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Eleição nos Estados Unidos apressa fusões e aquisições no mundo todo

Fusões e aquisições estão sendo fechadas em ritmo sem precedentes em uma das eleições presidenciais mais contenciosas da história dos EUA

Donald Trump e Joe Biden (Brian Snyder/Carlos Barria/Reuters)

Donald Trump e Joe Biden (Brian Snyder/Carlos Barria/Reuters)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 3 de novembro de 2020 às 13h25.

Nos últimos sete dias, US$ 143,1 bilhões em fusões e aquisições foram anunciadas globalmente, a maior quantia para qualquer semana anterior a uma votação presidencial nos EUA desde que a Bloomberg começou a coletar os dados. É mais do que o dobro da quantia em negócios fechados logo antes da eleição de 2016.

Entre os acordos estão um dos maiores já realizados na indústria de chips de informática e um gigantesco negócio no ramo de fast-food. Os bancos correram para terminar a papelada antes que os americanos chegassem às urnas. O receio é que o aumento da volatilidade nos dias seguintes à eleição destrua planos cuidadosamente elaborados para a realização de grandes fusões.

Os nervos já estavam à flor da pele devido à pandemia do coronavírus. O bilionário Henry Kravis, do ramo de private equity, disse que vê mais turbulência nos mercados agora do que em qualquer momento de sua carreira de meio século.

Há uma enxurrada de negócios em vários setores. A Advanced Micro Devices (AMD) anunciou a aquisição da Xilinx por US$ 35 bilhões, fazendo deste ano um dos mais movimentados para transações entre empresas de semicondutores. A Inspire Brands, proprietária das redes de restaurantes Arby’s e Buffalo Wild Wings, selou a compra da Dunkin ’Brands Group por US$ 11,3 bilhões, que irá transformá-la em uma gigante do fast-food.

Alguns negócios foram acelerados nos últimos dias. A Stonepeak Infrastructure Partners assinou a compra da Astound, a sexta maior provedora de serviço de cabo e banda larga dos EUA, que era controlada pela empresa de private equity TPG. O valor foi de US$ 8,1 bilhões incluindo dívidas. A decisão impediu a realização de um leilão que deveria ser concluído no final deste mês, segundo pessoas com conhecimento do assunto.

A Nielsen Holdings também surpreendeu o mercado com a venda da divisão que mede percepções dos consumidores. A empresa de private equity Advent International levou a operação por US$ 2,7 bilhões. A Nielsen informou que optou por vender a empresa no lugar de implementar o plano de desmembrá-la e listar o negócio em bolsa no início de 2021. Isso porque o acordo com a Advent ofereceu maior segurança aos acionistas.

Barreiras adiante

Uma vitória do candidato Joe Biden pode ter amplo impacto sobre as fusões e aquisições. O democrata pretende implementar uma alíquota mais alta de imposto para corporações, novas regulamentações e maiores exigências de natureza antitruste.

O segmento de private equity talvez sofra a maior derrota neste caso. Se nãovenderem as empresas que compõem seu portfólio antes do final do ano, essas firmas talvez sejam forçadas a pagar quase o dobro da alíquota atual de imposto sobre os ganhos de capital. Alguns fundos especializados em aquisições se apressam para desovar determinados ativos antes desse prazo para evitar o imposto mais alto.

Gigantes de tecnologia e saúde sofrerão maior escrutínio de quem quer que esteja ocupando a Casa Branca em janeiro. Os democratas têm considerado várias novas leis que aumentariam o número de negócios que enfrentam desafios regulatórios e baixariam as exigências para queixas contra monopólios.

Por ora, a sequência de aquisições ajuda a esticar a recuperação dos acordos em nível global após os volumes despencarem no segundo trimestre. Durante todo o ano, o volume de US$ 2,6 trilhões é apenas 16% menor do que um ano antes, segundo dados da Bloomberg.

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