Plantação de eucalipto da Eldorado Celulose: a previsão é operar a partir de 2017 (Dado Galdieri/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 10 de dezembro de 2013 às 07h44.
São Paulo - A Eldorado Brasil Celulose, controlada pela J&F, holding da família Batista, dona do JBS, começou a estruturar a engenharia financeira para levantar os R$ 7,5 bilhões que serão investidos na segunda fase da expansão da companhia, instalada na cidade de Três Lagoas (MS), prevista para operar a partir de 2017. A primeira fase de investimentos, já concluída, totalizou R$ 6,2 bilhões.
Dos R$ 7,5 bilhões que deverão ser investidos, R$ 2,5 bilhões serão feitos em parte por meio de aumento de capital dos próprios acionistas - J&F Investimentos e FIP Florestal são os maiores -, além de captações privadas (private placement), disse o presidente do grupo, José Carlos Grubisich.
Os outros R$ 5 bilhões serão levantados por meio de financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), FI-FGTS, FDCO (Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste), além de agências de crédito de exportação da Finlândia, Suécia e Áustria, que deverão entrar com participação entre US$ 800 milhões e US$ 900 milhões, de acordo com o executivo.
No FDCO, já foi captado R$ 1,4 bilhão, sendo R$ 700 milhões já autorizados no orçamento deste ano e outros R$ 700 milhões previstos para o ano que vem.
Segundo Grubisich, as participações do BNDES, FI-FGTS, levantamento de capital dos acionistas e investidores privados ainda não foram definidas. O braço de participações do BNDES, o BNDESPar, também tem uma participação no JBS.
A companhia não tem planos, no curto e médio prazos, de abrir o capital, segundo Grubisich. As condições atuais de mercado não são propícias para essa operação. A operação de private placement, neste atual momento, é considerada ideal, uma vez que os investidores conhecem o papel da celulose no Brasil, disse.
Aquisições, por enquanto, também não estão no radar. Nosso plano A é crescer organicamente, afirmou Grubisich.
O fato é que a companhia Eldorado, que completa um ano de operação na sexta-feira, 13, conseguiu em menos de uma década formar um império da celulose, feito que suas principais concorrentes nacionais, como a Fibria (resultado da fusão entre Aracruz com a VCP em 2009), líder nesse segmento, e Suzano, fundada há mais de 80 anos, só conseguiram depois de muitos anos em operação.
O apoio financeiro do BNDES à Eldorado, inclusive, gerou polêmica no início do segundo semestre deste ano, quando em uma reunião realizada com os principais dirigentes do setor, o presidente da Suzano, Walter Schalka, criticou o fato de o banco estar financiando a nova companhia.
Na opinião de Schalka, naquela ocasião, publicada pelo Estado, o BNDES, como principal ator da indústria de papel e celulose, precisaria fazer o processo de forma clara e transparente de forma que não destrua o valor de todos (os concorrentes do setor). O BNDES financia as principais empresas desse setor.
Faturamento
A Eldorado deve encerrar este ano com capacidade de 1,5 milhão de toneladas de celulose branqueada. Em janeiro, vamos fazer nossa primeira parada programada para manutenção, disse. A expectativa é que com esse desgargalamento a companhia atinja até 1,7 milhão de toneladas. Em 2017, quando começa a operar a segunda fase de expansão, serão mais 2 milhões de toneladas por ano, o que a tornaria a maior em linha única de produção de celulose do mundo.
O executivo tem metas ambiciosas. A companhia foi criada para ser o maior player global, disse. Já há planos para uma terceira fase de expansão a partir de 2020.
Segundo Grubisich, a empresa deve encerrar este ano com faturamento líquido de R$ 2 bilhões, em linha com o idealizado no fim do ano passado, quando deu início às operações. Para 2014, quando estiver operando com capacidade próxima a 1,7 milhão de toneladas, a expectativa, ainda preliminar, é de que a receita fique entre R$ 2,2 bilhões e R$ 2,4 bilhões, dobrando até o fim de 2017.
A Eldorado, que tem 90% de seus negócios voltados para exportação, tem sido beneficiada pela alta do dólar. Cerca de 40% dos clientes da companhia estão na Ásia, outros 40% na Europa e 20% nas Américas. O balanço de nosso primeiro ano foi muito positivo e 2014 tem tudo para repetir esse bom desempenho, afirmou. Batemos todos os recordes para chegar onde já chegamos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.