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Eletrobras fará usina com Queiroz Galvão na Nicarágua

Companhia vai investir em uma hidrelétrica fora do País, em parceria com uma das empreiteiras citadas na Operação Lava Jato


	Linhas de transmissão da Eletrobras: companhia teve prejuízo de R$ 2,7 bilhões no 3º trimestre
 (Adriano Machado)

Linhas de transmissão da Eletrobras: companhia teve prejuízo de R$ 2,7 bilhões no 3º trimestre (Adriano Machado)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2014 às 21h46.

Brasília - Embora tenha registrado um prejuízo de R$ 2,7 bilhões no terceiro trimestre, a Eletrobras vai investir em uma hidrelétrica fora do País, em parceria com uma das empreiteiras citadas na Operação Lava Jato.

Na semana passada, o Conselho de Administração da estatal aprovou o projeto da hidrelétrica Tumarín, na Nicarágua, que será tocado com a Queiroz Galvão. O primeiro aporte da Eletrobras será de US$ 100 milhões e os recursos virão do caixa da empresa.

O anúncio de um investimento no exterior chega em um momento delicado, após a empresa ter prejuízo de R$ 6,3 bilhões no ano passado e de R$ 6,8 bilhões em 2012.

Exposta ao mercado de curto prazo, a empresa gastou R$ 3,1 bilhões na compra de energia e teve de aportar R$ 790 milhões na concessionária responsável pela usina de Santo Antônio entre julho e setembro deste ano.

Também é polêmica a parceria com a Queiroz Galvão, logo após as suspeitas da Polícia Federal de que o esquema do doleiro Alberto Yousseff também envolveu negócios no setor elétrico.

Ainda assim, o Conselho de Administração da Eletrobras avaliou que o projeto Tumarín será lucrativo para a estatal. A taxa interna de retorno do investimento estaria em torno de 12%.

Além da lucratividade do negócio, a empresa deve fazer uma avaliação do risco embutido na operação, uma vez que sua sócia é alvo de investigações da PF.

O Conselho de Administração da Petrobras, por exemplo, começou a avaliar ainda na sexta-feira, enquanto a PF prendia representantes de nove grandes empreiteiras do País, a criação de uma diretoria de compliance e governança corporativa, responsável por esse tipo de avaliação mais ampla de riscos.

Empreendimento

A usina de Tumarín terá potência de 253 MW e vai custar US$ 1,1 bilhão. O empreendimento deve receber financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e do Banco Centroamericano de Integración Económica (BCIE).

O projeto é antigo e levou anos para sair do papel. Em 2009, o Conselho de Administração da Eletrobras aprovou a participação da companhia na Centrales Hidroelétricas de Centroamerica S.A. (CHC), e iniciou os estudos de viabilidade do projeto.

Eletrobras e Queiroz Galvão são as únicas sócias da empresa e cada uma detém 50% de participação.

Atraso

Um protocolo de intenções foi assinado em 2010, prevendo que a usina estivesse pronta neste ano. Tumarín era um dos projetos da época em que o governo tinha a intenção de transformar a Eletrobras na Petrobras do setor elétrico.

Foi durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a Eletrobras recebeu autorização para fazer investimentos no exterior.

Tumarín também é resultado da política de aproximação do governo com Daniel Ortega, presidente da Nicarágua desde 2007.

Naquele ano, o ex-presidente Lula visitou a capital, Manágua, e anunciou a disposição do governo brasileiro em ajudar a resolver os problemas de abastecimento de energia do país, que sofria com racionamento e apagões diários.

Procuradas, Eletrobras e Queiroz Galvão não se pronunciaram até o fechamento desta edição. O BNDES informou que Tumarín não faz parte dos projetos aprovados pela instituição.

Ainda segundo o BNDES, os projetos em avaliação para receber financiamentos não são divulgados para não violar o sigilo bancário.

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