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Eles começaram como uma confecção em Maringá. O próximo passo: chegar aos R$ 135 mi com franquias

Com mais de 40 anos de história, a marca de moda fitness Alto Giro aposta em franquias para expandir o número de lojas

Claudia Recco (Diretora Industrial) e Edson Recco Filho (Diretor) da Alto Giro (divulgação/Divulgação)

Claudia Recco (Diretora Industrial) e Edson Recco Filho (Diretor) da Alto Giro (divulgação/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 15 de fevereiro de 2025 às 08h08.

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Tudo começou com duas costureiras em Maringá, no Paraná. Em 1983, Edson e Josete Recco abriram uma pequena confecção, sem imaginar que, décadas depois, a Alto Giro se tornaria uma empresa de moda fitness que fatura mais de R$ 100 milhões. A empresa familiar com multimarcas, abriu lojas próprias e investiu em tecnologias para o digital. A segunda geração está na operação e está prestes a dar mais um passo: vai abrir franquias para se conectar diretamente com o consumidor.

A estratégia faz parte do plano de expansão para 2025. A marca quer abrir até sete unidades franqueadas neste ano, começando pelo Paraná e São Paulo, antes de avançar para Minas Gerais. “Sentimos a necessidade de um ponto de contato mais direto com o cliente”, diz Edson Filho, diretor da Alto Giro. O investimento inicial para os franqueados varia entre R$ 450 mil e R$ 600 mil, dependendo do tamanho da loja e do formato escolhido.

A aposta nas franquias chega num momento em que o mercado fitness está em crescimento. O setor de bem-estar movimentou 96 bilhões de dólares entre 2020 e 2022 no Brasil, alta de 18% no período. O segmento de atividade física representa 12 bilhões de dólares, impulsionado por uma mudança no comportamento do consumidor, que passou a valorizar saúde e autocuidado. Esse cenário abre espaço para marcas como a Alto Giro, que aposta em lançamentos mensais e tecnologia para marcar para se diferenciar.

De uma confecção familiar para uma marca nacional

A Alto Giro nasceu como indústria, produzindo roupas para outras marcas. Com o tempo, criou identidade própria e passou a vender no atacado, via multimarcas. A marca cresceu e, nos anos 2000, decidiu abrir lojas próprias para testar um novo modelo de venda. “Usamos o varejo como laboratório para entender o comportamento do consumidor”, diz Edson Filho. Hoje, a empresa tem 11 lojas próprias.

O fitness se tornou o carro-chefe. A marca começou com moda praia, mas percebeu que precisava de um produto que vendesse o ano todo. “O segmento de praia tem uma demanda forte no verão, mas o fitness roda 12 meses por ano”, afirma o diretor.

A produção continua no Paraná, onde a empresa mantém fábricas em Maringá e Itambé. Além disso, trabalha com mais de 30 confecções parceiras e 250 costureiras. 92% da produção é nacional, e cada peça passa por inspeção manual para garantir qualidade. “Toda peça passa pela mão de um ser humano que verifica mais de 15 medidas antes de ser aprovada”, diz Claudia Recco, diretora industrial.

Multicanalidade e expansão no digital

A empresa percebeu cedo o potencial do digital. Em 2006, lançou o e-commerce. No início, a plataforma era apenas um catálogo online, mas logo as vendas cresceram. “No começo, nem pensávamos em vender pela internet, mas percebemos que tinha demanda”, diz Edson Filho. A virada veio em 2012, quando a empresa investiu nas redes sociais e no marketing digital. “Essa fase foi importante para rejuvenescer a marca”, afirma o diretor.

Hoje, o e-commerce representa 13% a 15% do faturamento da Alto Giro. Para fortalecer a operação digital, a empresa criou sua própria tecnologia: a plataforma Agiliza, voltada para clientes multimarcas. “O lojista pode repor estoque direto do celular, sem precisar falar com um representante”, explica Claudia Recco.

A digitalização também trouxe inovação para o varejo físico. O modelo omnichannel integra os estoques das lojas com o e-commerce, garantindo entregas mais rápidas em cidades como São Paulo e Belo Horizonte. “Temos entregas em até duas horas nesses mercados. Isso melhora a experiência do consumidor e aumenta as vendas”, diz Claudia.

Concorrência e desafios do mercado

A Alto Giro enfrenta um mercado competitivo. Track & Field e Live! dominam o segmento premium, enquanto marcas internacionais como Shein desafiam o mercado nacional com preços baixos. Para se diferenciar no mercado, a Alto Giro tem apostado em lançamentos mensais há três anos. “Antes, lançávamos quatro coleções por ano. Agora, criamos novidades todo mês. Isso fideliza o cliente e mantém a marca relevante”, explica Edson Filho.

A estratégia da marca é atender um público exigente, que busca tecnologia e estilo. O ticket médio varia entre R$ 450 e R$ 489, valor suficiente para comprar uma legging e um top. “Nosso público tem entre 24 e 50 anos, consumidor de classe A e B, que valoriza qualidade”, afirma o diretor.

A entrada de marcas de luxo no Brasil pode ser um fator positivo para a Alto Giro. “O consumidor começa a entender que existem produtos ainda mais caros e passa a valorizar nosso posicionamento”, diz Edson Filho.

Planos para 2025: expansão e novos formatos de lojas

A Alto Giro quer crescer, mas sem perder o controle da operação. A empresa tem registrado crescimento médio de 20% ao ano nos últimos cinco anos. Em 2020, o faturamento aumentou 32%, impulsionado pela demanda por roupas esportivas na pandemia. “Foi um momento difícil, mas conseguimos consolidar o digital e aumentar nossa base de clientes”, diz Edson Filho.

Em 2024, a empresa produziu 1,3 milhão de peças e faturou mais de 100 milhões de reais. Para 2025, a projeção é de 1,5 milhão de peças e faturamento de 135 milhões de reais.

A entrada no mercado de franquias faz parte desse crescimento. O investimento inicial para abrir uma loja franqueada varia conforme o modelo:

  • Pop-up store (loja temporária): a partir de 40m²
  • Loja pequena
  • Loja full (formato completo, com maior mix de produtos)

O diferencial, segundo Edson Filho, está na flexibilidade do projeto. “Não temos um único padrão fixo. O franqueado pode personalizar a loja com módulos adicionais, como painéis de LED, dependendo do investimento que deseja fazer”, explica.

O plano é começar pelas cidades onde a marca já tem operação. Curitiba, São Paulo e Belo Horizonte estão no radar, seguidas por novas unidades em Uberlândia e outras regiões de Minas Gerais. “Diferente do que muitas redes fazem, queremos abrir franquias onde já temos estrutura. Isso facilita a logística e o suporte ao franqueado”, afirma Edson Filho.

A empresa vê a franquia como um sétimo canal de venda, somando-se ao atacado, lojas próprias, e-commerce, exportação, atacado digital e venda direta via call center. “Acreditamos que a saúde da indústria está na multicanalidade”, diz o diretor.

A aposta na multicanalidade e na personalização das lojas pode ser um diferencial. Mas o sucesso da estratégia vai depender da aceitação do público e da capacidade da marca de manter sua relevância num mercado cada vez mais competitivo.

A empresa se prepara para esse novo passo com cautela. “Não queremos abrir lojas sem estrutura. O crescimento precisa ser saudável, não apenas numérico”, afirma Edson Filho. O mercado de wellness está aquecido e a demanda por produtos esportivos segue em alta. A questão agora é se o consumidor vai embarcar nessa nova fase da Alto Giro.

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