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Eletropaulo investe, mas chuvas ainda são desafio

Os investimentos feitos hoje têm como efeito medidas que reduzem os riscos de interrupção no fornecimento de energia

Uma das principais causas para interrupção de fornecimento de energia no período do verão é a queda de galhos na rede elétrica (Caio Coronel/Ag. Itaipu)

Uma das principais causas para interrupção de fornecimento de energia no período do verão é a queda de galhos na rede elétrica (Caio Coronel/Ag. Itaipu)

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Da Redação

Publicado em 26 de fevereiro de 2011 às 10h18.

São Paulo - Embora os investimentos da AES Eletropaulo cresçam 14% ao ano desde 2006, a empresa tem enfrentado problemas de interrupção no fornecimento de energia com as fortes chuvas registradas na capital e região metropolitana de São Paulo, área de concessão da empresa. "Se não estivéssemos investindo a situação seria pior", afirma Sidney Simonaggio, diretor executivo de operação da empresa.

Os investimentos mais fortes começaram nos últimos anos: com R$ 515 milhões investidos em 2009; R$ 682 milhões em 2010 e R$ 740 milhões previstos para esse ano. "Nossos aportes estão crescendo bem acima da expansão da demanda e dos nossos clientes", diz o executivo, ressaltando que a empresa nunca deixou de investir.

A situação nos primeiros anos de 2000, no entanto, não foi tão confortável. Impactada negativamente pelo racionamento de energia em 2001 e com sua controladora ainda endividada como herança do processo de privatização, a empresa reduziu nos anos seguintes seus investimentos. Passou de um aporte de R$ 360 milhões em 2000 para R$ 289 milhões em 2001 e R$ 180 milhões em 2002. Só voltando a atingir o patamar de R$ 377 milhões em 2006.

Praticamente todo o investimento feito hoje tem como efeito medidas que reduzem os riscos de interrupção no fornecimento de energia, segundo Simonaggio. "Metade vai para a troca de equipamentos, para manutenção da rede", diz. Neste sentido a empresa tem trocado postes e adotado um sistema de rede compacta onde o cabo é isolado por uma capinha, permitindo maior resistência da rede com quedas de árvores. "Já aconteceu de uma árvore cair inteira e ficar pendurada em fio dessa rede nova, sem que a energia fosse cortada", conta. A empresa não tem um levantamento da quantidade de postes trocados e de nova rede instalada.

Galhos e podas

Uma das principais causas para interrupção de fornecimento de energia no período do verão é a queda de galhos na rede elétrica correspondendo, na Eletropaulo, a 52% das causas de falta de luz. Um problema relativamente antigo que não tinha dono, uma vez que a prefeitura dizia que a responsabilidade pela poda era da Eletropaulo e a empresa afirmava que era uma função do governo municipal. No ano passado a distribuidora conseguiu fechar vários entendimentos com prefeituras e obteve permissão para os cortes de galhos que invadem a rede elétrica. "Com isso, podamos 320 mil árvores em 2010, exatamente o dobro de 2009", diz o executivo.

O problema é que no último dia 21, com a forte chuva que ocorreu em vários pontos da região metropolitana de São Paulo, não foram galhos que caíram e sim árvores inteiras. Neste caso a poda não é suficiente, seria necessário um estudo mais completo sobre a adequação das árvores plantadas na cidade e seu estado de conservação. Essa parte, segundo a Eletropaulo, foge das suas funções. A empresa tem autorização apenas para fazer podas quando os galhos estão atrapalhando os fios.

Outra ação que pode melhorar o fornecimento de energia são os investimentos em subestações e em religadores. A Eletropaulo prevê inaugurar três subestações este ano - em Osasco, em Ermelino Matarazzo e uma outra na zona sul - e mais cinco delas estão previstas até 2015. "Tendo mais subestações a empresa divide a carga, reduzindo a área afetada e evita sobrecarga". Já os religadores permitem o isolamento do problema evitando que a falta de luz se espalhe pela rede. No final de 2010, a Eletropaulo tinha 230 religadores e pretende chegar ao final de 2011 com mais de 1,5 mil.

Com todas as medidas tomadas fica a dúvida sobre o motivo de tantas interrupções no fornecimento de energia neste início de ano. Simonaggio afirma que a chuvas estão muito mais fortes. "No dia 21 enfrentamos uma situação atípica. Em vários pontos houve precipitação de 50 a 60 milímetros em 30 minutos, enquanto de 1º de fevereiro ao dia 20 foram 98 milímetros", diz.

No balanço do mês de janeiro, dado mais recente, a empresa diz que as interrupções estão abaixo do ano passado. O índice que mede a quantidade de vezes que há interrupção no fornecimento de energia da Eletropaulo, chamado FEC, foi de 0,68 neste janeiro ante 0,84 em janeiro de 2011. Já o que mede a duração da falta de luz foi de 1,45 ante 1,99 na mesma base de comparação.

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