Tranchesi dava consultoria em todas as peças criadas para novas coleções, bem como nas maneiras como a marca seria divulgada (VEJA)
Tatiana Vaz
Publicado em 24 de fevereiro de 2012 às 20h07.
São Paulo – A empresária Eliana Tranchesi, que morreu na madrugada desta sexta-feira, em São Paulo, passou o último ano como consultora do império que ajudou a criar. Eliana era ex-dona da Daslu, primeira e maior marca de luxo no Brasil, fundada em 1958, pela mãe da empresária.
A Laep Investments, que comprou em fevereiro de 2011, os ativos e a marca Daslu, havia decidido manter a empresária na companhia para “não perder a essência da marca”. A empresária, desde então, passou a atuar como consultora da área de criação e marketing, dirigida pela executiva Patrícia Cavalcante, que trabalha na Daslu há mais de vinte anos.
Tranchesi dava consultoria em todas as peças criadas para novas coleções, bem como nas maneiras como a marca seria divulgada, além de participar de algumas reuniões estratégicas com a Laep. “Mas os cuidados com a saúde exigiam dela, no último ano, um cuidado mais intensivo”, disse uma pessoa ligada à companhia.
Ascensão e declínio
A Daslu foi fundada por Lúcia Piva de Albuquerque e sua sócia Lourdes Aranha, que começaram com o atendimento de amigas em uma casa no bairro residencial Vila Nova Conceição, bairro nobre da capital paulista. Sem vitrine, nem divulgação, a loja fazia desfiles de suas coleções para um público seleto e bem abastado.
Em 1980, com a morte de Lúcia, Eliana assumiu o negócio com a ideia de expandir a marcar e, aos poucos, criou uma linha própria de roupas, passou a atender também o público masculino, abriu lojas e passou a incluir itens de decoração e artigos de luxo em seu catálogo.
Em 2005, a Daslu inaugurou a glamorosa Vila Daslu, no bairro de Vila Olímpia, com 17 mil metros quadrados só para a loja e mais de 3 mil para o Terraço Daslu, onde eventos badalados repletos de celebridades, empresários e políticos aconteciam.
No mesmo ano, Eliana e o irmão Antônio Carlos Piva de Albuquerque foram acusados de formação de quadrilha, contrabando e falsificação de documentos, após uma operação da Polícia Federal apreender documentos e computadores da Daslu e constatar que a companhia sonegava impostos. Em 2009, os dois foram condenados a 94,5 anos de prisão.
Depois de entrar com pedido de recuperação judicial, em julho de 2010, a Laep aprovou em assembleia com os credores da butique o pagamento de 65 milhões de reais pela marca e ativos da empresa.