Negócios

Eles vão faturar R$ 60 milhões fazendo as pessoas trocarem de óculos de grau "como mudam de roupa"

Empresa criou uma holding que juntou todas as lojas físicas da marca e o faturamento decolou 245%

Luiz Rocha e Hugo Galindo, fundadores, e Rodrigo Latini, CEO da Zerezes: "estamos no nosso melhor momento" (Zerezes/Divulgação)

Luiz Rocha e Hugo Galindo, fundadores, e Rodrigo Latini, CEO da Zerezes: "estamos no nosso melhor momento" (Zerezes/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 20 de agosto de 2023 às 10h10.

Última atualização em 4 de setembro de 2023 às 16h04.

A meta da marca de ótica carioca Zerezes é clara: querem fazer dos óculos de grau um artigo de moda, assim como roupas e tênis. “Queremos que as pessoas vejam menos os óculos como uma tecnologia assistiva e mais como um tênis moderno, que pode trocar conforme a ocasião”, diz o CEO Rodrigo Latini. 

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Para isso, a aposta é trabalhar fortemente no design das armações. Aliás, a importância da estética dos óculos está na raiz da empresa. Ela começou em 2012 com estudantes de design fabricando óculos de sol em armações de madeira na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio). Os primeiros clientes, inclusive, eram os colegas dos fundadores.

O negócio se profissionalizou e ganhou escala. Em 2016, Latini entrou na operação e começou a abrir as primeiras lojas físicas. Com a pandemia, resolveram apostar fortemente em óculos de grau, sem deixar os de sol de lado. Os resultados começaram a aparecer. O crescimento de faturamento, destacado pelo ranking EXAME Negócios em Expansão 2023, permitiu à empresa traçar um plano de investimento que prevê a abertura de 11 novas unidades físicas até o ano que vem. 

Para este ano, a meta também é bater os 60 milhões de reais de faturamento, um crescimento de 71% em relação a 2022, quando faturaram 35 milhões de reais. Em 2021, foram 20 milhões de reais faturados.

Qual a história da Zerezes

A Zerezes começou vendendo óculos de madeira reaproveitada. Desde o início, já tinha como forte a parte de estética e produto. Pouco antes da empresa completar quatro anos, os sócios se reuniram para decidir se iriam realmente investir na operação, ou se era somente um projeto da faculdade. 

Decidiram profissionalizar e chamaram Latini para a operação. Foi também quando apostaram nas primeiras lojas físicas e começaram a discutir sobre a possibilidade de embarcar no negócio de óculos de grau. 

“Quando a gente entrou no mercado de grau, a gente questionava várias coisas, desde práticas comerciais até precificação dos produtos”, diz. “A gente via que no mercado ótico, estava todo mundo vendendo uma lente cara que não custava tanto e mexendo com o medo do consumidor, já que é sobre a visão da pessoa”.

A empresa resolveu então atuar em alguns pontos para corrigir esses problemas que identificaram. Um foi deixar mais claro quanto cada parte do óculos custava, principalmente as lentes, dando mais opções para o cliente escolher. Outro foi tentar deixar o óculos de grau, um item pop:

“Em vez de vender lente, a gente quer vender óculos de grau e fazer com que ele seja um artigo querido, desejado”, afirma Latini. “A gente quer fazer uma arquitetura incrível e acabar com estigma das pessoas dos quatro olhos”. 

A iniciativa também vem em um momento em que aumentam os casos de miopia durante a pandemia, provocada por uma maior exposição a telas. Um estudo do The Chinese University of Hong Kong apontou que a incidência de casos de miopia, entre crianças de 6 e 8 anos, mais que duplicou, passando de 11,6% para 29,6%. O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) também alerta que sete a cada dez oftalmologistas destacaram a elevação nos casos entre crianças e jovens até 19 anos, no último ano.

Qual o plano de crescimento da Zerezes

O plano de crescimento da Zerezes está muito atrelado a novas lojas físicas. Hoje, a marca já tem 13 unidades no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Minas Gerais. A operação de Belo Horizonte, inclusive, acabou de abrir. Para o próximo mês, também chegarão ao sul do país, com uma loja em Porto Alegre. Até o final do ano que vem, querem saltar de 14 para 25 lojas. 

“Quando a gente abriu a primeira loja em São Paulo em 2021, entendemos que tínhamos que acelerar”, afirma Latini. “No início de 2022, recebemos um aporte de 20 milhões de reais. Hoje é nosso grande momento”. 

No radar da empresa para o ano que vem estão cidades como Brasília e Curitiba. Também querem entrar no Nordeste. 

“O maior faturamento sempre foi das lojas físicas. Em 2021, o online bateu quase 40%. E hoje está em torno de 25%”, diz Latini. “A abertura de lojas segue sendo o principal ponto de expansão”.

As lojas físicas ainda são necessárias para o setor, principalmente porque as pessoas querem experimentar como ficarão. Se a penetração do online em outros setores fica em 15%, na área de óptica, não passa de 1%. 

Quais as metas da Zerezes

A longo prazo, a Zerezes tem metas de números e também as que consideram “metas grandes”, projetos de futuro e ideais. Confira:

  • Atingir faturamento de 60 milhões em 2023
  • Se tornar a líder em digitalização do setor
  • Ser a marca de óculos de grau mais desejada do Brasil
  • Expandir projetos sociais, como doação de um óculos de grau para cada 10 comprados

Empresa faz parte do ranking Negócios em Expansão

Zerezes foi uma das vencedoras do ranking EXAME Negócios em Expansão 2023, levantamento da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), com suporte técnico da PwC Brasil.

A empresa ficou na 17ª colocação na categoria de 5 a 30 milhões de reais, com um crescimento de receita líquida de 245,92%. Em 2021, a receita líquida foi de R$ 7,5 milhões. Em 2022, subiu para R$ 26 milhões. O crescimento da Zerezes está atrelado também à criação de uma holding que concentrou todas lojas físicas da empresa em uma única companhia, o que aconteceu em 2022.

O ranking é uma forma de reconhecer os negócios e celebrar o empreendedorismo no país. Com gestões eficientes, análise de oportunidade, novas estratégias e um bom jogo de cintura, os executivos no comando desses negócios conseguiram avançar no mercado.

Os resultados vieram a público num evento para mais de 400 convidados em São Paulo.

Neste ano, a lista traz 335 empresas de 22 estados, representantes das cinco regiões do país. Em relação ao ano anterior, o número de selecionadas representa aumento de 63%. Veja os resultados:

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