Negócios

Eles soltavam balões tecnológicos nos ceús. Hoje fazem R$ 26 milhões com visão computacional

Altave fatura 26 milhões de reais com um software de visão computacional que monitora ambientes industriais e gera alertas automáticos para evitar acidentes

Bruno Avena e Leonardo Nogueira, da Altave: “Tudo que um supervisor humano poderia ver, nosso software consegue identificar e gerar um alerta”

Bruno Avena e Leonardo Nogueira, da Altave: “Tudo que um supervisor humano poderia ver, nosso software consegue identificar e gerar um alerta”

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 10 de março de 2025 às 08h23.

Em 2016, durante as Olimpíadas do Rio, balões equipados com câmeras sobrevoaram a cidade para reforçar a segurança do evento. A tecnologia, que parecia saída de um filme de ficção científica, era obra da Altave, empresa criada por dois engenheiros do ITA. Na época, o negócio apostava no desenvolvimento de aeróstatos para monitoramento aéreo. Mas a empresa mudou.

Hoje, a Altave fatura 26 milhões de reais com um software de visão computacional que monitora ambientes industriais e gera alertas automáticos para evitar acidentes. O crescimento de faturamento foi atestado pela EXAME na última edição do ranking Negócios em Expansão, o maior anuário de empreendedorismo do país. A empresa cresceu 123% e ficou em 32º lugar na categoria de 5 a 30 milhões de reais.

“A gente começou como uma fabricante de hardware, mas hoje o nosso foco é software e inteligência artificial”, diz Leonardo Nogueira, cofundador da Altave.

Os planos agora são de crescimento internacional. A empresa já atua nos Estados Unidos e no Oriente Médio e pretende escalar ainda mais sua solução.

Assim como a Altave, a história da sua empresa pode estar nas páginas da EXAME. Inscreva-se no ranking EXAME Negócios em Expansão 2025. É grátis!

A história dos fundadores

Bruno Avena e Leonardo Nogueira se conheceram no cursinho pré-vestibular, no Rio de Janeiro. O objetivo era passar no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), referência em engenharia aeroespacial. Conseguiram. Durante a faculdade, discutiam ideias de negócios e sonhavam em empreender.

No fim do curso, Bruno foi fazer um mestrado na França e, depois, atuou como pesquisador visitante no laboratório Jet Propulsion da NASA. Lá, trabalhou com balões para exploração planetária. A experiência serviu como inspiração para o primeiro produto da Altave: balões de monitoramento para grandes áreas.

A empresa foi fundada em 2011 dentro da incubadora de negócios do ITA, em São José dos Campos (SP). Nos primeiros anos, os sócios buscaram investimentos em agências de fomento, como a Fapesp e a Finep, além de aportes-anjo e, mais tarde, venture capital.

Como a empresa cresceu

Os balões ganharam relevância durante as Olimpíadas do Rio. Mas, depois disso, o mercado começou a mudar.

“Olhando para trás, eu achava que a Altave ia ser uma fábrica de balões, algo parecido com a Embraer. Mas percebemos que o futuro estava na inteligência artificial”, diz Bruno Avena.

A transição começou em 2017. Os clientes queriam mais do que imagens captadas pelo equipamento. Queriam inteligência sobre o que estava acontecendo no ambiente monitorado. A Altave, então, desenvolveu um software de visão computacional que analisa vídeos e gera alertas de risco em tempo real.

O novo modelo de negócios decolou. O software foi adotado por empresas como Vale, Petrobras e TotalEnergies. O faturamento, que era de 11,7 milhões de reais em 2022, saltou para 26,3 milhões em 2023. O time também cresceu: são 150 funcionários, o dobro de dois anos atrás.

O que faz a Altave hoje

O software da Altave funciona como um supervisor automatizado. Ele analisa imagens de câmeras instaladas em fábricas, refinarias, portos e outros ambientes industriais para detectar riscos e evitar acidentes.

“Tudo que um supervisor humano poderia ver, nosso software consegue identificar e gerar um alerta”, explica Bruno.

A tecnologia detecta, por exemplo, se um funcionário está sem EPI, se há excesso de pessoas em um ambiente perigoso ou se alguém sofreu uma queda. No setor de óleo e gás, a Altave monitora plataformas offshore, refinarias e áreas de exploração. Também atua em mineração, ferrovias e portos.

“O foco é segurança, mas também eficiência. Conseguimos reduzir perdas e melhorar a produtividade”, diz Bruno.

Os modelos de inteligência artificial da Altave são treinados com machine learning e processam dados tanto na nuvem quanto em servidores locais. Em 2024, o sistema da empresa gerou 145 mil alertas de segurança em tempo real e analisou 52 milhões de frames por dia.

Quais são os próximos passos

A Altave quer crescer ainda mais no setor de óleo e gás e expandir sua presença internacional. Já tem contratos nos Estados Unidos e no Oriente Médio, e vê uma grande oportunidade nesses mercados.

“No setor offshore, não tem ninguém com a maturidade operacional que temos hoje. Isso nos coloca em uma posição privilegiada”, diz Bruno.

A empresa também investe em novas aplicações para sua tecnologia. Uma das novidades é a integração com dispositivos vestíveis, que alertam os trabalhadores caso entrem em áreas de risco.

“O crescimento está sendo puxado pela demanda global por soluções de inteligência artificial e pela necessidade das empresas de reduzir acidentes”, afirma o CEO.

Os planos para os próximos anos são ambiciosos. “Nosso objetivo é crescer 10 vezes nos próximos 3 anos”, diz Bruno.

O que é o ranking Negócios em Expansão

O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses.

Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023. A análise considerou negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais.

A edição 2025 já está com inscrições abertas. A participação é 100% gratuita. As inscrições vão até 5 de maio, mas quem concluir o cadastro antes de 31 de março ganhará o acesso a uma trilha de conteúdos online dedicados a empreendedores dentro da plataforma LIT, da escola de negócios Saint Paul.

Entre os conteúdos estão inteligência artificial, sustentabilidade corporativa, gestão de times de alta performance, capital de giro e gestão do fluxo de caixa, marketing digital e cenário econômico.

Não fique de fora da maior celebração do empreendedorismo brasileiro. Clique aqui para começar a sua inscrição.

Acompanhe tudo sobre:TecnologiaInteligência artificialStartupsNegócios em Expansão 2024

Mais de Negócios

Em Davos, Cognizant reforça compromisso com avanços da IA e vai capacitar 1 milhão de profissionais

Como a Borelli quer liderar o mercado de gelato e faturar R$ 500 milhões

7 franquias baratas para investir a partir de R$ 4.900 e ganhar dinheiro enquanto dorme

Ele largou a carreira corporativa para modernizar oferendas para os mortos