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Ele aprendeu a programar e fez essa startup que foi vendida a grupo que movimenta R$ 4 bi por ano

Durante 2023, startup trabalha para incorporar a tecnologia já desenvolvida na plataforma da Superbid, que fez a aquisição no primeiro trimestre

Leonardo Josakian Mio, do Canal do Campo: após aquisição, startup trabalha neste ano para incorporar as tecnologias na plataforma da Superbid (Canal do Campo/Divulgação)

Leonardo Josakian Mio, do Canal do Campo: após aquisição, startup trabalha neste ano para incorporar as tecnologias na plataforma da Superbid (Canal do Campo/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 25 de julho de 2023 às 11h10.

Última atualização em 3 de agosto de 2023 às 16h45.

O administrador de empresas Leonardo Josakian Mio sempre esteve ligado à pecuária. Seu pai trabalhou por 50 anos na Associação Brasileira dos Criadores de Zebu. Foi lá que Mio cresceu. No meio do universo do agronegócio, no interior mineiro, também se interessou por tecnologia. Ganhou um computador quando criança e foi instalando os programas pelo disquete. Essa mistura entre códigos computacionais e arrobas de gado foi essencial para, anos depois, criar o Canal do Campo.

A startup mineira é uma plataforma online para leilão e venda de animais que foi vendida no primeiro semestre para a Superbid Exchange, um dos principais sites para leiloeiros do país. A aquisição foi finalizada agora e contou com apoio da FCJ Triângulo, uma venture builder que atuou por três anos na empresa de Mio.

“Em 2015, levantei um projeto para criar uma ferramenta que pudesse democratizar os leilões de animais, que antes aconteciam praticamente só por televisão”, diz Mio.

Antes disso, Mio trabalhou em outras frentes. Em 1999, depois que terminou o curso de administração de empresas na Faculdade de Ciências Econômicas do Triângulo Mineiro, virou franqueado da Tip Top. Ao mesmo tempo, desenvolvia tecnologias e assessorava empresas na área de compra e venda de animais. Por isso, foi um caminho natural criar uma empresa dentro do setor do agronegócio.

No Canal do Campo, quem tem um animal ou maquinário agrícola para leiloar ou vender, consegue fazê-lo pela plataforma. A startup fatura com uma comissão da venda. Também rentabiliza vendendo um serviço por assinatura com a tecnologia para leiloeiras realizarem seus certames.

“Nosso primeiro cliente foi um leiloeiro que decidiu não fazer pela televisão”, afirma Mio. “De lá para cá, fomos evoluindo o produto. Quando chegou 2020, tínhamos feito 220 leilões. Aí, estourou a pandemia e tudo se digitalizou. Como estávamos com toda tecnologia estruturada, crescemos 900% em 2020”.

Como o Canal do Campo nasceu

Mio é formado em administração de empresas, mas sempre gostou da área de tecnologia. Autodidata, aprendeu, com a ajuda do irmão, a fazer programação — e programou a primeira versão do Canal do Campo.

Até 2019, ficaram em um modelo tradicional de plataforma de leilão, quando decidiram que deveriam escalar a tecnologia. Foi aí que a FCJ Triângulo entrou na operação. Como uma venture builder, ajudou no desenvolvimento da startup.

“Pegamos essa plataforma de gestão de leilões e conseguimos vender para as leiloeiras”, diz Mio. “A plataforma vem limpa, e cada leiloeira consegue adaptar às suas necessidades. E a FCJ ajudou nisso”.

Como a startup foi vendida

As negociações para a venda do Canal do Campo começaram em meados do ano passado. A startup participou de um evento de inovação que despertou interesse da Superbid, que já movimenta 4 bilhões de reais por ano em transações. No início, Mio ficou com dúvida se fazia a venda naquele momento, mas estruturou a negociação com a venture builder. O acordo de aquisição foi firmado, com a condição de que os fundadores da plataforma se mantivessem no projeto.

"A gente não tinha a intenção de vender por vender, e eles não queriam comprar sem a gente", afirma Mio.

Hoje, já são 93.000 produtos comercializados dentro da plataforma, que tem 6.000 clientes.

“Nosso plano agora é pegar toda nossa tecnologia e incorporar na plataforma da Superbid. Para este ano, essa é a meta. Vamos ganhar muita escala fazendo isso”.

O que é a Superbid Exchange

A Superbid funciona como um marketplace para leiloeiros. Na plataforma, é possível fazer leilões de várias categorias: de imóveis a plataformas de petróleo. Existindo desde 1999, foi um dos primeiros grupos que ofereceram leilão pela internet.

Um dos objetivos com a aquisição recente é avançar no setor do agronegócio. A empresa fez um levantamento que identificou que há um mercado de 4 bilhões de reais a ser explorado.

Aliás, 4 bilhões de reais é quanto a empresa movimentou em um ano por transações comerciais. O portfólio da Superbid é bem variado: há carros, imóveis, máquinas, artes e até indústrias.

O que é uma venture builder

Esse é o segundo exit da FCJ Triângulo. A empresa é uma venture builder, ou seja, ela ajuda na parte operacional das startups que tem em seu portfólio. Também faz as conexões entre investidores, corporações, universidades e negócios.

O foco da iniciativa são empresas do Triângulo Mineiro, ou que tenham soluções que possam atender indústrias desse setor.

“O Triângulo Mineiro é uma região muito próspera”, diz Afranio de Almeida Junior, CEO e Fundador da FCJ Triângulo. “Grandes startups saíram de lá, da área de logística, de saúde e do agronegócio. A nossa venture surgiu para levar inovação para região”.

Em 2019, ano de criação da venture builder, eram quatro startups no portfólio da empresa. Em 2022, fecharam com 28, que, somadas, tem um valuation de 160 milhões de reais.

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