 2015 às 16h57.

Seattle - Os relatórios anuais de Warren Buffett para os acionistas da Berkshire Hathaway Inc. têm sua própria “Kremlinologia”.

Os investidores procuram neles qualquer indício sobre quem sucederá o CEO de 84 anos como os estudiosos da União Soviética procuravam pistas na sua opaca burocracia.

O bilionário deixou o mundo sem saber anteontem, quando reiterou que o conselho da empresa com sede em Omaha, Nebraska, tem a “pessoa certa” para o cargo, mas não identificou o executivo no documento.

O vice-presidente Charles Munger, 91, alimentou ainda mais a especulação. Em outra seção do texto, ele destacou dois gerentes da Berkshire – Ajit Jain e Greb Abel – como exemplos de executivos “líderes no mundo” que em certas formas são melhores do que Buffett.

“Charlie acaba de levar dois caras para o balcão do Kremlin e fazer com que acenassem para a multidão”, disse Jeff Matthews, investidor e autor de livros sobre a Berkshire, entre eles um sobre a sucessão. “Ele não teria feito isso sem motivo”.

Os comentários voltam a destacar dois gerentes que têm evitado assiduamente o alto perfil. Jain, 63, dirige a operação homônima de resseguro da Berkshire, que tem proporcionado uma fonte de fundos para que Buffett invista durante várias décadas. Abel, 52, supervisiona a unidade de empresas de energia.

A Berkshire tem gastado uma parte cada vez maior das suas crescentes arcas na divisão, em projetos e aquisições que dão retornos confiáveis.

Considerando a importância de ambos para o sucesso da empresa, não surpreendeu que Munger os mencionasse, disse David Rolfe, que administra cerca de US$ 11 bilhões, entre eles ações da Berkshire, na Wedgewood Partners Inc. Jain e Abel “sempre fizeram parte da minha pré-seleção”, disse ele.

Grandes riscos

Nascido na Índia, Jain se uniu à Berkshire em 1986 e liderou uma incursão no setor de resseguros contra danos a propriedades, a cobertura comprada pelas seguradoras para ajudá-las a custear os riscos mais caros.

Trabalhando em Stamford, Connecticut, ele desenvolveu uma empresa que agora representa a maior parte dos US$ 84 bilhões em flutuação da Berkshire. Ele organizou transações ligadas a todo tipo de sinistros, de furacões e asbesto até bolões de US$ 1 bilhão e a saúde do jogador de beisebol Alex Rodríguez.

A ascensão de Abel é mais recente e reflete uma transição na Berkshire para negócios regulados com uso intensivo de capital como empresas de energia e ferrovias.

Formado em Contabilidade, Abel vem do Canadá e se uniu à Berkshire quando Buffett adquiriu a maioria de uma companhia controladora de empresas de energia de Iowa em 2000.

Sob Abel, essa empresa – atualmente chamada Berkshire Hathaway Energy – se expandiu por meio de aquisições e reinvestimentos.

A empresa opera gasodutos que vão dos Grandes Lagos até o Texas e empresas de energia elétrica encarregadas da iluminação em estados como Oregon e Utah. A companhia também é uma das maiores produtoras de energia eólica e solar nos EUA.

Qualidades

Na sua carta, Buffett passou mais tempo discutindo as qualidades que ele estava procurando em um sucessor. Ele disse que a pessoa deveria ter que se concentrar em alocar capital entre dezenas de subsidiárias e ter um “entendimento geral dos negócios e conhecer bem a conduta humana”.

Ele também disse que a pessoa teria que antepor a empresa a si mesma e ser capaz de “lutar contra o ABC da decadência empresarial, que é arrogância, burocracia e complacência”.

Se a escolha for mesmo entre Abel e Jain, a decisão entre eles poderia ter a ver com o momento em que Buffett se demitir ou morrer, disse Matthews, o investidor e escritor.

Na sua carta, Buffett disse que os CEO da Berkshire deveriam ser suficientemente jovens como para passar pelo menos uma década na chefia. Seja qual for o escolhido, sem dúvida a especulação complicará as coisas para ambos os gerentes.

“Toda vez que eles falarem com um repórter, a pergunta vai ser: ‘Então, você acha que é o escolhido? Você sabe que é o escolhido?’”, disse Matthews. “Agora suas vidas são infinitamente mais complexas e menos divertidas”.

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