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Eles captaram R$ 35 milhões para resolver um problema que ficará ainda mais grave em 2025

Com o dinheiro, a fintech vai lançar novos produtos e expandir o time de tecnologia e inteligência artificial

Arhtur Cunha, CFO, Laura Camargo, CEO, e Leandro Sarmento, CTO da Neofin: “Times financeiros fazem milagre para receber” (Masão Goto Filho/Divulgação)

Arhtur Cunha, CFO, Laura Camargo, CEO, e Leandro Sarmento, CTO da Neofin: “Times financeiros fazem milagre para receber” (Masão Goto Filho/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 10h00.

Cobrar clientes é um pesadelo para qualquer empresa. Mensagens ignoradas, negociações arrastadas e um time financeiro perdendo horas atrás de pagamentos atrasados. No Brasil, quase um terço das empresas está inadimplente, segundo a Serasa Experian.

E o endividamento no Brasil deve piorar em 2025. A Selic em viés de alta encarece o crédito, pressionando o caixa de empresas e consumidores. Com mais da metade das companhias já enfrentando dificuldades para pagar suas dívidas, segundo a Serasa Experian, a inadimplência tende a crescer. Para muitas empresas, receber o que lhes é devido vai ficar ainda mais difícil.

Resolver esse caos virou o negócio da startup Neofin.

A fintech, fundada em 2023, criou um sistema que automatiza cobranças e segmenta clientes por perfil. Quem sempre paga em dia recebe um lembrete amigável. Já os devedores reincidentes entram em uma régua mais firme, que pode chegar até a negativação e ao protesto. Tudo isso via e-mail, WhatsApp e SMS, sem esforço manual.

Hoje, a Neofin tem 300 clientes e processa 80.000 cobranças por mês. O time cresceu rápido: são 53 funcionários. A empresa atende desde distribuidoras e indústrias até contabilidades e provedores de internet. A lógica é simples: se a empresa vende a prazo, pode ser cliente.

Agora, a startup acaba de captar 35 milhões de reais em uma rodada seed liderada pelos fundos Quona e Upload. É um dos maiores aportes já feitos em uma fintech fundada por uma mulher no Brasil.

“Empresas perdem muito tempo tentando receber", afirma Laura Camargo, CEO da Neofin. "Nosso objetivo é tornar esse processo mais eficiente e justo, sem o constrangimento das cobranças tradicionais”.

Com o dinheiro, a fintech vai lançar novos produtos e expandir o time de tecnologia e inteligência artificial. Entre as novidades, estão um portal de renegociação automática, um CRM para organizar as cobranças e um chatbot de IA no WhatsApp.

A história da Neofin

A ideia surgiu da frustração. Laura Camargo, Arthur Cunha e Leandro Sarmento, os fundadores, viram de perto o caos das cobranças ao longo de suas carreiras no mercado financeiro e em startups. Laura, ex-Gympass e Inventa, percebeu o problema quando era CFO. “Os times financeiros fazem milagre para receber”, diz.

Arthur, com passagens pelo Credit Suisse e iFood, viu a dor dos pagamentos atrasados e a dificuldade de gestão do fluxo de caixa. Já Leandro, que passou por IBM e Empiricus, ficou impressionado com a falta de tecnologia no setor. “O financeiro das empresas ainda funciona no manual, enquanto outras áreas já estão automatizadas”, afirma.

Em 2023, os três decidiram criar uma solução. A Neofin nasceu focada em automação e personalização, trazendo tecnologia para um problema antigo. O modelo chamou atenção de investidores desde o início: os primeiros a apostar foram Cesar Carvalho (Gympass) e Patrick Sigrist (iFood).

O plano para crescer

A Neofin quer quadruplicar sua base de clientes até o final de 2025, chegando a 1.200 empresas. A estratégia tem três pilares: novos produtos, reforço no time de tecnologia e parcerias estratégicas.

Os novos produtos incluem um portal de renegociação automática, onde o próprio cliente define os critérios de desconto e parcelamento. Também vem aí um CRM de cobranças, organizando as tarefas do time financeiro. E um assistente de IA para negociar via WhatsApp, que pode até indicar crédito para clientes com problemas de fluxo de caixa.

Além disso, a Neofin aposta forte em parcerias. Já tem integração com a Serasa, permitindo negativação automática dentro da plataforma. Também fechou com a Nomos, um ERP focado em indústrias, e quer expandir para outros sistemas e bancos.

Com o aporte, a startup acelera a expansão. Mas a meta continua a mesma: acabar com a dor de cabeça das cobranças e garantir que as empresas recebam o que é delas.

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