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Ele ajudou a trazer o Xbox ao Brasil. Agora, fatura R$ 50 milhões com game, marketing e diversidade

Nos planos futuros do grupo estão atingir receitas de R$ 250 milhões e expandir marcas internacionalmente

Guilherme Camargo, da SX Group: empresa quer faturar R$ 250 milhões em cinco anos (Sx Group/Divulgação)

Guilherme Camargo, da SX Group: empresa quer faturar R$ 250 milhões em cinco anos (Sx Group/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 25 de outubro de 2023 às 16h31.

Última atualização em 25 de outubro de 2023 às 16h54.

Quando o publicitário paulista Guilherme Camargo assumiu a área da Microsoft responsável por trazer o Xbox para o Brasil, ele tinha um desafio iminente: lidar com uma comunidade de consumidores muito apaixonados pelo produto, como é o caso dos gamers. Isso fez com que o executivo mergulhasse a fundo no tema, estudando sobre jogos, mercado e tendências. Acabou virando um expert e um dos principais palestrantes sobre videogames no país. "Mais do que pelo videogame, me apaixonei pela paixão que as pessoas tinham por jogos”, afirma. 

À medida que foi implementado o console por aqui, encontrou outro desafio. "Era mais barato para o consumidor comprar uma passagem para Miami e adquirir o videogame lá do que comprar o nacional, que era importado”, diz. A solução? No início dos anos 2010, levou para Manaus a primeira fábrica do Xbox fora da China, barateando o produto, apesar de algumas dificuldades, principalmente logísticas.

A implantação da fábrica no Amazonas e o mergulho no mundo dos games foram o que Camargo considera como um “grande MBA” no setor. Também foram fundamentais para ele ter a experiência necessária para criar a SX Group, uma empresa de marketing, gamificação e diversidade que vai faturar R$ 50 milhões em 2023.

Como a SX Group nasceu

Depois de implantar a fábrica no Amazonas e colher os primeiros resultados, Camargo começou a ficar inquieto. Com filho pequeno e pai doente, entendeu que era a hora de reposicionar a carreira. "No mundo corporativo, 70% do tempo de trabalho é para resolver burocracias, e não trabalhando no que se planeja e deseja”, diz.

"Eu estava fazendo muitas reuniões que poderiam ser por e-mail, estava passando muito tempo longe da família, e resolvi fazer uma virada de chave".

Essa virada envolveu sair da Microsoft, mas não do mundo dos games. 

Na mesma época em que Camargo deixava o gigante global, um amigo de infância, chamado Philippe Capouillez, comandava a Sioux, uma empresa que fazia jogos para computador e videogame, inclusive como campanhas de marketing. São os advergames, jogos eletrônicos estruturados em torno de uma determinada marca e que agem, eles próprios, como anúncios. 

Camargo começou a prestar consultoria para a empresa de Capouillez. Em 2013, essa consultoria virou uma parceria mais estruturada, e o ex-Microsoft virou não só sócio do negócio, como novo CEO. Foi quando decidiu transformar a Sioux em uma empresa de marketing, com um serviço forte de gamificação. Foi só em 2018 que a marca mudou para SX Group. A transformação veio acompanhada de uma mudança no entendimento do negócio: além da Sioux, o executivo estava interessado em desenvolver e se tornar sócio de outras iniciativas. Nesse movimento, tornaram-se uma venture builder, organizações que atuam no desenvolvimento de outras empresas de base inovadora aportando seus próprios recursos. 

"Hoje, olhamos para quem investir e em que projeto dedicar esforços muito pelo tête-à-tête, pela aproximação que as lideranças dos projetos têm com nossa cultura”, diz. "Pode parecer piegas, mas os valores são muito fortes e consideramos muito na hora de decidir no que apostar."

Qual é a estrutura da SX Group hoje 

Hoje, a SX Group controla seis empresas diferentes em seu portfólio. A principal delas, pelo menos em termos de faturamento, segue sendo a Sioux — empresa embrionária do grupo. Veja a lista:

  • Sioux: agência digital de marketing e de dados, com clientes como Mastercard e Santander. Responsável por 75% do faturamento do grupo.
  • Go Gamers: desenvolve a parte estratégica de jogos eletrônicos e propriedades intelectuais. Também faz pesquisas de mercado sobre o mundo de games no Brasil e dão consultorias sobre gamificação e conteúdo para games. 
  • Ludos Pro: plataforma para o departamento de recursos humanos das empresas. Ela usa gamificação para criar jogos e engajar, ensinar e aumentar a produtividade dos funcionários. 
  • Diaspora Black: é um marketplace de serviços para cultura negra. Por exemplo, se uma empresa quer dar um curso sobre história do povo negro ou sobre algum assunto específico envolvendo pessoas pretas, pode contratar o especialista por esse marketplace. Ele também oferece serviços como hospedagens específicas inseridas na cultura negra. 
  • Diversitera: empresa de consultoria de diversidade para empresas. Começa com uma pesquisa para entender diversidade e inclusão, avaliando cargos, salários, etnia. Depois, propõem algum tipo de treinamento para melhorar a régua da diversidade.
  • SX Colab: laboratório de produtos que estão em fase de desenvolvimento. Tem um produto, por exemplo, que tem sido chamado de Tinder de Bandas. Se um grupo musical está procurando por um músico específico, pode fazer esse match no aplicativo que está sendo desenvolvido.

    Com esses seis produtos no portfólio, a SX Group planeja faturar 50 milhões de reais já em 2023. Também vai trabalhar para atingir a meta de internacionalizar as marcas. A Sioux, por exemplo, está montando um escritório em Portugal e a Diaspora Black ensaia uma entrada nos Estados Unidos. A meta “grande” é, em cinco anos, faturar 250 milhões de reais. 

    Como Guilherme Camargo chegou até aqui 

    Nem só de games e videogames vive Camargo. Na infância, o hobby do executivo, mesmo, era música. Por um tempo, inclusive, foi baterista profissional, gravando sete discos, um deles no Japão. “A música foi um hobby muito importante para mim, uma descarga que desfrutava do mundo corporativo”, afirma. “Mas não via como possibilidade de carreira.” 

    Em 1997, se formou em publicidade e trabalhou por algum tempo em uma indústria de bebidas americana, a Heublein, até entrar na Microsoft. Em 2006, quando já estava há três anos na multinacional de tecnologia, se candidatou internamente para a vaga que envolvia trazer o Xbox 360 para o Brasil. E passou. “Até 2006, não existia indústria formal de videogames no Brasil”, diz. “Fui o primeiro funcionário de Xbox no país”. 

    Daquela época, carrega várias lições para a SX Group. Talvez a principal delas é que é preciso encontrar parceiros e sócios que estejam alinhados na mesma agenda. “Um sócio não precisa ser o melhor amigo, você não precisa estar na casa dele todo o final de semana, mas é importante que os dois tenham o mesmo desejo e objetivo.” 

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