Negócios

Ele construiu um império de R$ 400 milhões com inovações no mercado de cortinas. E agora quer mais

A empresa tem investido na diversificação do negócio em áreas complementares

Roberto Baby, da Bella & Co: as novas divisões do negócio devem responder por 20% do faturamento em 2024 (Bella & Co/Divulgação)

Roberto Baby, da Bella & Co: as novas divisões do negócio devem responder por 20% do faturamento em 2024 (Bella & Co/Divulgação)

Marcos Bonfim
Marcos Bonfim

Repórter de Negócios

Publicado em 27 de novembro de 2023 às 16h32.

Última atualização em 27 de novembro de 2023 às 16h53.

Uma empresa de Blumenau, em Santa Catarina, é conhecida como a maior fabricante de cortinas da América Latina e vendeu mais de 5 milhões de cortinas no ano passado. Neste ano, Bella & Co deve registrar um faturamento de R$ 340 milhões, crescimento de cerca de 8% em relação aos números do ano passado. 

As cortinas respondem por mais de 80% dos resultados, mas outros produtos que entraram no radar nos últimos anos começam a trazer resultados. Nos últimos anos, a companhia passou a oferecer:

  • Itens decorativos, como capas de almofadas, mantas e capas de cadeira, com a marca Vitalícia;
  • Tapetes, com a Tapecol, adquirida em 2020
  • Tecidos, com a Vogue Concept, também nova na casa
  • A diversificação levou à criação do grupo Bella & CO, antes conhecido pelo nome da marca principal, a Bella Janela. 

Por trás dos números, está uma história de empreendedorismo que começou há quase 40 anos com Roberto Baby.  O empresário começou a carreira em 1989 como preposto de representante comercial de uma empresa de tecidos para cortinas - em bom português, estava no fim da cadeia de negócios.

Quatro anos depois, criou a própria loja para vender tecidos, um movimento que o levou a perceber a dinâmica do mercado e enxergar uma nova oportunidade. 

“Nós observamos que chegava em determinados períodos, como o trabalho era muito artesanal, essas profissionais não davam conta de atender o mercado. Chegava no período de agosto, muitas vezes em julho, e elas já não pegavam mais pedidos para entregar no final do ano”, afirma Baby. Assim nasceu a empresa, nos últimos anos do século passado. 

A ideia era se diferenciar da concorrência, oferecendo produtos com maior valor agregado. O que ajudou a construir a imagem da Bella foi o investimento em modelos do tipo blackout, produtos que bloqueiam a entrada de luz nos ambientes.

“Essa cortina caiu no gosto, principalmente do sudeste, nas regiões do Espírito Santo, Rio de Janeiro e litorânea porque tem a questão de o sol pegar muito cedo nas casas. Isso nos possibilitou abrir toda a clientela no nível país”, afirma.

Com preços acessíveis, as cortinas da Bella entraram no portfólio das principais varejistas de casa e decoração como Pernambucanas, Havan, Leroy Merlin e Lojas Torra. Hoje, possui na catálogo de produtos mais de 2.500 modelos. O tíquete médio dos produtos desenvolvidos pela companhia é de 200 reais e dialogam com públicos nas classes B e C.

Qual a estratégia para o crescimento do negócio

Para escalar o negócio, a empresa investiu na terceirização da produção, utilizando as estruturas de confecções na região, conhecida como um dos pólos produtivos do país. Os fornecedores parceiros chegaram a responder por 80% de toda a produção de cortinas.

A estratégia permitiu a expansão sem a necessidade de altos investimentos em times e fábricas e ainda fazer frente à competição com o mercado asiático. Com o crescimento da demanda, o empresário decidiu repaginar o modelo de negócio.

Desde 2014, colocou em curso um processo para diminuir a terceirização e trazer as coisas para dentro de casa. Atualmente, 85% das peças são produzidas em quatro fábricas do grupo, duas em Blumenau, uma Lages e outra em Anita Garibaldi, todas cidades de Santa Catarina. 

Por que a empresa optou por reformular o negócio

A mudança procurou equacionar um desconforto em relação à padronização das peças e ainda aumentar os níveis de produtividade, a partir da adoção da aquisição de novas tecnologias de automação.

Com a operação internalizada, a Bella & Co pode reunir todos os equipamentos nos mesmos lugares, algo impensável com uma estrutura terceirizada, e processos feitos manualmente como cortes de grandes volumes de tecidos, costuras e acabamentos passaram a ser realizados por novos maquinários.

“O que muda? Nós tínhamos 1.000 pessoas no processo, 800 na costura e 200 produzindo cortina, fazendo 150 mil peças por mês. Hoje, nós temos 200 na costura e 800 fazendo acabamento, produzindo de  450 a 500 mil peças por mês. Nós triplicamos a produção com o mesmo número de pessoas”, afirma. 

Quais são os próximos passos do negócio

A transformação, segundo o empresário, permitiu à companhia continuar batendo de frente com a competição asiática.“Seria muito mais fácil importar, mas não seria tão prazeroso”, diz o executivo, orgulhoso do que tem construído e prestes a fazer novos movimentos. 

Nos próximos meses, ele vai lançar uma divisão de produção de persianas para ampliar a diversificação do negócio e a atuação em áreas complementares. A unidade vai receber investimentos de R$ 4 milhões e deve ficar sob o guarda-chuva da Vogue Concept, marca para a qual o grupo ainda está definindo o posicionamento. 

A expectativa é de que os novos setores ajudem a acelerar a expansão em 2024 e respondam por 20% de todo o negócio. Ou seja, dos R$ 400 milhões projetados, R$ 80 milhões viriam das novas marcas da família.

Acompanhe tudo sobre:Santa CatarinaSetor têxtil

Mais de Negócios

As 15 cidades com mais bilionários no mundo — e uma delas é brasileira

A força do afroempreendedorismo

Mitsubishi Cup celebra 25 anos fazendo do rally um estilo de vida

Toyota investe R$ 160 milhões em novo centro de distribuição logístico e amplia operação