Negócios

Ele criou um tênis que se calça sozinho. E esta marca tem tudo para ser o novo fenômeno dos calçados

Com tecnologia hands-free, a Kizik, fundada nos Estados Unidos, já fatura mais de US$ 100 milhões ao ano e expande sua presença global em ritmo acelerado

 (Kizik/Divulgação)

(Kizik/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 24 de novembro de 2024 às 16h26.

Calçar sapatos pode parecer uma tarefa simples, mas não é para todo mundo. Crianças, gestantes, pessoas com mobilidade reduzida ou até mesmo quem está com pressa podem enfrentar dificuldades. Isso porque precisa sentar, abrir o cardaço, usar as mãos para calçá-lo, e por aí vai.

Foi pensando em solucionar esse problema que Mike Pratt, empreendedor e inventor norte-americano, fundou a Kizik, uma marca de calçados hands-free.

Os tênis da empresa são projetados para que o usuário apenas deslize os pés para dentro, sem necessidade de amarrar cadarços ou mesmo usar as mãos.

“Coisas disruptivas nem sempre parecem essenciais no início, mas quando experimentamos a conveniência, percebemos o impacto que podem ter”, disse Pratt em entrevista recente à revista Inc.

Hoje, com mais de 2 milhões de pares vendidos desde o lançamento em 2017, a Kizik já gera mais de US$ 100 milhões em faturamento anual, algo como 580 milhões de reais, na cotação atual. Ela conta com uma base fiel de consumidores que inclui celebridades como Michelle Obama e Elon Musk.

A marca figura no ranking das empresas que mais crescem da revista norte-americana Inc., com uma expansão de 1.090% nos últimos três anos.

Como surgiu a Kizik

Mike Pratt tem um histórico de sucesso em inovação.

Antes de fundar a Kizik, ele criou a fabricante de bolsas esportivas Ogio, vendida em 2017 para a Callaway Golf por US$ 75,5 milhões. Logo após a venda, Pratt decidiu se dedicar a um conceito que já vinha desenvolvendo há anos: sapatos que se calçam sozinhos.

O primeiro modelo da Kizik, lançado no mesmo ano, tinha um arco de titânio no calcanhar que se dobrava e voltava ao lugar, ajustando-se perfeitamente ao pé. A ideia inicial era atrair homens em busca de conforto e tecnologia, mas foi o público feminino que primeiro abraçou a novidade.

“Passei de um grande escritório para trabalhar no porão de casa, mas foi uma experiência muito divertida, como começar do zero novamente”, diz Pratt.

Para competir em um mercado dominado por gigantes como Nike e Adidas, a Kizik apostou em inovação e exclusividade. Em 2019, a startup chamou a atenção da própria Nike, que licenciou parte das patentes da Kizik e adquiriu uma participação minoritária na empresa. Esse investimento raro ajudou a impulsionar a marca e a consolidar sua liderança no segmento de calçados hands-free.

Hoje, a Kizik possui mais de 200 patentes registradas ou em processo de aprovação, cobrindo diferentes sistemas de calçados hands-free, desde tênis casuais até botas e sapatos esportivos.

O segredo por trás do crescimento

A Kizik se diferencia não apenas pela tecnologia, mas também pela diversidade de produtos e foco no consumidor. Seu carro-chefe é o Athens, um tênis com um design exclusivo de calcanhar que levou dois anos para ser desenvolvido e passou por 30.000 testes de compressão.

A marca também explora modelos inspirados por temas inusitados, como o Mars Roamer, que remete à caminhada na Lua.

Outro diferencial é o marketing criativo. Em um anúncio recente, a Kizik forrou bandejas de segurança em aeroportos com mensagens como “Vá sem usar as mãos”, transformando o incômodo de tirar os sapatos para inspeção em uma oportunidade de promover seus produtos.

Cases de sucesso também fortalecem a reputação da marca. Um exemplo foi o lançamento de botas hands-free durante a Cyber Monday, que esgotaram em apenas três horas. “Estamos criando um novo jeito de usar sapatos”, afirma Pratt.

A empresa também expandiu sua operação para além do modelo de vendas diretas ao consumidor (DTC). Atualmente, os tênis Kizik estão disponíveis em 700 lojas nos Estados Unidos, incluindo grandes varejistas como a Nordstrom.

A estratégia tem rendido frutos: segundo a Kizik, 70% dos clientes que experimentam um par decidem comprá-lo.

De olho no futuro

Com o mercado global de calçados avaliado em 90 bilhões de dólares apenas nos Estados Unidos, a Kizik aposta que sapatos hands-free podem dominar até 10% do segmento. A marca também já iniciou sua expansão internacional, com vendas no Reino Unido, Itália e Taiwan, além de mercados no Sudeste Asiático.

“Estamos construindo algo grande e inovador, mas com muita responsabilidade", diz o CEO da marca, Monte Deere. "Nosso foco agora é executar bem e atrair os melhores talentos para liderar esse próximo estágio".

O desafio será equilibrar o rápido crescimento com a consistência. A Kizik acredita, no entanto, que o futuro está em oferecer não apenas produtos funcionais, mas uma experiência revolucionária. “Uma vez que você experimenta nossos sapatos, não quer mais voltar aos tradicionais”, diz Pratt.

Com a inovação como bandeira e um mercado promissor pela frente, a Kizik parece estar no caminho certo para se tornar uma marca bilionária no setor de calçados.

Acompanhe tudo sobre:CalçadosEstados Unidos (EUA)

Mais de Negócios

30 franquias baratas a partir de R$ 4.900 com desconto na Black Friday

Ela transformou um podcast sobre namoro em um negócio de R$ 650 milhões

Eles criaram um negócio milionário para médicos que odeiam a burocracia

'E-commerce' ao vivo? Loja física aplica modelo do TikTok e fatura alto nos EUA