Pedro Pedruzzi, Ilana Nasser, Marcelo Canovas e Luis Felipe Franco, da Vendah: . São 700 itens que vão de fraldas a dispensers de creme dental (Vendah/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 24 de agosto de 2023 às 08h31.
Última atualização em 24 de agosto de 2023 às 10h46.
Provavelmente você já recebeu em casa - ou ao menos conhece alguém que recebia - revendedores e revendedoras de cosméticos. São pessoas que usam a venda direta de marcas como Natura, Boticário e Avon como opção de renda extra, em um mercado que movimentou 45 bilhões de reais em 2022 no Brasil.
Com a pandemia, o “porta a porta” também foi para o “chat para o chat”. Hoje, 80% das revendedoras usam aplicativos de mensagem como WhatsApp para divulgar seus produtos, diz uma pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Venda Direta.
E foi essa a oportunidade que a Vendah identificou. A empresa, fundada em 2021, criou uma plataforma que, na prática, digitaliza a “revistinha” da venda direta. A startup disponibiliza cerca de 700 itens de casa, cozinha, decoração e para bebês para que revendedoras comercializem via venda direta em São Paulo.
Agora, acaba de receber um aporte de 12 milhões de reais na modalidade seed. A captação teve participação da aceleradora Y Combinator, e das ventures Goodwater e Domo Invest. O cheque será usado para crescer o portfólio de produtos e para chegar a novas cidades.
É a segunda captação da Vendah. Em 2021, em uma rodada pré-seed liderada pela Maya Capital, a startup levantou 8,5 milhões de reais.
Diferente de outras marcas conhecidas pela comercialização por venda direta, a Vendah não foca em produtos de beleza, mas em itens de casa e decoração. São 700 itens que vão de fraldas a dispensers de creme dental, garrafas térmicas digitais e trituradores de alimentos.
No sistema da Vendah, a revendedora escolhe quais produtos quer comercializar, mas não precisa adquiri-los antecipadamente. Ela seleciona os itens pela plataforma e recebe as fotos para divulgar os produtos em suas redes sociais.
Quando vende, a Vendah organiza a entrega para a casa da revendedora, que fará a última milha: a entrega até a casa de quem comprou. Nesse processo, ela tira cerca de 20% do valor que vende. Assim, se vender 100 reais, ficará com cerca de 20 reais.
“Hoje, somos um marketplace gerenciado”, diz o CEO Luis Felipe Franco. “A gente seleciona os produtos que vamos colocar dentro do catálogo, os compramos e vendemos para revendedores. Estamos plugados no estoque dos fornecedores e fazemos essa gestão”.
Grande parte dos produtos que a Vendah disponibiliza são chineses, mas há também algumas fábricas de consumíveis locais, como fralda, lenço umedecido e papel toalha.
Franco é engenheiro mecânico, mas se considera “empreendedor desde moleque”. Ele vendia adesivos na escola e acerola na vizinhança. A primeira empreitada dele foi uma consultoria de gestão de projetos de engenharia. “Mas vi que aquilo não iria realizar meu sonho de criar um negócio grande, que impactasse a vida de muita gente”.
As coisas começaram a mudar para Franco quando entrou na Endeavor, uma das principais redes de empreendedorismo do país, e viu que tinha “gente sonhando grande, sem medo”. Ele ficou mais um tempo como executivo na Sallve, de cosméticos, e resolveu dar o passo além e empreender com a pandemia.
“Sai da Sallve com um filho de seis meses e sem colchão de ouro, mas sai para tentar fazer rolar”, diz Franco.
E rolou. Em 2023, a Vendah deve crescer seis vezes o faturamento em relação ao ano passado. O valor bruto não foi informado. Desde o início das operações, em 2021, já transferiram 3,5 milhões de reais em comissão para as revendedoras.
O novo aporte que entra agora será usado em duas frentes. Uma de crescimento e estruturação de operação. Outro, para ampliar a área de atuação. Hoje, a Vendah está em São Paulo, Grande São Paulo, Litoral, Baixada Santista e algumas cidades do interior do Estado.