Eletrobras: a estatal pediu que a decisão da Aneel que obriga a devolução dos recursos seja suspensa temporariamente (Nadia Sussman/Bloomberg)
Reuters
Publicado em 6 de setembro de 2017 às 17h32.
São Paulo - A Eletrobras quer que a Fundação Getulio Vargas (FGV)realize um pente-fino sobre números de uma fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que resultou em uma cobrança de quase 3 bilhões de reais para a companhia estatal.
O órgão regulador disse em agosto que a Eletrobras precisará devolver os recursos à Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), um fundo que subsidia a geração de termelétricas na região Norte, com a agência avaliando que a subsidiária da companhia no Amazonas recebeu recursos a mais da conta entre 2009 e 2016.
A FGV disse à Reuters que "foi contatada pela Eletrobras para realização de consultoria técnica-especializada sobre os números apresentados pela Aneel referentes à CCC da Eletrobras Amazonas Energia".
A instituição ressaltou, no entanto, que ainda não há um contrato assinado junto à Eletrobras.
Procurada, a Eletrobras respondeu em nota que não irá comentar as consultas feitas à FGV.
A estatal disse ainda que pediu que a decisão da Aneel que obriga a devolução dos recursos seja suspensa temporariamente enquanto reúne argumentos para sua defesa.
Especialistas dizem que a disputa entre a Eletrobras e o regulador sobre as dívidas com o fundo setorial podem atrapalhar os planos da estatal de privatizar todas suas seis distribuidoras de eletricidade até o final do ano.
Como os fundos da CCC são provenientes de cobranças nas tarifas de eletricidade, a Aneel tem sinalizado que não irá recuar em sua posição de cobrar um reembolso do que entende que foi pago indevidamente à Eletrobras no passado.
Mas a Eletrobras disse em nota que a fiscalização em curso "não terá interferência nenhuma" no cronograma previsto para a venda de suas distribuidoras, incluindo a Amazonas Energia.
O governo federal anunciou recentemente a intenção de privatizar a Eletrobras, mas segundo as autoridades a desestatização deve acontecer apenas em 2018, e os planos para que a companhia privatize suas subsidiárias de distribuição ainda neste ano seguem válidos.