Negócios

Eles sabem o que vai viralizar antes de você. E fazem R$ 121 milhões com isso

A empresa ajuda marcas como a varejista Casas Bahia e rede de fast-food McDonald's a entender o que os consumidores falam online

Alessandro Lima e Jairson Vitorino, da Elifegroup: "O Brasil sempre esteve na vanguarda das redes sociais. Agora, estamos levando essa expertise para fora" (Buzzmonitor/Divulgação)

Alessandro Lima e Jairson Vitorino, da Elifegroup: "O Brasil sempre esteve na vanguarda das redes sociais. Agora, estamos levando essa expertise para fora" (Buzzmonitor/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 13h22.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2025 às 15h28.

Enquanto você rola o feed e vê uma trend estourando no TikTok ou no X, tem uma empresa analisando tudo em tempo real. O que bomba, o que morre e o que pode virar dinheiro.

A Elifegroup, dona da plataforma Buzzmonitor, transformou a leitura das redes sociais em um negócio milionário.

Em 2024, faturou 121 milhões de reais ajudando marcas como a varejista Casas Bahia e rede de fast-food McDonald's a entender o que os consumidores falam online — e como usar isso a seu favor.

Mas nada disso aconteceu da noite para o dia.

A empresa começou em 2004, muito antes das redes sociais dominarem o mundo, e cresceu sem nunca ter recebido um centavo de investidor. "Passamos 20 anos explicando o que fazíamos. Agora, o mercado entendeu o valor disso", diz Alessandro Lima, fundador da Elifegroup.

O próximo passo? Expandir. A Buzzmonitor já opera em 10 países da América Latina e começa a ganhar clientes na Europa. Para 2025, a aposta é acelerar essa presença global e investir ainda mais em inteligência artificial.

Essa toada de apostas e crescimentos faz a empresa ser um dos Negócios em Expansão atestados pela EXAME. O ranking, o maior anuário de empreendedorismo do país, celebra empresas com crescimento entre um ano e outro. Em 2024, a Buzzmonitor registrou um crescimento de 31%, ficando na 55ª posição na categoria de 30 a 150 milhões de reais em receita.

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Do Orkut ao TikTok: como nasceu a Elifegroup

Quando a Elifegroup apareceu na EXAME pela primeira vez, em 2006, o título da matéria era "Caçadores de Fofocas". E fazia sentido: naquela época, a empresa monitorava fóruns e blogs para entender o que diziam sobre grandes marcas.

"Em 2004, ninguém imaginava que ouvir o que os consumidores falam na internet poderia ser um negócio", afirma Lima.

Hoje, a história é outra. O setor de social listening (como chama o monitoramento de redes sociais) deve chegar a 16,19 bilhões de dólares até 2029, segundo a Mordor Intelligence. Empresas querem entender tudo o que se fala sobre elas nas redes — e a Elife faz isso há 20 anos.

A empresa nasceu de uma tese de mestrado na USP.

Lima estudava como as pessoas trocavam informações online, ainda na era dos blogs e fóruns.

"Nos Estados Unidos, as farmacêuticas foram obrigadas a monitorar fóruns porque os pacientes estavam relatando efeitos colaterais de remédios", afirma. "Isso abriu um mercado gigante de social listening".

Vendo essa oportunidade, Lima e seu sócio, Jairson Vitorino, criaram a Elifegroup. No começo, o negócio era prestar serviços para grandes empresas. Com o tempo, a empresa percebeu que poderia crescer mais rápido com software próprio — e nasceu a Buzzmonitor.

O que cada empresa da Elifegroup faz

Hoje, o grupo tem três empresas:

  • Elife: A empresa original, focada em serviços de atendimento digital e monitoramento de redes sociais para grandes marcas. "A gente cuida da experiência do cliente e cria soluções de automação", afirma Lima. Casas Bahia e McDonald's são alguns dos clientes.
  • SA365: Agência de marketing digital do grupo, focada em estratégia e conteúdo para marcas.
  • Buzzmonitor: O braço de tecnologia da empresa e a principal aposta de crescimento. A plataforma faz monitoramento e atendimento em redes sociais, ajudando marcas a entenderem tudo o que falam delas na internet por meio de um software.

A Buzzmonitor virou o maior case do grupo. Criada há 12 anos, a plataforma nasceu como uma ferramenta interna e depois virou um negócio separado.

"Ela começou dentro da Elife para melhorar nosso próprio trabalho. Em 2012, percebemos que tinha potencial para andar sozinha", afirma Lima.

O que faz a Buzzmonitor? 

A Buzzmonitor é um software de social listening, ou seja, uma ferramenta que rastreia menções a marcas, concorrentes e tendências em redes sociais.

Se uma empresa como a Ambev quiser saber tudo o que falam sobre a Brahma, ela pode usar a plataforma para monitorar essas conversas. Mas a ferramenta vai além. Ela também permite que as marcas respondam aos clientes diretamente pela plataforma. "Hoje, os consumidores falam com as marcas nas redes sociais. Se a empresa não responder rápido, perde a chance", afirma Lima.

As marcas podem, também pela Buzzmonitor, programar postagens e analisar o desempenho de campanhas.

Para as empresas, isso significa agir rápido quando uma crise estoura ou quando um novo meme pode virar uma oportunidade de marketing.

"O tempo de reação faz toda a diferença. Quem entende as redes antes dos outros, sai na frente", afirma Lima.

O crescimento sem investimento externo

Enquanto concorrentes levantam rodadas milionárias de investimento, a Buzzmonitor cresceu no bootstrapping — sem investidores externos. "A gente fez tudo sozinho", diz Lima.

O modelo deu certo. Hoje, a plataforma fatura 10 milhões de dólares por ano, sendo 9 milhões no Brasil e 1 milhão na América Latina. Em 2024, o crescimento na região foi de 61%. Para 2025, a meta é dobrar esse número.

"Todo mundo diz que é impossível crescer sem rodadas de investimento. Mas estamos provando que dá para construir um negócio sustentável sem abrir mão do controle", afirma Lima.

IA, expansão e um novo público

A inteligência artificial está mudando o jogo. A Buzzmonitor já usa IA para analisar menções e sugerir respostas automáticas para marcas. Mas a Elifegroup quer ir além: lançou a CXPress, voltada para pequenas e médias empresas que precisam automatizar o atendimento via WhatsApp, Instagram e chatbots.

"A Elife sempre atendeu grandes marcas, como Casas Bahia e McDonald's. Agora, com a CXPress, queremos levar essa tecnologia para negócios menores", afirma Lima.

A expansão global também está no radar. A Buzzmonitor já tem clientes em Portugal e Espanha e aposta no potencial europeu.

"O Brasil sempre esteve na vanguarda das redes sociais. Agora, estamos levando essa expertise para fora", diz o fundador.

Se tem alguém falando sobre uma marca na internet, a Buzzmonitor está ouvindo. E faturando com isso.

O que é o ranking EXAME Negócios em Expansão

O ranking EXAME Negócios em Expansão é uma iniciativa da EXAME e do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). O objetivo é encontrar as empresas emergentes brasileiras com as maiores taxas de crescimento de receita operacional líquida ao longo de 12 meses. Em 2024, a pesquisa avaliou as empresas brasileiras que mais conseguiram expandir receitas ao longo de 2023. A análise considerou os negócios com faturamento anual entre 2 milhões e 600 milhões de reais.

Após uma análise detalhada das demonstrações contábeis das empresas inscritas, a edição de 2024 do ranking foi lançada no dia 24 de julho. São 371 empresas de 23 estados brasileiros que criam produtos e soluções inovadoras, conquistam mercados e empregam milhares de brasileiros.

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