Negócios

Ele fatura R$ 500 milhões ao colocar Floripa na rota do luxo discreto

Daniel Dimas lidera a Dimas Construtora, criadora de imóveis de alto padrão em Florianópolis. A empresa aposta em áreas verdes, tecnologia e parcerias com arquitetos renomados. O resultado: metade dos compradores são de fora do estado — e quase ninguém quer ostentação

Daniel Dimas, CEO da Dimas Construções: "Luxo, para nós, é fazer o simples bem feito. É entregar algo que as pessoas realmente valorizam, sem exageros." (Divulgação/Divulgação)

Daniel Dimas, CEO da Dimas Construções: "Luxo, para nós, é fazer o simples bem feito. É entregar algo que as pessoas realmente valorizam, sem exageros." (Divulgação/Divulgação)

Leo Branco
Leo Branco

Editor de Negócios e Carreira

Publicado em 25 de novembro de 2024 às 15h25.

Tudo sobreMercado imobiliário
Saiba mais

Santa Catarina tem ganhado cada vez mais espaço no mercado imobiliário de luxo no Brasil. Balneário Camboriú, com suas torres espelhadas, carros esportivos e festas badaladas, é o maior símbolo dessa ascensão. O metro quadrado da cidade chegou a R$ 12.903 em 2024, o mais caro do país. Florianópolis segue de perto, com imóveis cotados a R$ 11.011 por metro quadrado.

Apesar das semelhanças no preço, as duas cidades atendem públicos bem diferentes. Se Camboriú é sinônimo de ostentação, Floripa oferece um luxo mais discreto, voltado para quem busca natureza, segurança e qualidade de vida.

Nesse contexto, a incorporadora Dimas, sediada na capital de Santa Catarina, encontrou um nicho de mercado. Em 2024, a empresa prevê alcançar um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 500 milhões, dobrando o volume do ano anterior.

Os empreendimentos da Dimas não têm a exuberância exagerada que marca os prédios de Balneário Camboriú. Sob o conceito de quiet luxury — luxo discreto —, os projetos da incorporadora apostam em uma estética atemporal, com materiais como madeira, aço e pedra.

Além disso, cada detalhe dos empreendimentos é pensado para o conforto dos moradores, desde as áreas comuns integradas à natureza até inovações como carregadores elétricos WeCharge instalados em todas as vagas de garagem. “Nossos clientes valorizam a exclusividade, mas sem abrir mão da simplicidade. Aqui, o luxo não precisa gritar”, diz Daniel Dimas, CEO da incorporadora.

Entre os empreendimentos mais recentes da Dimas está o D/Sense, no Centro de Florianópolis. Com um VGV de R$ 420 milhões, é o maior projeto já lançado pela empresa. O edifício mistura arquitetura de alto padrão e cuidado com o meio ambiente: apartamentos que variam de 175 metros quadrados a 380 metros quadrados e áreas comuns desenhadas para integração com o Parque da Luz, vizinho ao empreendimento.

Já o D/Season, no bairro João Paulo, será construído no local onde antes funcionava o tradicional Hotel Maria do Mar, abandonado há anos. O bairro, que fica ao lado da SC-401, tem fácil acesso às principais regiões de Florianópolis, especialmente ao centro da cidade, o que reforça o apelo do projeto.

A localização, somada à vista privilegiada para o pôr do sol, é um atrativo à parte. A obra faz parte da estratégia da Dimas de transformar áreas subutilizadas em espaços valorizados.

Edifício D/Sense, ainda em obras: melhorias num parque nos arredores e vista privilegiada da ponte Hercílio Luz, cartão-postal da capital catarinense (Divulgação/Divulgação)

A origem e o modelo de negócio

A trajetória da Dimas começou em 1979, com o casal Dimas Arnoldo Silva e Maria Aleni Neira. A empresa começou como uma pequena revenda de automóveis e cresceu até se tornar uma das maiores concessionárias de carros de Santa Catarina, representando marcas como Ford, Volvo e GWM. Foi apenas na década de 1980 que o grupo começou a investir em construção, com projetos inicialmente voltados para o patrimônio familiar.

A virada no negócio veio em 2011, com a chegada de Daniel Dimas à incorporadora. “Percebemos que o mercado imobiliário tinha um potencial muito maior do que estávamos explorando. Organizamos melhor a empresa e passamos a olhar para a construção como uma atividade estratégica do grupo”, conta Dimas.

Uma das primeiras mudanças foi na gestão. Gabriel Freire, ex-Cyrela, foi contratado para liderar a área comercial e de incorporação em 2021. Outra novidade foi a abordagem mais próxima com os clientes, uma característica herdada do setor automotivo.

“No mercado de carros, o cliente volta a cada poucos anos para comprar um novo veículo. Esse modelo de fidelização foi adaptado para o imobiliário. Aqui, queremos que nossos clientes comprem com a gente de novo, ou que tragam amigos e familiares para comprar”, explica Dimas. Essa filosofia levou a Dimas a formar sua própria equipe de vendas, treinando corretores do zero em vez de trabalhar apenas com imobiliárias tradicionais.

A customização também se tornou um diferencial importante. Nos empreendimentos da Dimas, os clientes podem escolher acabamentos, cores e até mobília. A parceria com fornecedores como a Portobello permite que essas escolhas sejam feitas de forma prática e eficiente.

“Queremos que o cliente tenha uma experiência tranquila, sem as dores de cabeça que normalmente vêm com reformas e obras”, afirma Dimas. Em um dos projetos da incorporadora, 30% dos apartamentos foram entregues completamente mobiliados, com móveis planejados de alta qualidade. Para os compradores de imóveis menores, a Dimas oferece kits básicos que incluem desde armários a eletrodomésticos.

Outro ponto forte da incorporadora é o cuidado com o entorno dos empreendimentos. No bairro Córrego Grande, a Dimas transformou uma área degradada em um parque linear que se tornou um dos principais atrativos do D/Spot, um dos prédios mais recentes da empresa. 

Ao lado do D/Spot, a Dimas construiu um centro comercial projetado para atender às necessidades da região. O espaço, além de trazer conveniência para os moradores, reforça o conceito de integração urbana adotado pela incorporadora. "O centro comercial conta com lojas, restaurantes e serviços essenciais, pensado para ser uma extensão das áreas residenciais do empreendimento", diz Dimas.

No Centro, o D/Sense, ainda em obras, incluirá melhorias no Parque da Luz, que há anos sofria com a falta de investimentos públicos e tem uma vista privilegiada da ponte Hercílio Luz, cartão-postal da capital catarinense reaberta ao tráfego de carros e pessoas em 2019.

O próximo projeto no bairro do Cacupé segue a mesma lógica: será construído no terreno de um antigo hotel, abandonado, transformando um espaço inativo em um empreendimento de alto padrão. “Queremos deixar um legado para a cidade. O imóvel é só uma parte do que entregamos”, diz Dimas.

A Dimas tem se destacado no mercado imobiliário de luxo também por firmar parcerias com alguns dos nomes mais reconhecidos da arquitetura contemporânea. Entre eles está o francês Greg Bousquet, fundador da Triptyque Architecture e do Architects Office, conhecidos por projetos que aliam design inovador e sustentabilidade.

Bousquet é responsável pelo D/Sense, no Centro de Florianópolis, um empreendimento que reflete seu compromisso com a integração entre arquitetura e natureza, com o uso de materiais como madeira e pedra.

Carregador elétrico na garagem

Os números confirmam a força da estratégia. A maioria dos empreendimentos da Dimas é lançada com pelo menos metade das unidades já vendidas. Um exemplo é o D/Vert, em São José, onde o metro quadrado está em torno de R$ 12 mil. Já no D/Sense, no Centro de Florianópolis, os apartamentos custam a partir de R$ 4,5 milhões.

Cerca de 50% dos compradores vêm de fora do estado, incluindo países como Canadá, Holanda e Rússia. O perfil é variado: empresários, executivos e profissionais liberais que buscam não só um imóvel de alto padrão, mas também qualidade de vida.

“O que atrai esses clientes para Floripa é o mesmo que atrai a gente: segurança, natureza e a sensação de viver em um lugar único”, afirma Dimas.

Além de atender à crescente demanda por imóveis de luxo, a Dimas também aposta em inovação e práticas sustentáveis. Desde 2018, todas as obras da empresa são 100% digitais, eliminando o uso de papel. Os canteiros de obras utilizam tablets e QR codes para garantir que as plantas estejam sempre atualizadas, reduzindo erros e desperdícios.

Os carregadores elétricos WeCharge, instalados em todas as vagas de garagem, são outro exemplo do compromisso com um futuro mais verde. Esses equipamentos permitem que os moradores recarreguem seus veículos elétricos em casa, sem depender de estações públicas.

Condomínio D/Spot, no bairro Córrego Grande: área degradada virou em um parque linear que se tornou um dos principais atrativos do prédio erguido pela Dimas (Divulgação/Divulgação)

A Dimas vê espaço para crescer ainda mais nos próximos anos. Mas, ao contrário de outras incorporadoras, que se expandem para outras cidades, a Dimas quer se manter focada em Florianópolis. “Nosso mercado está aqui. Não queremos perder a proximidade com nossos clientes e com a cidade”, diz Dimas. A estratégia inclui lançar dois a três empreendimentos por ano, mantendo o ritmo de crescimento sem comprometer a qualidade.

No horizonte, a Dimas tem pelo menos oito novos projetos em diferentes bairros da capital catarinense. Todos seguem a marca registrada da empresa: nomes que começam com a letra D, como D/Mys, D/Sport e D/Blue.

Combinando atenção aos detalhes, respeito pelo entorno e foco no cliente, a incorporadora está ajudando a redefinir o conceito de luxo em Florianópolis. “Luxo, para nós, é fazer o simples bem feito”, diz Dimas. “É entregar algo que as pessoas realmente valorizam, sem exageros.”

Centro comercial ao lado do empreendimento D/Spot, no bairro do Córrego Grande, em Florianópolis: estímulo à convivência entre os moradores do bairro e visitantes, criando um ponto de encontro que valoriza o entorno e atrai novos investimentos (Divulgação/Divulgação)

Acompanhe tudo sobre:Mercado imobiliárioConstrutorasFlorianópolisSanta CatarinaLuxo

Mais de Negócios

Black Friday tem maquininha com 88% de desconto e cashback na contratação de serviços

Início humilde, fortuna bilionária: o primeiro emprego dos mais ricos do mundo

A Lego tinha uma dívida de US$ 238 milhões – mas fugiu da falência com apenas uma nova estratégia

Jovens de 20 anos pegaram US$ 9 mil dos pais para abrir uma startup — agora ela gera US$ 1 milhão