Empresa quer diminuir em 30% suas despesas operacionais em três anos. "Os próximos dois anos serão bastante complexos para o Grupo Eletrobras", comentou Marcos Aurélio da Silva (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2013 às 17h18.
Rio - Em meio aos investimentos para melhorar a eficiência operacional de suas distribuidoras, a Eletrobras (ELET3) irá definir até o fim deste mês o modelo de reestruturação do negócio de distribuição.
Com a forte redução na geração de caixa após renovar suas concessões de geração e transmissão nos termos da Medida Provisória (MP) 579, a Eletrobras quer diminuir o peso da responsabilidade de bancar sozinha a recuperação das companhias.
"Não temos nada determinado se vamos continuar no negócio de forma majoritária ou não. Estamos analisando alternativas diversas", afirmou o diretor de distribuição da Eletrobras e diretor-presidente das seis distribuidoras, Marcos Aurélio da Silva, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Atualmente, a estatal controla concessionárias no Piauí, Rondônia, Acre, Alagoas, Amazonas e Roraima (por meio da Boa Vista Energia).
A publicação da MP 579, em setembro do ano passado, hoje convertida na Lei 12.873/13, mudou o destino das seis distribuidoras no Sistema Eletrobras. Antes da MP, que promoveu corte expressivo nas receitas dos ativos da estatal, o plano era continuar capitalizando as seis empresas até que pudessem se tornar autossustentáveis. Além disso, a holding contava com recursos do encargo Reserva Global de Reversão (RGR) para financiar os investimentos de expansão e modernização dos sistemas elétricos. "Tudo isso mudou", afirmou o executivo.
Com a MP 579, o governo extinguiu a cobrança da RGR da conta de luz dos consumidores brasileiros. Além disso, a queda na receita dos ativos de geração e transmissão obrigou a Eletrobras a reduzir os custos e trabalhar de forma mais racional o caixa disponível, tendo em vista que a companhia está envolvida em uma série de projetos prioritários para o país, como as usinas Jirau, do Rio Madeira (RO), e Belo Monte, no Rio Xingu (PA). Tanto que a empresa quer diminuir em 30% suas despesas operacionais em três anos. "Os próximos dois anos serão bastante complexos para o Grupo Eletrobras", comentou.
O cenário criou a necessidade de analisar as alternativas para o futuro das distribuidoras. "O nosso prazo é final de junho. Devemos apresentar ao governo e aos acionistas quais as opções para as distribuidoras", disse o executivo. Recentemente, o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, afirmou que a privatização não é a melhor alternativa no momento, o que abriria espaço para a entrada de um sócio estratégico para auxiliar na gestão das seis concessionárias. "Não está definida qual a participação desse sócio e qual seria o tamanho de uma capitalização", assegurou Silva.
A atual estratégia para as distribuidoras, que prevê investimentos anuais de R$ 2 bilhões por ano para recuperar a saúde econômico-financeira, foi elaborada em um cenário em que as empresas são estatais e suportadas integralmente pela Eletrobras. Caso isso mude, o plano poderá sofrer modificações. "É possível ter uma aceleração (dos investimentos). Esse plano considera uma capacidade de investimento e de capitalização. Se muda alguma variável, podemos alterá-lo", declarou o executivo. A meta da holding federal é que as seis concessionárias se tornem autossuficientes até 2015.
Mês passado, o Broadcast informou a abertura de processo de concorrência pela Eletrobras para contratar um banco que auxiliará a elaboração do modelo de reestruturação do negócio de distribuição. Segundo uma fonte do mercado que tem acompanhado o processo, a estatal federal já teria contratado o banco, mas o nome da instituição é guardada a sete chaves.