Fabricio Valadão e Rafael Tinoco, fundadores da Arvo: "Nossa meta é mais do que dobrar a base de clientes até o fim de 2026" (Arvo/Divulgação)
Publicado em 12 de novembro de 2025 às 06h06.
A Arvo vive um ótimo momento. Fundada em 2022 por Fabricio Valadão e Rafael Tinoco, a healthtech brasileira usa inteligência artificial e gestão de dados para reduzir 'enrascadas financeiras', como fraudes, erros e desperdícios em operadoras de saúde.
A empresa acaba de ser selecionada para o programa global de aceleração em IA do Google, o Fórum Gemini Founders, promovido pelo Google for Startups.
Entre cerca de mil startups inscritas, apenas 53 foram escolhidas para a primeira edição do evento. Dessas, seis são brasileiras.
A seleção para o programa do Google coroa uma trajetória de crescimento acelerado. Desde 2022, a Arvo vem conquistando espaço entre operadoras de saúde ao aplicar inteligência artificial na análise de pagamentos e auditorias financeiras — um trabalho que já movimentou mais de R$ 130 bilhões. Ao todo, a Arvo já atendeu mais de 60 operadoras de saúde.
Dados da empresa indicam que suas tecnologias aumentam em cerca de 25% a produtividade das áreas de auditoria e contas médicas em apenas seis meses de operação, gerando milhões de reais em economia.
A meta é tornar os algoritmos ainda mais precisos, garantindo taxas de acerto acima de 90% em cada análise.
Em setembro, a Arvo recebeu um aporte de 106 milhões de reais. O investimento foi liderado pelos fundos Kaszek, que já apoiaram empresas como Nubank, Wellhub e Alice, e pela Base10 Partners, que fica no Vale do Silício e investe em companhias como Brex, Figma e Notion.
"Com esse novo fôlego financeiro, nossa meta é mais do que dobrar a base de clientes até o fim de 2026", diz Fabricio Valadão.
Os planos incluem ainda desenvolver novas inteligências na plataforma e reforçar o time de especialistas em ciência de dados e engenharia para saúde.
Fabricio e Rafael se conheceram por meio de um amigo em comum. Fabricio, hoje CEO da Arvo, conta que nunca tinha pensado em empreender. Rafael, que é CPO, sempre teve esse objetivo e planejou sua carreira para estar preparado para isso.
Quando Fabricio decidiu trabalhar com tecnologia em saúde, percebeu que havia muito espaço para inovação no setor.
Os dois sempre entenderam que muitos problemas de acesso à saúde no Brasil acontecem porque processos importantes ainda são feitos de forma manual. "Isso deixa tudo mais lento, mais caro e mais sujeito a erros", diz Fabricio.
Para o CEO, quando se fala em inteligência artificial na saúde, muitas pessoas pensam logo em robôs fazendo cirurgias ou na análise de exames. A Arvo atua em outra frente ainda pouco explorada.
"Existe um potencial imenso do uso de IA nas operadoras de saúde, que vai desde a identificação de padrões e antecipação de riscos, até a redução de desperdícios sem que seja necessário comprometer a qualidade do atendimento", comenta.
A empresa criou um algoritmo que analisa dados de pagamentos feitos pelas operadoras de saúde aos hospitais, clínicas e outros prestadores da rede.
Esse sistema checa cada cobrança e identifica possíveis fraudes, erros e desperdícios, garantindo que a operadora pague apenas pelo que realmente foi feito.
A cada análise, a IA verifica se o serviço cobrado está de acordo com o que foi autorizado. Assim, evita gastos desnecessários e aumenta a segurança do processo.